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José Dias

A diversidade como condição para a sustentabilidade

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Ao analisarmos o termo diversidade, na sua essência, percebemos que, de fato, é uma condição para a sustentabilidade. 

A floresta ou a caatinga, dependendo do bioma, só apresenta sinais de sustentabilidade quando está de pé e caracterizada pela biodiversidade. É como se uma árvore fosse esteio para as outras. É como se uma alimentasse as outras. É como se uma desse abrigo para as outras numa relação de reciprocidade. 

A natureza nos inspira muito e pode ser sem sombra de dúvida um laboratório de aprendizado para muitas outras iniciativas na vida dos que habitam o planeta. Isto é, se estiver equilibrada, se estiver diversificada. 

Nesse contexto, no momento vivemos um estado de apreensão com os constantes focos de queimadas, principalmente, no Amazonas.

Na vida, a diversidade de opinião é também quem assegura condição para um debate aprofundado e uma tomada de decisão amadurecida, capaz de gerar sustentabilidade, capaz de ser assumida de forma coletiva, com maiores possibilidades de dar certo, afinal não se tratará da ideia ou opinião de uma pessoa, mas, fruto da coletividade, do aprofundamento de ideias e opiniões.

Portanto, aqui reside uma possibilidade real de haver corresponsabilidade, de o "dar certo" ser fruto do assumir de muitas pessoas, e não de um salvador da pátria.

É por isso que o caminho para o processo de desenvolvimento com condições de sustentabilidade estará no esperançar da coletividade, na construção coletiva do conhecimento, em que um buscará inspiração e motivação no outro.

No campo da economia e, sobretudo, no âmbito da economia solidária, a diversidade de negócios e iniciativas pode também ser algo que gera equilíbrio, que possibilita uma realidade na qual uma iniciativa possa encontrar âncora na outra e, assim, consiga apresentar condições de viabilidade no todo.

Quem tem apenas uma fonte de troca ou de comercialização para obtenção de dividendos em dado momento pode se ver em estado de ameaça.

A dependência é sempre ameaçadora da condição de sustentabilidade, enquanto a diversidade é uma aliada, uma pré-condição para que as iniciativas deem certo e tenham vida longa.

Nesse sentido, é possível oferecer um olhar sistêmico sobre a possibilidade de a diversidade ser um caminho para uma melhor realidade econômica de uma comunidade, de uma região e de um país.

Também no agro ecossistema de produção familiar a realidade não é diferente: a diversidade é condição fundamental, tanto para o abastecimento familiar como para ofertar o excedente por meio da comercialização e para o equilíbrio ambiental.

Por último, destaco que no processo de captação de recursos, que busca o financiamento das causas sociais e a diversidade de fontes, é, sem sombra de dúvida, um caminho para a sustentabilidade.

A dependência de uma única fonte ou de poucas fontes pode ser um problema, uma vez que quando as poucas fontes se esgotarem a instituição estará em apuros, sem recursos para manter as ações planejadas e prosseguir com os processos de formação em andamento.

Portanto, diversificar a carteira de fontes de financiamento com vários mecanismos e várias iniciativas é uma condição essencial para gerar sustentabilidade a médio e longo prazo.

Evidentemente, para diversificar as fontes de financiamento se faz necessário planejar diversas formas de ofertas, incluindo um qualificado processo de gestão e transparência, de tal modo que se possa gerar atratividade nos mais variados seguimentos da sociedade, conquistando-os como corresponsáveis, como aliados das causas trabalhadas. 

José Dias

Formado em ciências econômicas, é coordenador e captador de recursos do Centro de Educação Popular e Formação Social (Cepfs). É empreendedor social da Ashoka e da Rede Folha de Empreendedores Socioambientais.

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