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Esper Kallás

Agora liberadas, vacinas continuarão a ser estudadas em busca de respostas

É emocionante ver a ciência gerando tanto interesse na população

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Este foi um dia histórico para a ciência brasileira. Depois do lançamento do estudo há cerca de seis meses, a Coronavac —do Instituto Butantan e da Sinovac— recebeu a aprovação emergencial pela Anvisa. Também recebeu aprovação a Covishield —a vacina de Oxford/AstraZeneca, com dados mais completos, pois anunciou seus resultados cerca de dois meses antes, com possibilidade de esmiuçar mais as informações.

Sabemos que ambas as vacinas são eficazes e seguras. Protegem contra o desenvolvimento da Covid-19, principalmente as formas moderadas e graves da doença.

Fato inédito na história recente do Brasil, a sessão pública da Anvisa teve grande audiência, quase como um jogo de final de campeonato. E isso já é fantástico.

O leitor não imagina a satisfação de cientistas, pesquisadores e profissionais de saúde pública por testemunharem como a realização de dois estudos, a divulgação dos resultados e o julgamento da procedência do uso emergencial atraiu tanto a atenção dos brasileiros.

Nosso país está acordando para a importância da ciência, da inovação e do desenvolvimento tecnológico como as formas mais rápidas para buscar soluções para enfrentar problemas brasileiros. E, aqui, uma pandemia com impacto profundo.

Como diz o nome, a aprovação emergencial reflete a necessidade da adoção de medida para uma situação excepcional que, portanto, precisa ser rápida.

Há muito mais a ser explorado. A segurança conta com informações muito sólidas. Em sua grande maioria, os efeitos colaterais das vacinas, quando ocorrem, aparecem rapidamente. E o tempo que transcorreu desde o início dos dois estudos mostra que ambas as vacinas são muito seguras e bem toleradas. Ainda assim, efeitos colaterais raros e raríssimos não seriam percebidos em algumas dezenas de milhares de voluntários.

Somente o emprego da vacina durante a campanha nos dará também esta resposta. O acompanhamento de vacinados é conhecido como farmacovigilância e faz parte das ações dos gestores de saúde.
Mesmo com a demonstração de que são eficazes, não sabemos com detalhes como o sistema de defesa constrói a proteção. Ambos os estudos devem explorar as peculiaridades de como o corpo monta suas armas e quais testes ajudariam a dizer se cada vacinado está protegido.

Também é impossível determinar, em tão curto período de tempo, qual é a durabilidade da proteção. Lembrem-se que metade dos participantes receberam vacina, enquanto a outra metade recebeu placebo, substância inerte que não estimula a defesa contra a Covid-19. Isso tudo sem que os voluntários e os pesquisadores soubessem quem recebeu o quê. Com a revelação de que ambas as vacinas são eficazes, o código é aberto e todos que receberam placebo serão convidados a receber, agora, a vacina.

Depois disso, os estudos continuam. E os casos de Covid-19, se houver, serão documentados ajudando a esclarecer até quando há proteção.

O investimento em mais projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação abriu caminho para novas descobertas e novas soluções, para melhorar a qualidade de vida dos brasileiros e aliviar o sofrimento humano.

Tomara que vários jogos de futebol como esse possam figurar com mais frequência na mídia brasileira.

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