O cirurgião-dentista Fábio Bibancos foi eleito empreendedor social do ano, em 2006, pelo jornal Folha de S. Paulo que, em 2021, completa 100 anos. O prêmio, feito em parceria com a Fundação Schwab, é o principal concurso de empreendedorismo socioambiental da América Latina.
O reconhecimento conferido pelo jornal a quem doa parte de sua vida à comunidade, a nível local ou global, projeta tais líderes a patamares antes inimagináveis, aumentando a escalabilidade de projetos.
Foi assim com a Turma Bem, fundada e presidida por Bibancos. Em 1995, ele passou a atender voluntariamente crianças que tinham a autoestima e perspectivas de vida minadas pela falta de saúde bucal —afinal, quem tem um dente podre, além de sofrer bull ying, dificilmente conseguirá um emprego.
Na época em que venceu o prêmio, a ONG possuía uma rede de 650 dentistas e havia atendido 1.150 crianças e adolescentes. Um ano após a conquista, em 2007, o número de voluntários saltou para 3.475 profissionais (534%) e o de beneficiários para 5.534 (481%).
Além disso, a organização pôde levar a odontologia às câmaras municipais em cidades do Brasil e do exterior ao desenvolver políticas públicas de acesso à saúde bucal.
Não é qualquer veículo de comunicação que tem a disposição de apresentar trabalhos como este a seus leitores. É preciso comprometimento com o país para olhar com atenção para quem mais necessita de cuidado.
ONGs como a Turma do Bem só existem porque o estado falhou com seus cidadãos, e nossa esperança é de que, um dia, não precisemos mais existir.
Por ora, é necessário e, mais do que nunca, sob ataques: o presidente da república já classificou a atuação do terceiro setor como “câncer”. Não é difícil entender o porquê, já que o pouco apreço pela soberania popular e os interesses escusos do mandatário se chocam com alertas e relatórios produzidos pelas organizações sociais, tão importantes para a democracia.
Ademais, o terceiro setor impacta diretamente na economia mundial: só no Brasil, gera aproximadamente 1,7 milhão de empregos e, segundo o IBGE, tem uma participação de 1,4% no PIB.
O Estado democrático de Direito só será alcançado em sua plenitude à medida em que a pobreza e as desigualdades sociais forem erradicadas.
Todos os anos, ao dar voz a líderes cujos princípios estão alinhados com estes ideais, a Folha de S.Paulo reitera seu compromisso com a sociedade brasileira e se mantém firme em sua contribuição para o desenvolvimento justo, democrático e solidário no Brasil, assim como afirmou em editorial que marcou o centenário do jornal.
Que assim seja. Parabéns, Folha!
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