Descrição de chapéu Obituário Sinval de Itacarambi Leão (1943 - 2024)

Mortes: Foi um dos fundadores da revista Imprensa e criador de prêmios do jornalismo

Sinval de Itacarambi Leão foi preso e torturado duas vezes na ditadura militar

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São Paulo

A vida de Sinval de Itacarambi Leão pode ser dividida em duas fases: antes e depois de seu período de 14 anos no Colégio São Bento, na região central de São Paulo. Ele conseguiu uma bolsa para estudar na instituição e acabou se tornando um monge beneditino, vivendo a rotina serena do monastério.

Num determinado momento, entretanto, ele entendeu que poderia contribuir de outra forma, fora do mosteiro São Bento. Era a época da ditadura e ele assistia às perseguições que outros monges e estudantes sofriam dos militares. Optou, então, por defender a liberdade e combater o regime.

Durante sua graduação em filosofia, ele se envolveu nos movimentos universitários. Época em que conheceu Ruth, que viria a ser sua companheira por mais de 50 anos e com quem teve quatro filhos. Após o casamento, em 1971, ela também chegou a ser presa quando estava grávida do primeiro filho.

Um homem idoso com cabelo grisalho e óculos, vestindo uma camisa clara e um paletó escuro. Ele está sorrindo levemente e olhando para a câmera. Ao fundo, há pessoas e uma iluminação suave, sugerindo um ambiente social ou de evento.
Sinval de Itacarambi Leão (1943 - 2024) - Arquivo pessoal

Por sua associação com frades dominicanos e com a Aliança Nacional Libertadora (ANL), fundada por Carlos Marighella, Sinval foi enquadrado na Lei de Segurança Nacional e preso duas vezes, em 1969 e em 1971. Foi duramente torturado nas duas ocasiões.

Após sua libertação em 1971, atuou como repórter nas revistas Realidade e Visão e nos departamentos de marketing das agências de publicidade Lintas e DPZ. Quando estava nesta última, os militares tentaram prendê-lo mais uma vez, mas ele foi avisado por amigos e conseguiu fugir com a família.

Sua vida começou a melhorar em 1974, quando passou a trabalhar no marketing da Rede Globo, período em que criou e coordenou projetos importantes, como o prêmio Profissionais do Ano.

Ao sair da emissora, fundou em 1987 a revista Imprensa ao lado dos jornalistas Paulo Markun, Dante Matiussi e Manoel Canabarro. Sinval foi o único a permanecer até os dias atuais.

"O ponto marcante da vida dele foi a trajetória da revista Imprensa. Foi um dos fundadores em uma mistura de sonho, filho e projeto de vida", diz o filho Francisco Itacarambi, 47, também jornalista.

Foram 38 anos à frente da publicação, período em que a revista recebeu dois Prêmios Esso de Jornalismo, em 1987 e em 1994. Sinval ainda criou dois prêmios que marcaram o cenário jornalístico nacional: o Prêmio Líbero Badaró de Jornalismo e o Troféu Mulher Imprensa.

Nascido em 1943 em Araçatuba, no interior paulista, em uma família humilde, Sinval era o mais velho de seis filhos e foi registrado com o sobrenome trocado. Por erro do cartório, o Itacarambi do pai acabou no meio do nome, falha corrigida nos registros dos filhos.

"Ele tinha uma facilidade incrível de fazer amigos e era muito ligado à família, não só ao núcleo mais próximo, mas aos irmãos e sobrinhos", lembra o primogênito, Carlos Itacarambi, 52.

Em 2012 iniciou um quadro de insuficiência cardíaca, que aos poucos gerou outras comorbidades. Ele morreu no dia 5 de agosto, aos 81 anos. Deixou a mulher, Ruth, 80, os filhos Carlos, 52, Alexandra, 51, Francisco, 47, e Ana Cássia, 40, e seis netos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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