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Escolha a Escola

O veto ao celular é um dos seus critérios para a escolha da escola?

Sem usar os aparelhos, alunos ficam mais focados, e as notas melhoram, mas ainda há resistência à proibição

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São Paulo

Não faz muito tempo que escolas particulares se gabavam de suas salas com notebooks e pufes coloridos, muitas vezes jogados sobre tapetes de grama sintética. Diante da angústia dos pais com o uso excessivo de tecnologia e seus prejuízos para crianças e adolescentes, o marketing da educação experimenta uma reviravolta em que aulas e recreios sem celular e com grama de verdade soam como vanguarda.

O banimento do uso dos smartphones no ambiente escolar cresce no Brasil e em outros países e começa a entrar no rol de critérios para a escolha da escola de algumas famílias. É uma camada de pais que não negam a importância da tecnologia na educação, mas entendem que seus benefícios passam longe de intervalos com crianças e jovens com a cabeça curvada e os olhos mergulhados em uma tela.

A imagem mostra uma sala de aula com um quadro branco à esquerda e um suporte de parede à direita, que contém vários celulares presos em compartimentos parecidos com bolsos
Suporte para alunos do ensino médio deixarem o celular em sala de aula da Escola da Vila, em São Paulo - Divulgação

Embora esse seja um movimento crescente, o banimento ainda exige coragem dos gestores escolares. Colégios que tomaram essa atitude, apesar de terem recebido apoio da maioria das famílias, não deixaram de enfrentar resistência de uma parte delas. Isso sem falar dos estudantes, em especial os adolescentes.

Os resultados começam a aparecer ao longo dos meses. Em escolas brasileiras e de outros países, os relatos são de que os alunos ficam mais focados, concentrados e, consequentemente, suas notas sobem; a ansiedade diminui, e aumenta a interação entre eles, além da disposição para ler livros, brincar e praticar esportes.

Mas, até os benefícios ficarem claros, há uma travessia que envolve insegurança, irritação ou mesmo cenários mais complicados de abstinência. Além de bancar tudo isso, as escolas pioneiras no banimento não tinham clareza de como a proibição iria se refletir nas matrículas. Será que perderiam alunos? Ou ganhariam?

A fase de matrículas está começando, e essas escolas afirmam que a procura tem sido animadora. Uma delas, de São Paulo, que adotou a medida no início de 2024, conta que bateu recorde de transferências no meio do ano e, para 2025, está com uma demanda 20% superior à que registrou nesse mesmo período no ano passado.

Quando vão conhecer essas escolas, os pais se impressionam especialmente com o recreio, que ganha um ar "retrô", fica mais parecido com o do tempo deles.

Colégios que nunca liberaram o celular, normalmente vistos como "alternativos", aqueles que têm no DNA a valorização do contato com a natureza e das artes, passaram a reforçar na comunicação a sua visão sobre tecnologia. Colocam-se, assim, como uma opção até mesmo para famílias afeitas a um ensino mais tradicional.

Em paralelo, discute-se internacionalmente a proibição por lei. Vários países já adotaram restrições, entre eles os EUA, que inicia agora o ano letivo em meio ao que o jornal The New York Times chamou de "uma nova onda" de leis de banimento. No Brasil, a rede municipal do Rio foi a primeira no veto legal e, em São Paulo, há um projeto de lei na Assembleia Legislativa para proibir o uso do celular nas escolas públicas e privadas.

Enquanto estamos no universo facultativo, entre as escolas que banem o celular e as que o liberam completo, há um mundo de regras e de visões sobre a relação entre tecnologia e educação. Seja qual for a escola e a escolha, o debate é mais que urgente.

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