'Estamos prontos para ajudar na retomada econômica', diz diretor-geral do Senai

Iniciativa + Manutenção de Respiradores concorre na Escolha do Leitor em que público pode, além de votar, doar para ações de enfrentamento à Covid-19

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São Paulo

Consertar respiradores foi a primeira iniciativa do Senai para ajudar a mitigar os efeitos da pandemia. Os 2.400 equipamentos recuperados e entregues a hospitais por uma rede que engajou mais de 28 instituições salvaram milhares de vidas.

Liderada pelo economista Rafael Lucchesi, diretor-geral do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), a ação economizou R$ 150 milhões dos cofres públicos com a reutilização de respiradores que evitaram a compra de novos aparelhos.

Na segunda fase aguda da pandemia, o Senai aumenta a lista de reparos de itens hospitalares. E desenvolve ações para a retomada econômica que, segundo Lucchesi, passam por educação e inovação tecnológica.

homem de braços cruzados
Rafael Lucchesi, diretor-geral do Senai, foi finalista do Empreendedor Social em 2020 - Renato Stockler

“O Senai está pronto para atender aos trabalhadores e temos as competências que essa revolução tecnológica apresenta”, diz.

O finalista do Prêmio Empreendedor Social do Ano, que vai à votação popular na Escolha do Leitor, conta à Folha sobre sua atuação à frente da rede de indústrias durante a crise da Covid-19.

Naquele primeiro momento da pandemia, em março de 2020, como surgiu a ideia de consertar respiradores?

Eu reuni minha equipe e perguntei: o que podemos fazer? Embora não fôssemos diretamente ligados ao setor de saúde, tínhamos outras competências que poderiam ser úteis.

Temos uma rede capilar e capturamos sinais de que havia problemas com respiradores. Havia no país, à época, 76 mil respiradores, a maior parte da rede pública. Imaginávamos haver em torno de 4.500 precisando de manutenção.

A iniciativa envolveu mais de 40 pontos de manutenção espalhados pelo país e recuperamos 2.400 respiradores. Cada um pode salvar no mínimo dez vidas.

O que o Senai está fazendo na segunda fase da pandemia?

Há uma atmosfera de ações. Desde o início da pandemia, empresas e instituições de representação da indústria têm sido aliadas de estados e municípios na produção de insumos, itens de proteção individual e reparo de equipamentos hospitalares.

Criou-se uma rede do bem que se estendeu para o conserto de bombas de infusão, cilindros e miniusinas de oxigênio. O problema não era a produção de oxigênio, mas a logística de distribuição, já que o tubo é um refil. Havia um gargalo no transporte e atenuamos isso com nossa rede.

Diante da situação de fome crítica, uma regressão de décadas, estamos engajados na doação de alimentos com parceiros. As empresas são focadas no seu negócio, têm compromisso social de pagar tributo, e carga tributária que chega ao dobro de outros países com os quais competem. Mas há engajamento, a indústria é bem solidária.

E vocês estão disponibilizando dados sobre a Covid-19 para a indústria?

Em uma reunião sobre a questão do oxigênio, vimos erros de diagnóstico. Para que a situação de Manaus não se repetisse, pois há sérios problemas logísticos, montamos um sistema de informação para embasar empresas e governos com dados sobre a Covid-19. Ampliamos a análise para o resto do país e várias indústrias se ofereceram para ajudar.

É um boletim para empresários e a sociedade sobre como lidar com a doença. De ocupação de UTIs a número de pacientes internados, densidade de oxigênio, casos confirmados e avanço da vacinação.

Como o Senai vai ajudar na retomada econômica do país?

O Senai tem papel chave em duas direções. Primeiro na capacitação de pessoas, pois temos uma situação dramática de jovens que não conseguem ingresso no mercado e que não têm formação em um tempo com transformações da quarta revolução industrial.

Os desempregados também precisam de requalificação e nossa atuação tem papel fundamental para reinserção dessas pessoas. Temos programas de produtividade, em parceria com Sebrae, para pequenos negócios que geralmente têm deficiências tecnológicas.

Em segundo lugar, temos domínio profundo da produção industrial e temos capacidade de inovação. O Senai está pronto para atender aos trabalhadores e temos as competências que essa revolução tecnológica apresenta. Temos parceria com players internacionais como o MIT [Instituto de Tecnologia de Massachusetts], por exemplo.

O que as iniciativas de atuação na pandemia deixam de legado?

Sublinhou um valor nosso. Reafirmou a história de uma instituição que resgata a cidadania dos mais necessitados. Sou professor universitário desde os 22 anos e tenho o propósito de servir.

É uma alegria poder estar servindo ao Brasil, àqueles que não tinham equipamento para garantir sua vida. É menos vaidade e mais sentido de propósito.

RAFAEL LUCCHESI, 55

Diretor de Educação e Tecnologia da CNI, diretor-geral do Senai e diretor-superintendente do Sesi. Economista, formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), é também integrante do Conselho Nacional de Educação desde 2016.

Foi diretor de Operações da CNI e secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Governo do Estado da Bahia, quando foi presidente do Conselho Nacional de Secretários Estaduais para Assuntos de Ciência, Tecnologia e Inovação.

COMO VOTAR NA ESCOLHA DO LEITOR

Passo 1 Acesse folha.com/escolhadoleitor2021 e escolha a iniciativa que mais fez seus olhos brilharem

Passo 2 Clique no botão "Quero votar" e aguarde a confirmação

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