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17/02/2011 - 11h30

Delegada considera injusta fama da polícia do Rio de corrupta

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ELVIRA LOBATO
ITALO NOGUEIRA
DO RIO

A nova chefe de Polícia Civil do Rio, Martha Mesquita da Rocha, 51, considera injusta a fama de corruptos dos policiais fluminenses. Assumindo em meio à crise na instituição, ela prefere falar dos bons policiais.

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"Quando saem reportagens como a da operação Guilhotina, acho injusto com aqueles que estão trabalhando e vivendo dos salários. A corrupção é nefasta em qualquer profissão, não apenas na polícia. Nela o problema é mais complicado, porque somos o retrato do Estado".

Solteira, filha de portugueses, Rocha é devota de Nossa Senhora da Conceição. Diz que vai a missa aos domingos e gosta da vida "de bairro". Define-se como chata no trabalho e avisa que começa o dia às 6h.

"De certa maneira não tive [filhos] por opção, porque sempre fui casada com a polícia". Antes de entrar na polícia, foi professora primária.

No primeiro dia de gestão, anunciou que trocará toda a cúpula da Polícia Civil. Ela disse que nenhum dos indicados está envolvido com os crimes apurados pela operação Guilhotina.

Em entrevista à Folha, defendeu que o chefe de Polícia Civil seja escolhido em eleição entre delegados.

Angelo Antonio Duarte
Em seu 1º dia, Martha Mesquita da Rocha, nova chefe da Polícia Civil do Rio, diz que trocará cúpula da instituição
Em seu 1º dia, Martha Mesquita da Rocha, nova chefe da Polícia Civil do Rio, diz que trocará cúpula da instituição

Folha - A senhora parece delicada para uma chefe de policia.

Martha Rocha - Não tem aquela historia de que os melhores perfumes e os piores venenos estão nos pequenos frascos? Do alto de meu 1,52 m, sou muito firme. Não tenho medo de tomar decisões. Mas, procuro ser muito justa, e vivo cada dia como se fosse o último.

A corrupção é o maior problema da Policia do Rio de Janeiro?

A corrupção é um deles. Mas eu prefiro falar dos bons policias. Quando saem reportagens como a da operação Guilhotina, acho injusto com aqueles que estão trabalhando e vivendo dos salários. A corrupção é nefasta em qualquer profissão, não apenas na polícia. Nela o problema é mais complicado, porque somos o retrato do Estado.

Mas tem-se a impressão de que a corrupção é muito maior entre os policiais, que têm um poder direto sobre o cidadão comum.

Não tenho esse termômetro, mas não acredito que seja maior a corrupção entre os policiais. Ela só é mais visibilidade. Mas entre dar visibilidade e não apurar, sou pela divulgação.

A corrupção policial é mais grave no Rio do que em outros Estados?

Onde está essa medida?

É o que indica o noticiário.

Você sabia que o "The New York Times" quer falar comigo? Não é porque eu sou a Martha Rocha, mas porque eu sou chefe da Polícia Civil do Estado do Rio, e o Rio está no foco do mundo. A metragem no noticiário não reflete a verdade.

Então a fama de corrupto do policial do Rio é injusta?

Eu acho que sim. Com todo respeito a todos os outros chefes de Polícia, gostaria de saber se outro foi procurado pelo "The New York Times".

Como combater a corrupção policial?

Uma polícia boa é uma polícia preparada, com ferramentas de controle. Há vieses de investigação, como a busca de sinais aparentes de riqueza dos policias.

A sra. defende que policiais entreguem suas declarações de bens periodicamente?

Não precisa disso não. Polícia é investigativa. Não vamos superdimensionar isso além do que estou falando. Há como estabelecer mecanismos para pontuar essas ações.

A sra. já defendeu eleição para chefe de Polícia.

Continuo defendendo. Porque a polícia precisa de uma lei orgânica. E essa experiência (eleição interna) já acontece no Ministério Público e no Judiciário. Seriam três nomes para a escolha do governador.

Em que isso melhoraria?

Estou no papel de transformação. O maior ganho que a Polícia teve deve ao governo Sérgio Cabral, quando, ao indicar o doutor Mariano, garantir a não intervenção política na segurança pública.

Daria mais legitimidade ao chefe de Polícia?

Nessa gestão onde a competência, experiência e lisura vai ser o que vai indicar, não vai ter esse problema. A gente não tem intervenção política. Mas numa outra gestão pode ser necessário.

A investigação da operação Guilhotina continua e há a informação de prisão de novos delegados. Como foi formar a cúpula nessa situação?

Em nenhum momento o secretário fez qualquer observação comigo sobre se esse pode e esse não pode trabalhar. Evidentemente, ele é meu superior hierárquico e é natural conversar com ele sobre os nomes com que vou trabalhar. Tenho certeza que meus auxiliares não estarão em nenhum episódio desse. As pessoas que formando ao meu lado não serão personagens da operação Guilhotina.

Qual vai ser o diferencial da gestão feminina?

Adoro trabalhar. Durmo pouco. Sou chata. Quero que todos me digam a verdade, mesmo que seja para dizer que estou errada. Será uma gestão marcada pela tranquilidade, equilíbrio. As mulheres, até pela maternidade, são capazes de tomar decisões firmes nas horas certas. Numa certa maneira não tive filhos por opção, porque eu meio que sempre fui casada com a polícia.

A sra. já foi candidata, e o cargo de chefe de Polícia Civil costuma favorecer novas candidaturas...

Então você anota para cobrar em 2012 e 2014. Não serei candidata.

 

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