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Entenda o que é Chagas, uma das doenças que mais acometem o coração

Edição da newsletter Cuide-se explica as vias de transmissão e importância do diagnóstico de Chagas

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São Paulo

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A doença de Chagas é uma condição que acomete mais de 1 milhão de pessoas no Brasil a cada ano e 5 milhões no mundo. Cerca de 70% dos infectados não sabem que têm a enfermidade.

Nesta edição, falo sobre esta que é uma das doenças tropicais negligenciadas menos compreendida.

Chagas, uma doença negligenciada: a doença de Chagas é causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi e tem diferentes fases, podendo ser assintomática ou causar febre e dores no corpo, na fase aguda, até provocar alterações no esôfago, no sistema digestório ou no coração, na fase crônica.

A principal via de transmissão é pelas fezes contaminadas do barbeiro, um percevejo (gênero Triatoma) que, ao picar o homem, elimina também o parasita nas fezes. Houve também um crescimento em outros casos de infecção, como:

  • ingestão de alimentos e bebidas contaminadas, como caldo de cana ou açaí;
  • das mães para os bebês pela gestação;
  • pela transfusão de sangue ou transplante de órgão;
  • por acidentes laboratoriais (este último ainda em número menor).
Espécies de barbeiro, inseto que transmite a doença de Chagas
Espécies de barbeiro, inseto que transmite a doença de Chagas - Avener Prado - 10.out.18/Folhapress

A maioria dos casos de Chagas ainda se concentra em países do Hemisfério Sul, onde é encontrado o barbeiro. Em locais não endêmicos, os Estados Unidos, onde 300 mil vivem com a doença, e a Espanha, 50 mil, são os países com mais casos.

A Chagas é classificada como uma doença tropical negligenciada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) desde 2005. Tal reconhecimento serve como alerta como um problema de saúde pública internacional para aumentar as ações de prevenção, tratamento e diagnóstico precoce nos locais onde ela ocorre.

As doenças tropicais negligenciadas (NTDs, na sigla em inglês) são aquelas com maior incidência em países pobres e estão ligadas às desigualdades socioeconômicas e de acesso à saúde. Normalmente, afetam mais crianças e mulheres.

Qual o diagnóstico? O exame de detecção do tripanossomo é feito por meio da análise sorológica do sangue. O problema, segundo especialistas, é que muitos médicos não suspeitam de um diagnóstico inicial de Chagas e, por isso, não solicitam o exame.

Muitos pacientes só descobrem que possuem a infecção pelo protozoário quando vão doar sangue, onde o exame é obrigatório. Por essa razão, cerca de 70% das pessoas, de acordo com as estimativas da Opas (braço pan-americano da OMS) não sabem que possuem Chagas.

  • Se detectado na fase aguda, a doença tem tratamento e até cura;
  • Em casos mais graves, quando há acometimento de órgãos, muitas vezes é necessária a remoção de parte dos órgãos afetados por cirurgia

Qual o tratamento? É feito com o uso de dois medicamentos principais: o benzonidazol, disponibilizado no SUS (Sistema Único de Saúde), e o Nifurtimox.

Em outubro, a Sociedade Brasileira de Cardiologia lançou uma nova diretriz para fazer um alerta quanto ao diagnóstico precoce de Chagas. Segundo a diretriz, esta é a doença mais letal dentre as negligenciadas que acometem o coração.

No Brasil, cerca de 1 em 50 crianças nascem com Chagas congênita. Na última semana, a Fiocruz firmou um acordo com a farmacêutica Bayer, produtora do Nifurtimox, para ampliar a oferta do medicamento no país.

O medicamento é recomendado para o tratamento da fase aguda de qualquer paciente em situações em que o benzonidazol não é tolerado (alguns dos efeitos colaterais incluem constipação) e para tratamento da fase crônica em crianças e adolescentes.

Ciência para viver melhor

Novidades e estudos sobre saúde e bem-estar

  • Em um novo estudo publicado na revista científica Jama, pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Duke e colegas não encontraram eficácia da ivermectina como tratamento de Covid. O estudo randomizado, duplo-cego e com grupo controle avaliou o uso do medicamento por seis dias em 1.206 pacientes com diagnóstico positivo para o Sars-CoV-2. A recuperação dos sintomas em até um dia foi menor que 0,1%.
  • Uma pesquisa com 437 mil adultos de 40 a 69 anos no Reino Unido identificou um risco elevado de demência em pessoas com deficiência auditiva e que não usavam aparelho em relação àquelas que utilizavam o equipamento. De acordo com o estudo, publicado na revista The Lancet, o risco de demência era de 1,7% nos indivíduos que tinham perda e não usavam o aparelho auditivo, enquanto o mesmo risco observado foi de 1,2% nos participantes que utilizavam o aparelho.
  • Pesquisadores da Universidade Penn State e da Universidade de Massachusetts descobriram uma via intracelular que pode ajudar no desenvolvimento de medicamentos que impedem o envelhecimento das células. Na pesquisa, publicada na revista Science Advances, os cientistas descrevem a ação de enzimas no núcleo celular, onde fica o material genético, capaz de ligar ou desligar genes que atuam na expressão gênica. A enzima, chamada sirtuína, consegue acessar o DNA celular e mover locais específicos do nucleossoma, onde fica o material genético enovelado. As sirtuínas são capazes também de identificar danos celulares.
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