Moeda social é maneira de enfrentar desigualdade, diz criador do Banco Palmas

Bancos Comunitários concorrem na Escolha do Leitor em que público pode, além de votar em suas preferidas, doar para ações de enfrentamento à Covid-19

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São Paulo

O nordestino que pôs a primeira cédula de microcrédito em circulação no país, em 1998, defende que a moeda social é uma maneira de enfrentar a desigualdade brasileira. A ideia que nasceu na periferia de Fortaleza se multiplicou para territórios vulneráveis, de vilas de pescadores na Amazônia a favelas no Rio de Janeiro.

Isso porque o dinheiro de quem vive na comunidade acaba circulando dentro dela, movimentando a economia dos pequenos. “Tem pobreza porque todos saem dali e vão comprar no grande”, diz Joaquim Melo, criador do Banco Palmas, em Fortaleza, e diretor do Instituto E-dinheiro Brasil.

homem de roupas coloridas posa sorrindo e com as mãos cruzadas, com chapéu e óculos
Joaquim Melo criou o Banco Palmas em 1998 e é diretor do Instituto E-dinheiro - Renato Stockler

O instituto coordena a Rede Brasileira de Bancos Comunitários, composta por 118 instituições em 47 municípios. Durante a pandemia, a fintech adaptou sua plataforma para que qualquer indivíduo com CPF pudesse comprar nos comércios registrados. Os bancos, geridos por associações da sociedade civil, ficam com 2% das vendas.

Também ajudou prefeituras a criar fundos emergenciais. Em Maricá, no Rio de Janeiro, 58% das moedas sociais em circulação foram usadas para comprar alimentos. A iniciativa conhecida como Bancos Comunitários Digitais foi finalista, em 2020, no Prêmio Empreendedor Social em Resposta à Covid-19.

Segundo Joaquim Melo, prefeitos de pequenos municípios estão preocupados com o pós-pandemia e enxergam bancos comunitários como alternativas para que sua população consuma localmente. Nesse sentido, ele tem ajudado a criar leis municipais que viabilizam a existência do banco, a exemplo da experiência em Maricá.

“Temos que ajudar a sociedade e o poder público a pensar em saídas locais”, diz Melo, que acredita que as finanças vão convergir para os pequenos negócios.

Com a tecnologia aplicada na fintech, ele mira outras inovações: estuda financiar energias renováveis em comunidades pobres e quer se tornar marketplace. “Ao abrir uma conta, o pequeno comércio de bairro entra no ecommerce”, diz sobre a solução que deve ter um piloto em junho.

Em 2020, a iniciativa fez circular R$ 1,3 bilhão em todo o país. Melo diz que a cifra não é excepcional, dado o vasto território brasileiro, mas ela vem com carimbo especial: todo o dinheiro foi gasto em comércios de comunidades vulneráveis.

“Esse dinheiro não foi para bolsa de valores, não foi para casa de luxo na praia; foi gasto nas comunidades onde a gente trabalha” diz ele. “É banco comunitário de desenvolvimento.”

Os Bancos Comunitários Digitais vão à votação popular na categoria Legado Pós-Pandemia, concorrendo com outras nove iniciativas na Escolha do Leitor. “O prêmio da Folha tem um significado gigante porque dá visibilidade ao debate sobre esse outro modelo”, diz Joaquim Melo.

O público poderá eleger seu finalista favorito em cada uma das categorias em formato inovador no qual a enquete, no site da Folha, torna-se também plataforma de doação. Os vencedores, tanto os recordistas de votos quanto os líderes na captação de doações, serão anunciados ao longo de 2021.​

COMO VOTAR NA ESCOLHA DO LEITOR

Passo 1 Acesse folha.com/escolhadoleitor2021 e escolha a iniciativa que mais fez seus olhos brilharem

Passo 2 Clique no botão "Quero votar" e aguarde a confirmação

Passo 3 Faça uma doação para uma delas clicando em "Doar agora"

Passo 4 Preencha seus dados, valor da doação e clique em "Enviar"

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