Descrição de chapéu Obituário Gervásio Carlos Baptista (1923 - 2019)

Mortes: Fotógrafo registrou presidentes e cobriu Guerra do Vietnã

Gervásio Baptista morreu nesta sexta (5) em Brasília, aos 95 anos

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São Paulo

Gervásio foi um dos ícones do fotojornalismo brasileiro. Registrou presidentes da República, a Guerra do Vietnã (1955-75), a Revolução dos Cravos (1974), Copas e concursos de Miss Brasil. 

Nascido em Salvador, na Bahia, em 1923, começou na carreira aos 15 anos, quando ingressou na equipe do jornal Estado da Bahia, munido com uma câmera de chapa de vidro 9x12 e um flash “que colocava fogo em tudo”, como contou à Folha em 2014. 

Durante uma pauta, chamou a atenção de Assis Chateaubriand, dono dos Diários Associados, que o convidou para trabalhar na revista O Cruzeiro, no Rio de Janeiro. Pouco tempo depois, Gervásio migrou 
para a revista Manchete. 

Tornou-se fotógrafo da Presidência da República durante o mandato de José Sarney (1985-90). Tinha sido convidado para a função por Tancredo Neves, morto antes de assumir o posto. Foi ele o autor da última foto do político, no Hospital de Base de Brasília.

A foto em que o ex-presidente Juscelino Kubitschek acena para o público na inauguração da nova capital federal, em 1960, foi uma das mais marcantes da carreira. O mandatário, tímido, pediu uma dica de pose para Gervásio. O fotógrafo disse que deveria apenas “acenar para o mundo”. E clicou.

O fotojornalismo era a vida de Gegê, que estava sempre com a câmera a tiracolo. Enfrentou percalços em nome do ofício: foi preso durante a ditadura, levou um tiro no Vietnã e deu cabeçada em um padre para conseguir fotografar uma missa.
 
Um dos filhos, Julio, conta que se recorda do pai sempre viajando. A última esposa, Ivonete Baptista, que o fotógrafo conheceu quando cobria um concurso de Miss Brasil e com quem viveu por 48 anos, dizia que a dedicação à profissão deveria se estender à família. Histórias para contar à esposa e aos filhos, por outro lado, não faltavam. 

Até pouco depois dos 90 anos, Gegê cobriu o Supremo Tribunal Federal. Passou os últimos três anos em uma casa de repouso em Brasília. 

Morreu na manhã desta sexta (5), aos 95 anos, em decorrência de problemas respiratórios. As cinzas serão jogadas na Baía de Guanabara, no Rio.


coluna.obituario@grupofolha.com.br

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