Descrição de chapéu Agenda Davos 2021

Catalyst 2030 Brasil discute articulação no campo social na Agenda Davos

Capítulo brasileiro de movimento global de empreendedores sociais é pré-lançado em sessão conjunta da Folha e da Fundação Schwab em evento online do Fórum Econômico Mundial

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São Paulo

Durante sessão fechada da Agenda Davos, promovida pela Folha e pela Fundação Schwab, empreendedores sociais brasileiros fizeram pré-lançamento do movimento Catalyst 2030 Brasil.

A coalizão, inspirada em um movimento global com mais de 400 organizações sociais que impactam diretamente dois bilhões de pessoas, busca criar ambiente e condições para acelerar a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs) da agenda 2030 da ONU.

“O Brasil lidera o movimento de empreendedorismo social por décadas e inspira milhares ao redor do mundo, incluindo eu mesmo”, disse François Bonnici, diretor-executivo da Fundação Schwab, ao abrir a segunda parte da sessão Fomentando o Empreendedorismo Social para Inclusão Social, nesta quarta-feira (27).

Na sequência do painel transmitido ao vivo pela Folha, Luiza Helena Trajano, presidente do conselho do Magazine Luiza e líder do Grupo Mulheres do Brasil; Patrícia Ellen da Silva, secretária de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo; e os empreendedores sociais Edu Lyra, da Gerando Falcões, e Adriana Barbosa, da Feira Preta, migraram para uma sala de discussão privada para aprofundar o debate.

A segunda parte da sessão também mediada pela jornalista Eliane Trindade, editora do Prêmio Empreendedor Social, co-realizado pela Folha e Schwab, contou com a participação de 32 líderes e atores-chaves do ecossistema de impacto social no Brasil.

“Os maiores desafios da humanidade precisam de níveis profundos de colaboração para serem resolvidos”, disse Rodrigo Baggio, da Recode, que ao lado de Gisela Solymos, do Centro de Recuperação e Educação Nutricional; Nicola Gryczka, da Gastronomia Social; e Rodrigo Pipponzi, da Editora MOL, apresentaram os pilares do Catalyst 2030 Brasil.

O capítulo brasileiro do movimento global, que reúne líderanças em todo o mundo que têm catalisado forças para responder aos desafios da crise da Covid-19, será lançado oficialmente em março.

Trocar conhecimento, otimizar o financiamento e influenciar políticas públicas são alguns dos pilares do Catalyst 2030 Brasil, articulação nascida em novembro de 2019 durante o Workshop de Impacto Colaborativo, realizado pela Folha e pela Schwab para marcar os 15 anos do Prêmio Empreendedor Social no país.

“O Catalyst é um capítulo original que estamos escrevendo juntos”, afirmou Bonnici, sobre o papel de vanguarda dos brasileiros no movimento global.

Durante três dias de imersão na Comuna do Ibitipoca, em Minas Gerais, 40 atores-chaves do ecossistema de empreendedorismo social no país criaram as bases para a formação da aliança e de mecanismos mais eficientes para uma atuação em rede para ampliar o impacto social no Brasil.

Comuna do Ibitipoca
Comuna do Ibitipoca - Divulgação

“Precisamos criar mecanismos para avançar em uma agenda comum e conseguir resultados mais significativos para todos”, disse Rodrigo Pipponzi, que reforçou a importância de trazer referências de fora do país e de poder influenciar em políticas públicas. “Todos temos nossas causas, mas temos que pensar além delas, com agenda unificada e soluções maiores”, afirmou.

Além de um posicionamento único, é preciso comunicar o papel vital das ONGs e negócios sociais para a sociedade brasileira. “A agilidade com a qual as organizações responderam à Covid-19 foi referência para o mundo”, disse Gisela Solymos.

Em seguida à apresentação geral da Catalyst 2030 Brasil, os líderes se dividiram em salas menores para aprofundar os temas, que envolveram a criação de parcerias para uma retomada mais inclusiva pós-pandemia e ações para atingir as ODSs da ONU.

Foram 30 minutos de propostas e questionamentos – mas também de uma alegria coletiva que pairava entre as telinhas durante a videoconferência. Em tempos de distanciamento, fazia tempo que empreendedores sociais de todo o Brasil não se reuniam para discutir uma estratégia coletiva.

Para Marcella Coelho, da União BR, uma das 30 iniciativas de destaque no Empreendedor Social do Ano em Resposta à Covid-19, é preciso inspirar e inverter a lógica do setor. “Parece que ONG está fazendo favor, ficamos passando pires. A pandemia mostrou que não é assim. O que fizemos como sociedade civil organizada foi inacreditável.”

“Temos diversas coalizões temáticas –meio ambiente, água, geração de renda– mas elas não dialogam para enfrentar problemas sistêmicos de maneira coordenada”, disse Paula Fabiani, do Idis - Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social.

“Todos têm boa vontade, mas a fragmentação na área social é enorme e estamos sempre reinventando a roda”, completou Luiza Helena Trajano.

A secretária Patricia Ellen apontou a importância de integrar as pautas de impacto social às políticas públicas. “Temos falhado nas agendas de desenvolvimento sustentável”, disse, destacando o senso de urgência para os próximos dez anos.

Para Edu Lyra, as organizações ficaram muito tempo longe dos governos e da incidência no Congresso Nacional. “Muitas das tecnologias sociais que criamos podem virar política pública. Quais são os 10 ou 20 maiores problemas que precisamos resolver? Podemos ser a voz para definir quais são estas causas”, disse.

O mapeamento de todo o advocacy que já é feito pelas organizações foi apontado como urgente por Merula Steagall, presidente da Abrale - Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia. “Quais são as mensagens que gostaríamos de priorizar para o cidadão comum? Câncer pode se conectar com nutrição e com agrotóxico”, disse.

“As empresas ainda não têm visão completa do que significa impacto social. Como fazer com que elas se preocupem menos com o tamanho do logo e mais com o impacto que queremos gerar?”, questionou Raphael Mayer, da Simbiose Social.

Única representante negra na reunião, Adriana Barbosa salientou que o movimento deve contemplar também diversidade entre seus membros. "Contem comigo para ajudá-los nesse processo", afimou.

Em março de 2020, com a chegada da pandemia no país, a demanda por uma abordagem estruturada de impacto colaborativo se tornou ainda mais evidente, levando os líderes do movimento a intensificar sua interação, adaptando os temas ao contexto da crise.

O lançamento oficial da coalizão no Brasil será feito em março, quando empreendedores sociais, organizações, negócios de impacto e fundações serão convidados a se engajar no movimento e poderão preencher o formulário de adesão ao processo seletivo para integrar o Catalyst 2030.

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