Descrição de chapéu Coronavírus Ao Vivo em Casa

Volta às aulas é importante para o desenvolvimento infantil, dizem especialistas

Pais podem cobrar das autoridades a qualidade das escolas na retomada ao ensino presencial

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São Paulo

O adiamento da volta às aulas presenciais para o dia 7 de outubro preocupa o pediatra Paulo Telles e a codeputada da Bancada Ativista (PSOL) Raquel Marques. Eles participaram do Ao Vivo em Casa, série de lives da Folha nesta sexta-feira (7), e com mediação do jornalista Emilio Sant'Anna.

Raquel Marques e Paulo Telles
Raquel Marques e Paulo Telles participaram do Ao Vivo em Casa - Núcleo de Imagem

Ambos afirmaram que as crianças não foram pensadas como cidadãos durante a pandemia do novo coronavírus. “O ECA [Estatuto da Criança e do Adolescente] garante que o cuidado da criança é da família, da sociedade e do Estado, mas os dois últimos se eximem dessa responsabilidade e atribuem exclusivamente às famílias, o que é completamente errado”, disse Marques.

Ela diz acreditar que, para além de conteúdos que preparam as crianças para o futuro, a maior preocupação deva recair sobre os prejuízos para o desenvolvimento e o crescimento da segurança.

Para Telles, a volta às escolas é um programa de saúde pública. “Isso vai ter um impacto no futuro para habilidades mentais e para desenvolver o bem-estar”, disse ele. Do ponto de vista da vulnerabilidade, ele diz que as crianças foram um dos grupos mais afetados, já que elas ficaram sem a possibilidade de contato e tiveram a educação impactada, e serão um dos últimos grupos a voltar a receber atenção.

Alunos participam de aula presencial em uma escola particular na cidade de Manaus - Lucas Silva/AGIF

Ele afirmou também que os problemas de violência doméstica e nutrição precisam ser levados em conta para a retomada das aulas, uma vez que a violência dentro de casa aumentou e a população que depende da escola pública tem na instituição uma alimentação melhor do que em casa.

O pediatra disse que a volta às aulas vai exigir um esforço dos governantes para garantir um espaço seguro, mas que não houve aumento no número de infecção nas crianças nos países que já retomaram as aulas.

A maioria dos casos de crianças infectadas com o coronavírus é assintomática e estudos apontam que elas dificilmente são vetores domiciliares. Mesmo assim, Telles afirmou que não é possível relaxar as medidas e que crianças que têm comorbidades ou que moram com familiares considerados grupos de risco deverão continuar em casa.

O pediatra disse que uma das possíveis soluções para receber alunos da rede pública seria a construção de escolas de campanha ---assim como foram construídos hospitais de campanha--- com ambientes mais arejados e abertos e que comportem um maior número de aluno com menor perigo de exposição ao novo coronavírus.

Marques também afirmou que os pais têm um importante papel de cobrar a qualidade das escolas no retorno às aulas. Por lei, segundo ela, as famílias devem ter espaço para a participação na direção e na gestão das escolas públicas e podem entrar em contato com o Ministério Público, por meio do site, para exigir reformas necessárias às estruturas dos locais.

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