Uma pesquisa capitaneada pela Global Entrepreneurship Monitor (GEM) apontou que o número de empreendedores mais que triplicou em dez anos no Brasil: saiu de 14,6 milhões em 2007 para atingir, em 2017, 49,3 milhões.
Nesse cenário, as mulheres respondem por 44% desse montante de empreendedores. Quando pensamos em um recorte etário, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que as mulheres com mais de 50 anos são 54% da população, ou seja, 28,5 milhões.
Uma força gigantesca de trabalho e consumo. Para se ter uma ideia do potencial do segmento sênior no país, em menos de uma década ganhamos 8,5 milhões de cidadãos acima dos 60 anos.
O mesmo IBGE revela que essa parcela da população deve chegar a 38 milhões em 2027. O número crescente de adultos idosos no país faz parte de uma realidade mundial que tem impulsionado uma demanda cada vez maior por produtos e serviços adaptados às necessidades dos maduros.
Ampliando a análise do cenário econômico nacional, vemos um enorme contingente de desempregados, inclusive, de profissionais maduros, qualificados e com muita vontade de contribuir com empresas e marcas.
Entretanto, sabemos que os 50+ têm uma baixa probabilidade de conquistar vagas em um contexto socioeconômico tão adverso. É aqui que o empreendedorismo surge como uma oportunidade de inclusão produtiva –especialmente, ao meu ver, feminina.
Os mapeamentos que realizamos na Hype60+ mostram que o padrão de vida das mulheres maduras caiu muito nos últimos anos –independente da classe social, gênero ou região. Se queremos manter uma vida ativa e significativa (com diversão, estudo, viagens e consumo) está claro que essa conta não vai fechar se dependermos do emprego formal.
Por isso eu não vejo alternativa a não ser empreender. Mas cabe um alerta. Se as mulheres estão buscando um incentivo na sociedade, não vão encontrar nenhuma motivação. Estamos vivendo em um país onde enfrentamos o machismo, o preconceito com a idade e a falta de investimento financeiro para potencializar os negócios femininos.
É nesse momento que recomendo acionar o tripé AEC –uma forma de motivação que inventei baseada no aprendizado acumulado em quatro anos de trabalho intensivo com a economia da longevidade. Autoconhecimento, Estudo e Compartilhamento. Foi exatamente essa tríade que me incentivou a fundar a consultoria Hype60+, em parceria com Layla Vallias, há quatro anos.
Muitas mulheres maduras, que pensam em empreender, se deparam com a dúvida sobre no que investir; que negócio criar. A pesquisa Tsunami Prateado –viabilizada pela parceria da Pipe.Social e Hype60+– aponta que as oportunidades para atingir o público sênior cresce quando falamos sobre a população feminina: 43% das mulheres reclamam da falta de produtos ou serviços voltados para idosos.
As maiores demandas são: vestuário, calçados e acessórios (56%); alimentos para necessidades específicas (40%); serviços de turismo (36%); cursos no geral (31%); soluções para adaptação da casa (28%); produtos de beleza e higiene pessoal (27%); e cursos de línguas e intercâmbio (22%). Ou seja, a Economia Prateada é uma grande oportunidade para que mulheres maduras criem negócios voltados para os seus pares.
É nesse aspecto que defendo uma nova perspectiva para o empreendedorismo feminino no Brasil. Iniciativas empreendedoras de mulheres 50+, investindo na criação de produtos e serviços voltados para consumidoras que têm o mesmo perfil dela. Mais do que isso, acredito em um modelo de apoio coletivo feminino que se retroalimenta. Na prática, empreendedoras e consumidoras privilegiando umas às outras. Reciprocidade em estágio máximo!
Quer um exemplo? Para o Beleza Pura –evento que realizo em parceria com a Unibes Cultural, em 8 de março, Dia Internacional da Mulher– as profissionais contratadas e palestrantes têm mais de 50 anos ou trabalham focadas nesse público.
Essa iniciativa, uma homenagem às mulheres maduras, é uma ação empreendedora que me permite atuar, apoiando e fortalecendo mulheres que estão reinventando o envelhecer. É isso que acredito e pratico. Há uma nova perspectiva para o empreendedorismo feminino prateado.
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