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'Bruxa de Guaratuba' será julgada 20 anos após morte de garoto
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ESTELITA HASS CARAZZAI
DE CURITIBA
Quase 20 anos depois de o menino Evandro Ramos Caetano, 6, ter sido morto num suposto ritual de magia negra em Guaratuba (PR), uma das principais suspeitas de ter cometido o crime voltará a ser julgada.
Mesmo depois de ser absolvida no que foi o mais longo júri da história do país (durou 34 dias), em abril de 1998, Beatriz Cordeiro Abagge --que ficou conhecida como a "bruxa de Guaratuba', assim como a mãe e também ré Celina Abagge-- volta ao banco dos réus no próximo dia 27.
Celina não irá a júri porque o tempo estabelecido em lei para seu julgamento prescreveu.
O caso das bruxas de Guaratuba comoveu a opinião pública e é considerado um dos mais polêmicos do direito criminal no país.
O júri de 1998, em que Celina e Beatriz foram absolvidas, foi anulado a pedido do Ministério Público, que considerou que os jurados votaram de forma contrária às provas dos autos --eles decidiram que o corpo encontrado pela polícia não era de Evandro, tese sustentada ainda hoje pela defesa.
O pedido de anulação foi aceito pela Justiça em 2003, e, desde então, o julgamento foi adiado por três vezes.
Celina e Beatriz, assim como os outros cinco suspeitos, afirmam que foram barbaramente torturados pela polícia, sendo forçados a confessar o crime.
As Abagge eram mulher e filha do então prefeito de Guaratuba, Aldo Abagge. A casa da família foi depredada e o prefeito foi cassado pelos vereadores um mês depois da prisão.
TORTURA
A defesa das Abagge tentou cancelar o júri, mas o pedido foi negado nesta segunda-feira (9). O advogado Adel El Tasse sustenta que, como a confissão das rés foi obtida de forma ilícita (sob tortura), toda a denúncia feita pelo Ministério Público é nula.
O Ministério Público rebate dizendo que uma perícia feita nas rés não apontou lesões corporais e sustenta que há outras provas além da confissão que apontam a autoria do crime.
Para o advogado El Tasse, o Ministério Público 'barrou todas as tentativas de investigação' solicitadas pela defesa. Ele afirma ter convicção absoluta de que as rés são inocentes.
Para Beatriz Abagge, que diz viver uma sensação de 'injustiça' com a proximidade do novo júri, Evandro Caetano ainda está vivo.
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