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Insuficiência cardíaca pode ser provocada por infarto, hipertensão e até Covid

Condição é resultado do mau funcionamento do coração, que não consegue bombear sangue para todo o corpo

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São Paulo

O coração humano funciona como uma bomba circulatória. Ele precisa bombear sangue para suprir todos os órgãos do corpo, do rim ao cérebro. Mas, às vezes, fica fraco e não consegue abastecê-lo. Os médicos dizem que é quando a bomba não gera "débito cardíaco" suficiente —o que é chamado de insuficiência cardíaca.

A condição, que afeta o apresentador Fausto Silva, 73, pode ser percebida principalmente pelo cansaço ou falta de ar. A pessoa cansa ao subir uma ladeira ou oito degraus de escada e evolui rapidamente para ficar exausto até ao tomar banho ou escovar os dentes. Em alguns casos, respirar de noite é tão difícil que é necessário dormir sentado.

Mulher idosa encostada em uma árvore com a mão no peito
Insuficiência cardíaca é responsável por 10% das mortes de pacientes brasileiros - Impulse Dynamics/Divulgação

As causas são as mais variadas cardiopatias. O infarto agudo do miocárdio é a principal, mas fatores como o entupimento coronariano, hipertensão e colesterol descontrolados, abuso de álcool e tabaco, além da doença de chagas também podem levar à falência da bomba.

Estudos recentes apontam que o uso de remédios para tratamento de câncer também pode prejudicar o funcionamento do coração, segundo a médica Stephanie Rizk, especialista em transplante cardíaco e coração artificial do Hospital Sírio-Libanês.

A doença aparece ainda como sequela da Covid-19, provocada pelo coronavírus, diz a médica Carolina Casadei, cardiologista especialista em insuficiência cardíaca da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).

"É uma consequência da miocardite (inflamação do músculo do coração). Algumas pessoas que tiveram Covid tiveram a agressão desse músculo lá atrás, mas acharam que foi só uma gripe, aí agora está evoluindo para um cansaço. Quando a gente vai ver, está com insuficiência cardíaca", afirma.

Formas de prevenir a insuficiência cardíaca

As cardiologistas Carolina Casadei e Stephanie Rizk afirmam que o cuidado é o mesmo indicado para prevenir outras doenças do coração

  • Controlar diabetes e hipertensão

  • Ter uma alimentação saudável

  • Exercitar-se regularmente

Segundo Casadei, se não houver tratamento, a probabilidade de que a insuficiência cardíaca seja fatal ao paciente é de 80% no período de um ano desde o diagnóstico.

Mesmo com tratamento, porém, diz a médica, a doença mata mais que quase todas as formas de câncer, com exceção do câncer de pulmão.

Em média, 10% dos pacientes brasileiros morrem por causa da insuficiência cardíaca, conforme estudo do Registro Brasileiro de Insuficiência Cardíaca, publicado em 2022.

A abordagem terapêutica para o tratamento e a evolução da doença podem variar com base na causa e no estágio em que o paciente se encontra, segundo Risk.

De maneira geral os principais objetivos do tratamento são aliviar sintomas, melhorar a função cardíaca, retardar a progressão da doença, reduzir o risco de hospitalização e morte e promover melhor qualidade de vida.

A médica afirma que isso é feito a partir de medicamentos, manejo de condições subjacentes como hipertensão ou diabetes e mudanças no estilo de vida. "Alguns pacientes devem fazer uma dieta restrita em sal, exercícios conforme tolerado e monitorados, evitando o consumo excessivo de líquidos", diz Risk.

Em alguns casos, pode ser necessário o uso de dispositivos como ressincronizadores, um tipo de marcapasso.

Quando o paciente não responde a nenhum desses tratamentos, o paciente tem duas opções: transplante cardíaco ou implante do coração artificial (uma bomba propulsora que consegue puxar o sangue e devolver à aorta).

No Brasil, é mais comum o transplante cardíaco, uma vez que o implante do coração artificial não está disponível no SUS (Sistema Único de Saúde) e tem valor elevado.

"É essencial que os pacientes com insuficiência cardíaca sejam avaliados e acompanhados por um cardiologista para determinar a causa e receber o tratamento mais apropriado", afirma Risk.

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