Descrição de chapéu Vestibular 2021

Vestibular da Unicamp tem pandemia e terraplanismo em suas questões

Abstenção na primeira fase foi de 7,7%, a menor desde 2014

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São Paulo

A primeira fase do vestibular da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), realizada neste domingo (7) em 31 cidades paulistas e em cinco capitais de outros estados, incluiu questões sobre a pandemia de coronavírus e uma discussão histórica sobre terraplanismo.

De acordo com a Comvest (Comissão Permanente para os Vestibulares da Unicamp), a abstenção foi de 7,7%, a menor em 8 anos. Foram 58.425 candidatos presentes que irão concorrer a 2.540 vagas, em 69 cursos de graduação da instituição.

A prova neste domingo abriu o calendário dos principais vestibulares do país.

 Aglomeração de estudantes em frente à Unip, na rua Vergueiro, em São Paulo
Vestibular da Unicamp 2021 tem a menor abstenção dos últimos 8 anos - Gabriel Cabral/Folhapress

"Nós estávamos muito apreensivos, mas felizmente tudo ocorreu muito bem", disse José Alves de Freitas Neto, diretor da Comvest.

A divulgação dos convocados para a segunda fase será no dia 13 de dezembro, e as provas serão nos dias 9 e 10 de janeiro.

Professores de cursinhos pré-vestibulares concordaram que a hora extra de prova e a redução de 90 para 72 questões favoreceram os alunos. As medidas foram adotadas porque os candidatos ao vestibular 2021 tiveram dificuldades adicionais com os conteúdos do ensino médio devido ao fechamento das escolas por causa da Covid.

O cotidiano da pandemia foi abordado em uma questão de português sobre o neologismo roça-office, em referência ao trabalho remoto longe dos grandes centros urbanos.

Uma pergunta na prova de inglês tratou da ineficiência da hidroxicloroquina para casos de Covid-19 e o impacto de notícias falsas na área científica. Em biologia apareceu a cadeia de transmissão do vírus. Doses de vacina apareceram em enunciados de questões de matemática.

Na prova de história, uma questão pediu reflexão sobre o mito da Terra plana sob a ótica das grandes navegações portuguesas.

"Quisemos mostrar que, de tempos em tempos, surgem ideias terraplanistas, apesar de se saber que a Terra é redonda desde a Antiguidade clássica. Estamos lutando contra os terraplanistas nas nossas provas há muito tempo", disse o diretor da Comvest.

Outros temas abordados na prova foram memória indígena, refugiados, preço da gasolina, sustentabilidade, empregos essenciais na pandemia, biomas, história da África, industrialização da América Latina, entre outros.

De acordo com o coordenador do curso Etapa, Edmilson Motta, a primeira fase da Unicamp foi mais difícil do que a prova do ano anterior. "Foi uma prova baseada em interpretação o que não é obrigatoriamente uma prova simples", disse.

Motta chama atenção para uma questão de geografia que pode ser passível de pedido de anulação. Segundo ele, no mapa da África, uma região foi apontada como clima de deserto, mas trata-se de uma área de sahel, a transição do deserto para savana.

Para Serginho, professor de português do curso Objetivo, o teste de língua portuguesa foi mais fácil do que em anos anteriores. "Foi uma prova objetiva em que o aluno conseguia se sair bem se prestasse bastante atenção aos enunciados", disse. Segundo ele, 6 dos 10 livros indicados foram cobrados.

A prova de história, segundo Ricardo Di Carlo, também do Objetivo, foi complexa. "Exigiu do aluno a leitura atenta de textos grandes", disse.

A palavra cringe, bastante usadas em redes sociais neste ano para falar de diferenças geracionais entre os jovens, foi usada em uma questão de gramática.

O uso de máscaras e de álcool em gel foi obrigatório durante toda a prova. Os candidatos puderam levar alimentos, mas o consumo foi proibido dentro das salas de aplicação da prova. Cada local disponibilizou um espaço aberto e controlado para a alimentação. Dentro das salas, só era permitido beber água. As mesmas regras vão valer para a segunda fase.

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