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Governo Lula prepara ação contra candidaturas ligadas ao PCC, diz secretário

Mário Sarrubbo, da Segurança Pública, afirma que pretende criar centro em parceria com TSE para monitorar avanço do crime organizado nas eleições

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São Paulo

O secretário Nacional da Segurança Pública, Mário Sarrubbo, afirmou nesta sexta-feira (16) que o governo Lula (PT) prepara ações para tentar barrar o avanço do crime organizado em cargos eletivos e, inclusive, tentar barrar candidaturas já nas eleições deste ano com apoio do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

As declarações foram feitas em um evento organizado pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de São Paulo para instalação de uma comissão especial de segurança pública, criada para acompanhar e tentar frear retrocessos na profissionalização das polícias de São Paulo.

Sarrubbo deu a informação à Folha após ser questionado sobre as declarações do coronel da PM paulista Pedro Luís de Souza Lopes, chefe do CIPM (Centro de Inteligência da Polícia Militar), em evento no Recife, sobre a contaminação das eleições deste ano em SP com a presença do PCC.

"Nós temos recebido bastante material. [A interferência] é muito maior do que eu imaginava. Não dá para falar que são 100, 200 municípios, mas tem vários municípios com indícios palpáveis de que já há alguma movimentação importante do crime para participar como financiador de campanha eleitoral", afirmou o coronel, durante encontro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Dois homens em trajes formais estão em pé, lado a lado, em um ambiente de cerimônia. Ambos usam medalhas penduradas no pescoço. O homem à esquerda (Mário Sarrubbo) tem cabelo curto e barba, enquanto o da direita (Lincoln Gakiya) tem cabelo liso e está com uma expressão séria. Ao fundo, há bandeiras e um emblema visível na parede.
O secretário Nacional de Segurança Pública, Mário Sarrubbo, ao lado do promotor Lincoln Gakiya, do Gaeco, durante evento em SP em 2023 - José Antonio Teixeira - 2.ago.2018/Alesp

O secretário nacional disse, por sua vez, que o governo vê com muita preocupação a presença do crime organizado nas eleições e vai propor a criação de um centro integrado com o TSE para tentar recebimento de informações de inteligência do país e agir em cima delas.

"Quando nós estamos falando dessas redes de inteligência, o primeiro passo, o primeiro grande evento que a gente quer cuidar são as eleições", disse.

Sarrubbo foi procurador-geral de Justiça de São Paulo até início deste ano, quando foi convidado para integrar o governo federal como articulador de políticas de segurança no país. A secretaria é vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, comandado por Ricardo Lewandowski.

"Então a gente pretende, inclusive, apresentar à ministra Cármen Lúcia [presidente do TSE] a oportunidade de montar o que possa ser um centro de recepção de informações e tudo mais, para que a gente possa obstar essas candidaturas", afirmou ele.

"Evidentemente é uma preocupação. O crime organizado tem a sua faceta de procurar avançar em postos eleitorais, ele tem mostrado isso com muita clareza. Então essa é uma preocupação, sim, do Ministério da Justiça e do Senado, em especial", disse.

No mesmo evento, Sarrubbo afirmou que o governo Lula pretende criar um banco nacional para ter informações confiáveis sobre membros de facções no país, muitas vezes superdimensionados por declarações de criminosos que, mesmo sem ter ligação com essas organizações, afirmam fazer parte delas.

"Estamos trabalhando a unificação desses bancos de dados, mas isso exige uma conversa com a Secretaria de Segurança Pública dos estados, com os Ministérios Públicos. Porque isso está muito seccionado, a gente quer criar e centralizar, mas isso para centralizar, nós precisamos dos modelos do sistema único, a gente precisa dialogar com as partes, com os estados, com os Ministérios Públicos, com todas as agências envolvidas no tema", disse.

A suspeita da presença de candidatos ligados ao crime organizado nas eleições de SP não é nova. Ela vem sendo citada há anos, como o próprio prefeito de Embu das Artes, Ney Santos (Republicanos), chegou a ser apontado mais de uma vez pelas autoridades paulistas como membro do PCC.

Mesmo assim, ele concorreu em duas eleições e venceu. Governo em seu segundo mandato. O político sempre negou ter ligação com o crime organizado.

Nestas eleições, segundo o coronel Pedro Lopes, recentemente houve um encontro entre policiais da inteligência de São Paulo e funcionários do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) para conversarem sobre o tema e planejarem ações não apenas para o dia do pleito, mas durante todo o processo eleitoral.

"Como já tem essa notícia de eventual interferência criminosa em algumas regiões, a polícia se reuniu com o Tribunal Regional Eleitoral já para antecipar que a gente está atento e monitorando e orientando o policiamento para garantir, por exemplo, a livre circulação de todos os candidatos em todas as localidades do estado", acrescentou Lopes.

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