Descrição de chapéu Obituário Maria de Fátima Mommensohn (1953 - 2024)

Mortes: Amante dos livros, foi referência na dança

Maria Mommensohn foi professora em São Paulo e especialista no sistema Rudolf Laban de dança

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Juazeiro (BA)

Desde pequena, Maria de Fátima Mommensohn demonstrava paixão pelos livros. Aos 7 anos, se isolava dentro do guarda-roupas para ler e escutar música clássica, ainda em Londrina (PR), sua cidade natal. Quando se mudou para São Paulo com os pais e as três irmãs, uma edícula da casa se tornou seu refúgio para viajar por meio da literatura.

As muitas leituras a fizeram aprender inglês e francês sozinha. Pode até soar estranho, mas também foram motivo para ser expulsa de escolas. No Colégio Santana, as questões que levantava sobre a Bíblia, que leu diversas vezes, incomodaram freiras que preferiram pedir sua transferência a esclarecer tantas dúvidas.

Quando foi estudar no Colégio Rio Branco, reclamavam que ela ficava o tempo todo na biblioteca. Mas foi lá que encontrou mais uma paixão, o palco. Com o grupo de teatro amador Tear, entrou para o universo das artes cênicas.

Uma mulher idosa está sentada em uma cadeira, segurando um objeto artesanal que parece ser um suporte de sonhos ou um enfeite. Ela tem cabelo longo e grisalho, e usa uma blusa com padrões. A mulher está usando um lenço rosa e tem uma expressão tranquila. Ao fundo, há um espelho e uma porta de madeira, além de uma bolsa vermelha pendurada.
Maria de Fátima Mommensohn (1953 - 2024) - mariamommensohn no Instagram

A menina que sempre amou a arte das palavras enveredou-se pela do corpo. Tornou-se bailarina e pesquisadora de dança. Formou-se no Sistema Rudolf Laban com Maria Duschenes. Colaborando com a mestra, coordenou dez edições bienais do Encontro Laban em espaços públicos da capital paulista.

Foi também diretora de diversas montagens no grupo Minik Momdó, propondo uma dança instalação. Deu aulas durante 22 anos na Escola Municipal de Bailado de São Paulo. Ensinou também em países como Estados Unidos e Suíça.

Mesmo com vasta experiência na dança, manteve uma vida simples e discreta, sem seguir uma lógica de mercado. "Ela fazia arte por amor, porque era quase como uma missão de vida. Era o jeito que ela se expressava. Ela nem era uma grande bailarina técnica, era uma filósofa do movimento", diz a filha Naia Camargo, 45.

Maria adorava brinquedos de montar e livros pop-up, ilustrados com desenhos tridimensionais, que se levantam ao passar de páginas. Objetos geométricos estavam por toda a casa, principalmente icosaedros, talvez um interesse fruto do estudo dos movimentos humanos.

Também gostava de cachaças, que estudava e degustava. Era quase uma especialista no assunto.

Seu hábito de leitura diária se manteve por toda a vida. Ficava sentada em casa, rodeada pelos gatos e com um livro na mão.

"Tinha aquele jeito de amar com atos de serviço, não era de falar e encostar", conta a filha.

Ela morreu dia 2 de agosto, aos 70 anos, após dois anos internada por causa de um AVC (acidente vascular cerebral). Deixa a filha Naia.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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