Músicos de forró pé-de-serra criam associação no CE para fortalecer o gênero

Os músicos de forró do Ceará lançaram na manhã desta segunda-feira a ACF (Associação Cearense de Forró), com uma "sanfonia", na praça do Ferreira, em Fortaleza (CE), reunindo mais de 30 sanfoneiros, zabumbeiros e tocadores de triângulo.

O objetivo da associação é criar, fomentar e produzir eventos ligados e direcionados ao forró pé-de-serra, além de reforçar as bases do gênero frente à expansão do forró eletrônico.

O presidente da ACF, Walter Medeiros, explica que há cerca de dois anos os músicos vêm se organizando e há seis meses oficializaram a criação da instituição. "Já temos cerca de 400 músicos associados e a nossa missão é dar mais visibilidade ao forró pé-de-serra, que é o verdadeiro e legítimo forró. Só existe ele.", disse. A primeira ação da ACF foi a gravação de um CD com participação de vários músicos, que foi distribuído para a população, durante o evento hoje de manhã.

A maior dificuldade dos profissionais que atuam no forró hoje, conforme Walter Medeiros, é a profissionalização, no que diz respeito à produção de shows, cenários, figurinos, e a abertura de espaços para divulgação do trabalho. "O Ceará é a terra do forró, mas os músicos enfrentam dificuldades de divulgar seu trabalho e a associação quer justamente dar mais visibilidade a essa produção não só no estado, mas no resto do país", disse.

Os forrozeiros adeptos do pé-de-serra declararam que não são contra o forró chamado eletrônico, que conta com grandes investimentos e tocam o dia inteiro em rádios populares. "Respeitamos todo tipo de diversidade musical e não somos contra quem faz e quem gosta. Apenas queremos reforçar o caráter cultural do forró, com melodias, letras que trazem poesia e que fazem parte da vida das pessoas e não com músicas de apelo sexual e duplo sentido, que não são educativas", disse Walter Medeiros.

O músico Adelson Viana destaca que a ACF vai fortalecer o verdadeiro forró e o legado de Luiz Gonzaga. "Como músico, respeito todos os tipos de música, não sou contra nenhuma cultura. Só queremos mostrar o valor do verdadeiro forró e que ele permanece muito vivo", disse.