Encontrar o oncologista ideal pode aumentar sobrevida de pacientes com câncer, dizem especialistas

Após o diagnóstico da doença, uma das decisões mais importantes é encontrar o profissional que cuidará do paciente

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Ted Alcorn
The New York Times

Depois de uma carreira como profissional de golfe no sudeste do Novo México, Doug Lyle, 76, decidiu que tinha um lugar melhor para estar do que no campo: passar um tempo com seu novo neto. Mas quando se se preparava para a aposentadoria descobriu um câncer de próstata.

"Quando você é diagnosticado pela primeira vez, imediatamente procura respostas na internet, e pode se sentir pressionado com a informação", disse. "Quanto mais você lê sobre isso, mais complicado fica."

Uma das primeiras e mais importantes escolhas que ele teve que fazer foi decidir quem seria seu oncologista. Muitos dos dois milhões de pacientes diagnosticados com câncer nos Estados Unidos a cada ano recebem a notícia de um médico da atenção primária.

Esses pacientes podem aceitar a indicação para um oncologista sem questionar, mas estudos sugerem que vale a pena considerar escolher esse profissional, o que pode afetar o cuidado recebido, satisfação com o tratamento e até chances de sobrevivência.

Duas pessoas em ilustração se encontram entre encruzilhada.
Depois do diagnóstico de câncer, encontrar um oncologista é uma decisão de extrema importância - MARIA HERGUETA/NYT

Nem todo mundo tem a opção de escolher oncologistas, já que há uma maior oferta de médicos em áreas rurais, e os pacientes precisam viajar distâncias maiores para encontrá-los. Nos EUA, as seguradoras podem cobrir apenas certos clínicos e hospitais.

Pacientes de certas populações têm menos acesso a oncologistas por uma série de razões, o que pode afetar o atendimento que recebem. Por exemplo, pesquisas apontam que mulheres negras e hispânicas com câncer de mama têm mais probabilidade do que mulheres brancas de sofrer atrasos no início da radioterapia. E homens negros com câncer de próstata têm menos chances de receber um tratamento de cura do que homens brancos, mesmo em estágios semelhantes da doença.

Idealmente, afirmam os especialistas, o paciente precisa comparar os níveis de experiência dos médicos e os resultados dos pacientes que eles trataram com o mesmo diagnóstico. Mas essas comparações nem sempre são fáceis de fazer.

Não há dados disponíveis publicamente que ajudem um paciente com câncer a dizer: "oh, é esse aqui que eu quero ir", afirma Nancy Keating, médica e professora de política de saúde e medicina na Escola de Medicina de Harvard.

Ainda assim, há algumas comparações que podem ser feitas. O Instituto Nacional de Câncer dos EUA classifica 72 centros de câncer do país por sua capacidade de tratar pacientes de acordo com as evidências mais recentes e também conduzem pesquisas sobre novas terapias.

O Colégio Americano de Cirurgias em Câncer credenciou mais de 1.500 programas que atendem a certos padrões, e a Sociedade Americana de Oncologia Clínica tem vários programas de certificação, incluindo uma lista de 300 práticas reconhecidas por sua qualidade e segurança.

A sugestão é que o paciente procure um oncologista que frequentemente trate pacientes com diagnósticos semelhantes. Pesquisas mostram que médicos que realizam procedimentos com mais frequência, têm pacientes com melhores resultados.

Além disso, todos os outros membros da equipe de atendimento, incluindo anestesiologistas e enfermeiros, também estarão familiarizados com o câncer e tratamento específicos. O médico de atenção primária pode encontrar alguém especializado em seu diagnóstico.

Outra dica é perguntar para o médico quantos pacientes com cânceres semelhantes ele atendeu.

Lyle hesitou em obter uma segunda opinião por medo de ofender o primeiro médico que viu. Mas preferiu buscar, um passo que muitos especialistas recomendam. "A medicina é uma arte, e às vezes há diferenças de opinião", explica Karen Knudsen, presidente-executiva da Sociedade Americana de Câncer.

Se um segundo médico concordar com o plano de tratamento original, isso pode dar mais confiança na abordagem pela qual o paciente passará.

Quando é clinicamente apropriado, alguns centros de câncer agora oferecem segundas opiniões por meio de telemedicina.

É compreensível querer focar em resultados e taxas de sobrevivência. Mas também é importante lembrar que a qualidade de vida pode ser afetada pelos tipos de tratamento buscado.

Um estudo recente descobriu que alguns oncologistas prescreveram quimioterapia e outros tratamentos sistêmicos até o mês em que seus pacientes morreram, enquanto outros descontinuaram esses tratamentos conforme os pacientes se aproximavam do fim da vida.

Allison Lipitz-Snyderman, pesquisadora de serviços de saúde no Centro de Câncer Sloan Kettering Memorial, em Nova York, encorajou os pacientes a pensarem profundamente sobre suas prioridades enquanto passam pelo tratamento. "Vale a pena viajar pelo país para obter um resultado melhor para algo se esse não for o lugar onde sua família pode visitá-lo?", diz.

Depois de entender o que é mais importante, deixe as preferências e valores conhecidos pelo médico clínico na conversa sobre metas de tratamento. Esta também é uma oportunidade de perguntar o que esperar em termos de sintomas, tratamento e o efeito na sua qualidade de vida.

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