Descrição de chapéu Coronavírus

Fiocruz divulga cronograma e vai entregar 15 milhões de doses da vacina em março

Insumos chegam neste sábado (6) para que comece a produção do imunizante da AstraZeneca/Oxford

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Rio de Janeiro

A Fiocruz divulgou nesta sexta (5), pela primeira vez, o cronograma detalhado de produção das vacinas desenvolvidas pela AstraZeneca/Oxford no Brasil. A primeira remessa do imunizante só será concluída no meio de março, como já previsto após o atraso na importação da matéria-prima da China.

Serão 15 milhões de doses finalizadas no próximo mês​, sendo que o primeiro lote com 1 milhão será entregue entre os dias 15 e 19 ao Ministério da Saúde. Elas serão formuladas com o IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo) que começará a chegar ao Rio de Janeiro neste sábado (6).

Depois, a fundação pretende formular e envasar cerca de 28 milhões de doses por mês. Isso dará um total de 100 milhões de vacinas até julho, quantidade que estava sendo projetada desde o início e não sofrerá atrasos, segundo o laboratório (veja o cronograma abaixo).

A partir de abril, a Fiocruz começa a incorporar a tecnologia para produzir seu próprio IFA em sua fábrica, não mais dependendo da importação do insumo. A expectativa é que a entrega das primeiras remessas totalmente nacionais comece em julho, somando mais 110 milhões de doses no segundo semestre.

O que mudou, segundo a presidente Nísia Trindade, foi o ritmo das remessas de insumo que serão recebidas. Antes eram previstos dois lotes por mês, com quantidade suficiente para produzir 15 milhões de doses mensais. Agora, serão três lotes por mês até abril, e depois mais quatro lotes em maio e um em junho.

"Foram apenas questões de segurança e acondicionamento, que mudam durante o processo", disse Trindade em entrevista coletiva nesta sexta. Outros 2 milhões de doses que vieram prontos da Índiaforam distribuídos para todo o país há cerca de duas semanas.


Cronograma da vacina da AstraZeneca/Oxford

Fiocruz prevê entregar 210 milhões de doses até o fim de 2021

Fevereiro
- Chegada de 3 lotes de IFA nos dias 6, 23 e 28
- Início da produção no dia 12

Março
- Chegada de 3 lotes de IFA
- Entrega de 15 milhões de doses

Abril
- Chegada de 3 lotes de IFA
- Entrega de 27 milhões de doses
- Início da incorporação da tecnologia para produzir o IFA

Maio
- Chegada de 4 lotes de IFA
- Entrega de 28 milhões de doses

Junho
- Chegada de 1 lote de IFA
- Entrega de 28 milhões de doses

2º semestre
- Início da entrega de vacinas 100% nacionais, totalizando 112,4 milhões de doses


Depois que o IFA chegar, o cronograma de fevereiro é o seguinte: ele será descongelado a partir do dia 10 (sua armazenagem é feita a -55ºC) e formulado até o dia 12 para passar por uma pré-validação. Do dia 13 a 17, será envasado, revisado, rotulado e embalado, passando também pelo controle de qualidade.

No dia 18, o primeiro lote do produto será liberado para avaliação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que precisa aprová-lo antes da produção e distribuição. "Já estamos conversando com a Anvisa para que não haja atraso na autorização", afirmou a presidente da Fiocruz.

"Para começar a produção, por questões regulatórias, tem que fazer essa validação", explicou o diretor do laboratório de Bio-Manguinhos, Mauricio Zuma.

Em 23 e 28 de fevereiro, a fundação receberá as duas remessas do IFA que faltarão para completar a quantidade de vacinas prometida até março. A capacidade de envase da Fiocruz dobrará de 700 mil doses por dia, neste mês, para 1,3 milhão no próximo.

"Primeiro usaremos só um pequeno lote do IFA para a pré-validação, e esse primeiro insumo que está chegando é suficiente para isso. Os demais lotes que chegarem fevereiro serão produzidos em março", disse Zuma.

As informações foram divulgadas durante o lançamento do edital para a construção do novo complexo industrial da Fiocruz, que foi publicado em edição extra do Diário Oficial da União nesta sexta. O terreno está sendo preparado em Santa Cruz, na zona oeste do Rio.

A previsão é que os primeiros prédios sejam entregues em 2023 e que a operação comercial comece em 2025. O empreendimento será o maior centro de produção de produtos biológicos da América Latina, aumentando em até quatro vezes a capacidade atual da fundação. O complexo abrange uma área de 580 mil m², terá nove prédios e custará cerca de R$ 3,4 bilhões.

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, participou da cerimônia. Em breve um pronunciamento, ele disse que as vacinas Coronavac e de Oxford não são as duas únicas opções que o governo está considerando, e que conversou nesta sexta com a indiana Bharat Biotech e com a responsável pela vacina russa Sputnik V, por exemplo.

"Essas duas vacinas possibilitariam mais 30 milhões de doses em fevereiro e março", afirmou. "Mas a vacina não resolve o problema por si só, precisamos continuar com medidas preventivas, distanciamento social, cuidados para evitar a propagação do vírus", recomendou.

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