Programas de bem-estar no trabalho são pouco eficazes, diz estudo

Pesquisador sugere que práticas organizacionais como foco em horário e salário seriam melhor investimento

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Ellen Barry
The New York Times

Os serviços de saúde mental para funcionários se tornaram uma indústria bilionária. Novos contratados são apresentados a uma variedade de soluções digitais de bem-estar, seminários de mindfulness, aulas de massagem, workshops de resiliência, sessões de coaching e aplicativos de sono.

Mas um pesquisador britânico que analisou as respostas de uma pesquisa de 46.336 trabalhadores em empresas que ofereciam tais programas descobriu que as pessoas que participaram deles não estavam melhores do que os colegas que não participaram.

Estudo sugere que serviços de saúde mental para funcionários não têm tanto efeito quanto medidas mais práticas, como avaliações de desempenho - Adobe Stock

O estudo, publicado neste mês no Industrial Relations Journal, considerou os resultados de 90 intervenções diferentes e encontrou uma única exceção notável: os trabalhadores que tiveram a oportunidade de fazer trabalho voluntário pareciam ter um bem-estar melhorado.

Em toda a amostra do estudo, nenhuma das outras ofertas —aplicativos, coaching, aulas de relaxamento, cursos de gerenciamento do tempo ou saúde financeira— teve qualquer efeito positivo. Treinamentos sobre resiliência e gerenciamento do estresse, na verdade, pareciam ter um efeito negativo.

"É uma descoberta muito controversa o fato de que esses programas populares não foram eficazes", diz William J. Fleming, autor do estudo e pesquisador do Wellbeing Research Center da Universidade de Oxford.

A análise de Fleming sugere que os empregadores preocupados com a saúde mental dos trabalhadores fariam melhor em focar em "práticas organizacionais centrais", como horários, salários e avaliações de desempenho.

O estudo de Fleming é baseado na pesquisa Britain's Healthiest Workplace realizada em 2017 e 2018, respondida por trabalhadores de 233 organizações, com funcionários do setor financeiro e de seguros, incluindo empregados mais jovens e mulheres ligeiramente super-representadas.

Os dados capturaram trabalhadores em um único momento, em vez de acompanhá-los antes e depois do tratamento. Usando milhares de pares correspondentes do mesmo local de trabalho, comparou medidas de bem-estar de trabalhadores que participaram de programas de bem-estar com as de seus colegas que não participaram.

Adam Chekroud, co-fundador da Spring Health, uma plataforma que conecta funcionários a serviços de saúde mental, e professor assistente de psiquiatria na Universidade de Yale, diz que o estudo de Fleming examinou intervenções que eram "pouco credíveis" e mediu o bem-estar muitos meses depois. Uma rejeição geral das intervenções no local de trabalho, segundo ele, arrisca "jogar o bebê fora com a água do banho".

"Há dados recentes e altamente credíveis de que coisas como programas de saúde mental melhoram todas as métricas que ele menciona", diz Chekroud.

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