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Hospitais contam com apoio de empresas e doações para evitar colapso

Abertura de leitos de UTI, distribuição de cilindros de oxigênio e água estão na lista de suporte a unidades de saúde no agravamento da Covid-19

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Deborah Bresser
São Paulo

O patamar superior a 3.000 mortes por dia no país acendeu o alerta vermelho para o colapso em instituições e unidades de saúde de Norte a Sul do Brasil, o que levou empresas como Coca-Cola, movimentos e institutos empresariais a lançarem campanhas e ações emergenciais.

É o caso da União BR que, após experiência adquirida no colapso no Amazonas, criou a campanha Pacote do Bem para captar doações de grandes empresários. De saída, Tatiana Monteiro de Barros, uma das fundadoras do movimento, relata o apoio de empresas como Ambev, Grupo Boticário, Heineken, Hinodê e Península, da família Diniz.

“A arrecadação está só começando, conseguimos até o momento R$ 6 milhões”, diz Tatiana. A maioria das empresas vai ajudar com dinheiro e outras, como o Grupo Boticário e Hinodê, com dinheiro e álcool gel para diferentes regiões do país.

“Nos reunimos com 20 secretários de Saúde e foram elencados os hospitais em pior estado”, conta Tatiana. O projeto prevê atendimento sob medida para dar o que cada hospital necessita: de luvas, respiradores, tubos de traqueostomia e cilindros de oxigênio a consertos de ar-condicionado e ambulância.

“Agora vamos abrir a campanha para microdoadores”, explica a integrante do União BR. Em paralelo, o movimento voluntário segue com o SOS Amazonas arrecadando doações de alimentos e equipamentos de proteção individuais, que já abasteceram mais de 20 hospitais na região.

O movimento União BR articulou parcerias com 20 empresas e entidades para levar usinas oxigênio a hospitais públicos do Amazonas em março. Os equipamentos, que substituem cilindros e podem atender até 90 leitos de UTI ininterruptamente, foram levados às cidade de Alvarães, Santo Antônio do Içá, Codajás, Tapauá, Apuí e Urucará. O valor arrecadado foi de R$ 2 milhões.

O Senai-SP também entrou na batalha nesta fase crítica da pandemia e disponibilizou 400 cilindros de oxigênio para unidades de saúde. Eles foram recolhidos em 78 escolas do Senai, espalhadas por 65 cidades em todo estado de São Paulo e serão destinados a unidades de saúde.

Os cilindros foram encaminhados à sede da empresa White Martins, onde passarão por higienização e serão abastecidos com gás medicinal. Desse total, 250 cilindros serão encaminhados à prefeitura de São Paulo.

"O primeiro passo já foi dado e conseguimos resolver a falta de cilindros da cidade de São Paulo", diz o presidente da Fiesp e do Senai-SP, Paulo Skaf. "Estamos numa forte mobilização junto às empresas industriais, mapeando aquelas que podem ceder os cilindros neste momento de grande necessidade do setor de saúde, e desta forma suprir toda a demanda existente."

Também em São Paulo, diante do crescente aumento da demanda da rede pública de saúde, BTG Pactual, Gerdau, Península Participações e Suzano uniram esforços com o Hospital Israelita Albert Einstein e a prefeitura de São Paulo para a construção de um novo centro de tratamento de combate à Covid-19 na capital paulista.

Trata-se de uma ampliação com 40 leitos de UTI erguidos no complexo do Hospital Municipal da Vila Santa Catarina Dr. Gilson Marques de Carvalho, no bairro Vila Santa Catarina, região sul de São Paulo, cuja gestão e operação já são de responsabilidade do Einstein.

"Esta iniciativa, que reúne as forças de seis organizações, vai ter impacto direto na comunidade do entorno, inclusive nos pacientes de risco atendidos neste hospital de alta complexidade. Isso resultará em mais vidas que poderão ser cuidadas adequadamente e salvas", afirma Guilherme Schettino, diretor do Instituto Israelita de Responsabilidade Social Hospital Albert Einstein.

"Que mais esse exemplo engaje novas frentes de parcerias que ajudem o Brasil a superar a Covid-19", conclui.

As obras terão início ainda no mês de março e a totalidade dos leitos será entregue até o final de abril. Aproximadamente 215 profissionais, entre médicos e equipe multidisciplinar, serão alocadas na nova UTI.

Pós-Covid, os novos leitos de UTI serão destinados a pacientes oncológicos e transplantados, aumentando a capacidade operacional para pacientes críticos, permitindo o aumento do escopo da unidade hospitalar.

As empresas BTG Pactual, Cosan, EDP e Eurofarma somaram forças para apoiar o Hospital das Clínicas de São Paulo na contratação de profissionais da saúde.

Serão 386 trabalhadores, entre médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e auxiliares de enfermagem que terão a folha de pagamento custeada pelas quatro empresas. O reforço irá permitir o aumento da capacidade de atendimento a pacientes com Covid-19 e a abertura de 56 novos leitos de UTIs e 75 de enfermaria.

"Esse recurso chega num momento importantíssimo para o HC e tornará possível o custeio de plantões dos profissionais da saúde recrutados para o atendimento Covid, num momento em que os casos crescem exponencialmente", afirma Antonio José Pereira, superintendente do Hospital das Clínicas. "Estamos muito satisfeitos com essa parceria em prol da vida".

Desde o dia 15 de março, a Coca-Cola Femsa Brasil entrou em campo para ajudar equipes da linha de frente no combate ao vírus. A empresa está doando 100 mil garrafas individuais de água mineral Crystal para dez hospitais de referência no tratamento da doença nos seis estados onde a companhia tem operações (MG, MS, PR, RS, SC e SP).

Cada hospital receberá 10 mil garrafas (5 mil litros de água). O fato de as embalagens serem individuais reforça a segurança e reduz o risco de contaminação.

caminhao vermelho com coca cola estaciona na frente de hospital
Coca-Cola Femsa doa 100 mil garrafas individuais de água mineral Crystal para hospitais - Divulgação / Coca-Cola Femsa

O primeiro a receber as doações foi o Hospital Central da Santa Casa de Misericórdia, na região central de São Paulo, onde atuam 1.800 médicos e residentes. "Agradeço a doação das águas destinadas aos profissionais de saúde envolvidos no atendimento aos pacientes de Covid-19", afirmou Ana Lucia Torloni Gradinar, gerente de Nutrição da Santa Casa.

Para Ian Craig, CEO da Coca-Cola Femsa no Brasil, o início da vacinação trouxe alívio para esses profissionais, mas o trabalho ainda é muito difícil.

"Já tivemos campanha semelhante no ano passado e consideramos extremamente importante dar continuidade. É mais uma de nossas ações para contribuir no sentindo de minimizar os impactos sanitários, sociais e econômicos gerados pela pandemia", afirma.

A distribuição acontecerá em duas semanas: na primeira, serão contemplados cinco hospitais nas cidades de Bauru (Hospital Estadual de Bauru), Jundiaí (Hospital São Vicente de Paulo), Marília (Hospital Beneficente Unimar), Mogi das Cruzes (Hospital Municipal de Mogi das Cruzes) e São Paulo (Hospital Central da Santa Casa de Misericórdia).

Na segunda fase, mais cinco unidades, em Belo Horizonte (Hospital Metropolitano Odilon Berens), Campo Grande (Hospital Regional Rosa Pedrossian), Curitiba (Complexo Hospital do Trabalhador), Florianópolis (Hospital Nereu Ramos) e Porto Alegre (Hospital das Clinicas de Porto Alegre), serão contempladas.

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