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Governo negocia com a Pfizer mais 100 milhões de doses de vacina contra Covid

Após recusar ofertas da farmacêutica, governo já havia contratado 100 milhões de doses e agora pretende dobrar quantidade

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Brasília

O governo brasileiro está negociando com a Pfizer a compra de mais de 100 milhões de doses até o final deste ano, totalizando 200 milhões de unidades da farmacêutica. O anúncio foi feito pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria, em uma rede social.

"O Ministério da Saúde está negociando a compra de um novo lote com mais 100 milhões de doses da vacina da Pfizer. A negociação começou há cerca de 20 dias e a pasta busca dar celeridade ao processo", escreveu o ministro.

A Folha confirmou com uma fonte da farmacêutica que a negociação está em curso e que, pelas primeiras conversas, seriam adquiridos mais 100 milhões de doses até o final do ano.

A farmacêutica não se pronunciou oficialmente até a publicação desta reportagem. Procurado, Faria também não respondeu sobre a previsão de entrega até o fim do ano.

O governo já contratou a compra de 100 milhões de vacinas e, na semana passada, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou que a Pfizer antecipará 2 milhões de doses, elevando o total de imunizantes fornecidos pela fabricante para 15,5 milhões até junho.

Em 8 de março, após reunião entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o CEO mundial da Pfizer, Albert Bourla, o governo havia anunciado 14 milhões de doses de imunizantes da farmacêutica até junho.

No fim daquele mês, o cronograma foi recalibrado para 13,5 milhões de doses, valor incrementado depois para os 15,5 milhões anunciados por Queiroga. De acordo com integrantes do governo e da Pfizer, as primeiras doses chegarão ao Brasil ainda em abril.

O primeiro contrato com a Pfizer foi assinado após uma série de desentendimentos com o governo.

Como a Folha mostrou em março, a gestão Jair Bolsonaro (sem partido) rejeitou no ano passado proposta da farmacêutica que previa 70 milhões de doses de vacinas até dezembro deste ano. Do total, 3 milhões estavam previstos até fevereiro, o equivalente a cerca de 20% das doses já distribuídas no país até aquele momento.

Esse, inclusive, deve ser um dos temas abordados na CPI da Covid no Senado, que tem previsão de ser instalada em 27 de abril.

O contrato só foi assinado depois que Bolsonaro sancionou projeto de lei aprovado pelo Congresso que cria um ambiente jurídico mais favorável para que as cláusulas exigidas pela farmacêutica sejam atendidas, como a que isenta a empresa de responsabilidade por eventuais eventos adversos.

Embora tenha feito reuniões anteriores com representantes do governo, a farmacêutica fez a primeira oferta em 14 de agosto de 2020, segundo informações obtidas pela Folha. A proposta previa 500 mil doses ainda em dezembro de 2020, totalizando 70 milhões até dezembro deste ano.

A Pfizer aumentou a oferta inicial quatro dias depois, elevando para 1,5 milhão o número de doses ainda em 2020, com possibilidade de mais 1,5 milhão até fevereiro de 2021 e o restante nos meses seguintes.

Sem aprovação do governo, uma nova proposta foi apresentada em 11 de novembro. Com o passar do tempo, governos de outros países foram tomando o lugar do Brasil, e as primeiras doses ficariam para janeiro e fevereiro —2 milhões de unidades. Dessa vez, o contrato ficou em vias de ser assinado, segundo pessoas envolvidas nas negociações disseram à Folha.

Duas das propostas feitas antes da que o governo aceitou previam vacinas no fim do ano passado, quando imunizante passou a ser aplicado em países como Reino Unido e EUA. A terceira previa as vacinas em janeiro. Agora, membros do ministério tentam negociar com a empresa entregas a partir de maio.

Em 7 de dezembro, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou o plano para iniciar a vacinação em São Paulo no dia 25 de janeiro com as doses da Coronavac, envasadas pelo Instituto Butantan, ligado ao estado.

Bolsonaro, então, ensaiou reação na tentativa de contrapor o adversário político. Dias depois, o Ministério da Saúde chegou a anunciar um memorando de intenção para obter doses da Pfizer, mas a assinatura do contrato foi brecada pelo governo por causa das cláusulas contratuais envolvidas na negociação.
A partir daí, pressionado por não ter fechado o acordo, o governo federal passou a fazer críticas públicas à empresa.

Em 23 de janeiro, o ministério divulgou carta em que afirma que um eventual acordo causaria "frustração aos brasileiros” por envolver apenas 2 milhões de doses na entrega inicial. Naquela mesma semana, no entanto, a pasta comemorava ter importado número semelhante de doses do imunizante Oxford/AstraZeneca por meio da Fiocruz.

Em 15 de fevereiro, a Pfizer fez nova oferta ao governo, a que foi acatada, de 100 milhões de doses, 30 milhões a mais que a primeira oferta.

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