Descrição de chapéu acidente aéreo

Presidente da Voepass diz que empresa dá apoio a famílias e investe em práticas de segurança

Comandante Felício faz primeiro pronunciamento após queda de avião que matou 62 pessoas no interior de São Paulo

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São Paulo

O comandante José Luiz Felício Filho, presidente da Voepass, afirmou nesta terça-feira (13) que a companhia aérea adota práticas internacionais de segurança e que está voltada em garantir assistência irrestritas aos parentes das vítimas do acidente aéreo que matou 62 pessoas, na última sexta-feira (9), em Vinhedo (SP).

Em uma gravação de vídeo, ele fez o primeiro pronunciamento desde a queda do avião ATR 72-500 em um condomínio de casas na cidade do interior paulista, matando todos os passageiros e tripulantes.

"Não estamos medindo esforços logísticos e operacionais para que todos recebam nosso efetivo apoio neste momento. Isso inclui transporte, hospedagem, alimentação, translado e todas as despesas pela qual nos responsabilizamos integralmente", disse o executivo.

A imagem mostra uma vista aérea de uma área residencial com várias casas, algumas com piscinas. Há uma grande quantidade de pessoas reunidas em um espaço central, possivelmente em um evento ou situação de emergência. Veículos estão estacionados ao redor, e há uma mistura de tendas e estruturas temporárias visíveis no chão.
Os destroços do avião no condomínio em Vinhedo, no interior paulista - Bruno Santos - 10.ago.24/Folhapress

Felício lembrou ter vindo de uma origem de transportadores e desde que assumiu a presidência da empresa, em 2004, constituiu uma base com "diretrizes sólidas e sempre pautadas pelas melhores práticas internacionais para garantir a segurança operacional".

"Sou piloto há mais de 30 anos e hoje o comandante mais antigo dessa empresa", disse na gravação. "A vida dos nossos passageiros, assim como dos nossos tripulantes, sempre foi e continuará sendo nossa prioridade número um."

"Eu e minha equipe estamos realizando reuniões diárias com os familiares e criamos também um canal exclusivo de comunicação para que todos tenham acesso de forma correta e transparente e objetiva a qualquer momento", afirmou, em outro trecho do áudio.

O avião da Voepass que caiu em Vinhedo já havia apresentado ao menos duas falhas importantes e ficou alguns períodos sem voar para manutenção nos meses que antecederam a tragédia. Especialistas ouvidos pela Folha dizem, no entanto, que eventos assim são frequentes na aviação e podem não ter qualquer relação com o acidente.

O registro do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) mostra que após decolar no Aeroporto dos Guararapes, em Recife (PE), com destino a Salvador (BA), já durante a fase de voo de cruzeiro, o painel de controle apresentou uma "mensagem de baixo nível de óleo hidráulico". A tripulação fez os "procedimentos previstos em manual" para tratar o problema, diz o histórico do incidente.

No mesmo voo, ao pousar em Salvador, a aeronave teve um "contato anormal" com a pista. O relatório não entra em detalhes sobre como foi esse contato anormal nem se houve danos à aeronave. Passageiros e tripulantes não se feriram. A ocorrência foi registrada às 21h04 daquele dia.

As informações estão no sistema online do Cenipa e também no site da ASN (Aviation Safety Network), um rede internacional dedicada à segurança da aviação que registra ocorrências envolvendo voos.

Pessoas que trabalham no setor aeronáutico disseram à Folha que, na ocasião, houve um toque da cauda no solo e que o avião chegou a sair da pista.

Procurada, a empresa disse que após o reparo da aeronave, ela foi autorizada a retornar a voar.

O voo 2283 da Voepass

O voo 2283 da Voepass caiu na sexta (9), durante viagem de Cascavel (PR) a Guarulhos (Grande São Paulo), na área de uma casa no condomínio Recanto Florido, no bairro Capela. Imagens feitas por moradores mostram o avião em queda livre e, na sequência, uma explosão seguida por muita fumaça.

A queda matou os 58 passageiros e os quatro tripulantes que estavam a bordo.

O avião, que decolou às 11h50 e tinha previsão de chegada às 13h40, perdeu 3.300 metros de altitude em menos de um minuto a partir das 13h21, segundo o site Flight Aware, que monitora voos em tempo real ao redor do mundo.

Nas primeiras horas após o acidente, especialistas em aviação ouvidos pela Folha levantaram duas hipóteses principais para o caso com base nos primeiros detalhes, ressaltando ser cedo para determinar as causas.

O Cenipa concluiu nesta segunda (12) a primeira etapa da investigação em campo e manteve a previsão de divulgar em 30 dias o relatório preliminar do caso. Isso não significa que uma resposta definitiva será apresentada neste prazo.

O órgão extraiu 100% dos dados das caixas-pretas da aeronave. Com os primeiras registros, o Cenipa confirmou a ausência de comunicação entre o piloto e a torre de controle. Caberá à investigação descobrir o motivo.

Existem dois gravadores de voo. São as caixas-pretas. Eles têm diferentes funções. O primeiro, identificado pela sigla em inglês CVR (Cockpit Voice Recorder), registra o que foi conversado na cabine. O outro, o FDR (Flight Data Recorder), anota dados do voo, como altitude, meteorologia e velocidade.

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