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Vasectomias são reversíveis, mas sucesso na gravidez se torna mais difícil

Além da habilidade do cirurgião e do tipo de procedimento, as características do parceiro entram em jogo

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Jen A. Miller
The New York Times

Cerca de uma semana após o vazamento da decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos de derrubar a lei do aborto [Roe vs Wade] vazou, em maio, a média diária de buscas online pela palavra "vasectomia" quase dobrou, de acordo com a empresa Innerbody Research, que fornece orientações baseadas em evidências para a compra de produtos e serviços de saúde em casa.

Eles também descobriram que as pesquisas por "Quanto custa uma vasectomia?" e "As vasectomias são reversíveis?" cresceram cerca de 250%.

As vasectomias, que envolvem o corte e a fusão dos tubos que transportam os espermatozoides dos testículos para a uretra, têm apenas um índice de falha de 0,15% quando se trata de prevenir a gravidez, segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças. Isso as torna um método altamente eficaz de controle de natalidade.

Canudos sobre um fundo neutro. Um deles com um elástico na ponta
Vasectomias são reversíveis? - Aileen Son/The New York Times

"Se ambos os parceiros pensam que não querem mais filhos, então a vasectomia é a forma mais fácil de controle de natalidade permanente", disse Sheldon Marks, professor clínico assistente de urologia da Faculdade de Medicina da Universidade do Arizona em Tucson, que realiza cirurgias de reversão. "Mas os casais mudam de ideia."

Cerca de 3% a 6% dos 300 mil pacientes de vasectomia a cada ano vão querer reverter o procedimento, sugere uma pesquisa.

"Às vezes, um parceiro determinado a não ter filhos muda de posição", disse Marks. Ou o casal está numa situação financeira diferente e agora pode pagar por outro filho. Ele também realiza reversões para pessoas que estão em novos casamentos ou relacionamentos e desejam ter filhos com seus novos parceiros.

E as vasectomias são, geralmente, reversíveis. Em uma análise de 2021 publicada na revista SN Comprehensive Clinical Medicine, os pesquisadores revisaram 25 estudos sobre reversões de vasectomia entre pouco mais de 8.300 pacientes.

Os autores descobriram que dos 2.933 homens que tiveram a reversão feita microscopicamente (usando um poderoso microscópio cirúrgico), cerca de 91% tiveram a fertilidade restaurada. Entre os 671 homens que a fizeram macroscopicamente (a olho nu ou com uma pequena lente de aumento), cerca de 81% tiveram a fertilidade restaurada.

Os pesquisadores também calcularam que de quase 3.000 mulheres incluídas em estudos sobre reversões microscópicas cerca de 73% engravidaram mais tarde. Das 535 mulheres incluídas em estudos sobre procedimentos macroscópicos, cerca de 48% ficaram grávidas.

Além da habilidade do cirurgião e do tipo de cirurgia, as características de cada parceiro entram em jogo no que diz respeito ao sucesso da gravidez, disse Mary Samplaski, urologista da Keck Medicine da Universidade do Sul da Califórnia em Los Angeles.

Ela liderou um estudo publicado em 2020 na revista Urology que procurou determinar se a idade de um homem fazia diferença nos resultados da gravidez.

A equipe analisou 3.130 reversões de vasectomia –todas feitas pelo mesmo cirurgião– e descobriu que ter uma parceira com menos de 35 anos, além de o procedimento ser feito dentro de dez anos após a vasectomia, aumentava as chances de sucesso de gravidez. Se o parceiro masculino fosse fumante, as taxas eram menores.

Quando se trata da idade do provedor de esperma, "a maioria dos dados mostra que os resultados são bastante semelhantes", disse Samplaski. A idade da parceira também era importante de se considerar, disse ela, já que a qualidade dos óvulos geralmente começa a declinar mais rapidamente entre 35 e 40 anos. Se a mulher for mais velha, "talvez não faça sentido fazer uma reversão", acrescentou.

As reversões de vasectomia podem ser caras, geralmente entre US$ 5.000 e US$ 15 mil (R$ 26 mil e R$ 79 mil), e muitas vezes incluem outras taxas, de acordo com a Urology Care Foundation. Elas raramente são cobertas por seguro médico. Pode fazer mais sentido financeiro para um casal ter esperma colhido e usado via fertilização in vitro, disse Samplaski.

Se você tem certeza de que não quer ter mais filhos, mas está com medo da permanência de uma vasectomia, ou preocupado que possa se arrepender da decisão, preservar o esperma em um banco de esperma antes do procedimento é outra opção, disse Marks.

Não é invasivo "e custará uma fração do que uma reversão custará mais tarde", afirmou ele. "Eu incentivo os homens a fazerem isso, mas se não quiserem podem fazer a vasectomia e saber que mais tarde na vida haverá médicos que poderão fazer uma reversão e lhes dar uma chance muito alta de sucesso."

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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