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29/11/2010 - 21h06

PM acusado de sequestrar e matar jornalista deixa hospital e vai para presídio em SP

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ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO

Acusado pela Polícia Civil de sequestrar e matar a jornalista Luciana Barreto Montanhana, 29, o cabo da Polícia Militar Rodrigo Domingues Medina, 34, foi transferido nesta segunda-feira do hospital da corporação para o Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte de São Paulo.

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Desde o último 21, Medina estava no hospital da PM, para onde foi levado após ter baleado nas costas quando atirou em policiais civis da DAS (Divisão Antissequestro) que tentavam prendê-lo.

Medina é integrante do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) e, dentre outras técnicas, foi treinado pelo Estado para atuar em casos de vítimas mantidas reféns.

Segundo o delegado Wagner Giudice, chefe da DAS, o cabo Medina confessou ter sequestrado e matado Luciana na noite do último dia 11, quando ela deixava uma academia de ginástica no shopping Eldorado, em Pinheiros (zona oeste de SP).

Luciana trabalhava na Gaspar Associados, assessoria de imprensa que presta serviços a multinacionais, e foi enterrada ontem na zona sul de São Paulo.

A DAS descobriu o envolvimento do cabo Medina no sequestro da jornalista dia 20, quando ele usou um orelhão na Vila Maria, nas redondezas da sede do Gate, para ligar para o pai da jornalista e exigir o pagamento de um resgate de R$ 500 mil.

A DAS mantinha várias equipes de policiais espalhadas pelas zonas norte e centro de São Paulo, de onde partiram os cinco telefonemas de Medina para o pai da jornalista, e o PM foi surpreendido ainda no orelhão.

Medina tentou resistir à prisão, atirou contra um policial civil da DAS a menos de dois metros de distância, errou o tiro e correu para seu carro, onde acabou baleado ao sentar no banco do motorista para fugir.

No carro do PM, os investigadores da DAS encontraram uma lista com os telefones da família da jornalista e, na sua casa, a bolsa e o telefone celular e outros objetos pessoais de Luciana.

Desde o dia em que foi preso, o cabo da PM dizia ter sido apenas o negociador do sequestro de Luciana, mas, sábado (27), ele confessou o crime, de acordo com o delegado Giudice.

Medina, segundo o delegado Giudice, vivia sozinho em um quarto na zona norte, não tinha vínculos sociais e não falava com a mãe e a irmã havia mais de um ano.

ESCOLHA DA VÍTIMA

À Polícia Civil, o cabo Medina disse ter atacado Luciana no shopping por acreditar que ela era rica e afirmou que seu carro --um utilitário Captiva-- foi um dos critérios de seleção para o crime.

Ainda de acordo com o delegado Giudice, o PM também confessou ter estrangulado a vítima ainda na noite do dia 11 "porque ela não parava quieta e tentou resistir ao sequestro".

Ainda assim, o PM fez cinco ligações para exigir resgate, sempre sem apresentar provas de que Luciana estava viva, o que fez a polícia passar a trabalhar com a possibilidade de ela ter sido morta logo no início do sequestro, como se confirmou depois.

Medina diz ter abordado a jornalista dentro do shopping, mas a polícia não acredita e trabalha com a hipótese de o ataque ter sido a duas quadras do shopping e também que a escolha pela jornalista não foi aleatória.

A participação de outros PMs no crime é investigada. Eles também são integrantes da tropa de elite da PM de São Paulo e seriam conhecidos da família da vítima. Esse PMs são suspeitos de fazer "bico" (serviço extra corporação) para alguns familiares da jornalista.

Policial militar desde 1996, Medina nunca teve problemas disciplinares na corporação --ele integrava o Gate desde 2006.

No sábado, ao divulgar a foto do acusado, o Setor de Comunicação Social da PM borrou a parte da imagem em que Medina aparecia fardado. A intenção era evitar danos à imagem da corporação.

Desde sábado, a Folha não conseguiu falar com o suspeito, isolado agora no presídio da PM. Seu advogado também não foi encontrado na noite desta segunda-feira.

 

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