Descrição de chapéu Coronavírus

Países enfatizam importância da vacina da AstraZeneca enquanto buscam alternativas

Austrália duplicou encomenda da vacina da Pfizer depois que autoridades de saúde recomendaram que as pessoas com menos de 50 anos a tomem em vez da da AstraZeneca

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Byron Kaye Twinnie Siu
Reuters

A Austrália disse nesta sexta-feira (9) que encomendou mais alternativas para a vacina de Oxford/AstraZeneca, atrasando a distribuição do imunizante, e Hong Kong adiou as entregas da vacina por preocupações sobre um risco muito pequeno de raros coágulos sanguíneos.

A decisão da Austrália pôs fim aos planos de ter toda a população vacinada até o final de outubro, expondo a delicada situação de equilíbrio da saúde pública que a questão provocou.

Milhões de doses da vacina da AstraZeneca foram administradas seguramente em todo o mundo. E milhões de outras foram encomendadas, mas alguns países limitaram seu uso a grupos etários mais velhos, por precaução, enquanto se investigam casos de coágulos.

A Austrália disse que duplicou sua encomenda da vacina da Pfizer depois que autoridades de saúde recomendaram que as pessoas com menos de 50 anos a tomem, em vez da da AstraZeneca, que era a peça principal em seu programa de vacinação. "Não é uma proibição da vacina da AstraZeneca", disse o primeiro-ministro Scott Morrison a repórteres na capital, Canberra. "Para os que têm mais de 50 anos, há um forte incentivo para que tomem essa vacina da AstraZeneca."

A empresa anglo-sueca disse que respeita a recomendação do governo australiano e está trabalhando com órgãos reguladores em todo o mundo "para entender os casos individuais, a epidemiologia e possíveis mecanismos que possam explicar esses casos extremamente raros".

Os reguladores britânicos e europeus disseram nesta semana que encontraram possíveis ligações com casos muito raros de coágulos sanguíneos no cérebro, enquanto reafirmaram enfaticamente a importância da vacina na imunização em massa contra a Covid-19.

A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) recebeu relatos de 169 casos do raro coágulo sanguíneo crerebral no início de abril, depois que 34 milhões de doses tinham sido administradas, afirmou nesta semana Sabine Straus, presidente da comissão de segurança da EMA. A maioria dos casos relatados ocorreram entre mulheres com menos de 60 anos.

Nesta sexta, a EMA disse que se uma relação causal for confirmada ou considerada provável, uma ação regulatória será necessária para minimizar o risco. Ela também disse que está examinando a vacina da Janssen (Johnson & Johnson's) devido a relatos de coágulos.

O imunizante da AstraZeneca é de longe o mais barato e de maior volume lançado até agora, o que torna provável que seja central para muitos programas de inoculação do mundo, vitais para conter a pandemia global e evitar lockdowns prejudiciais.

A Alemanha, um dos vários países europeus que recomendaram alternativas à AstraZeneca para pessoas abaixo de 60, disse na sexta que um aumento das infecções tornou necessário um novo lockdown.

No Brasil, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) informou ter pedido à AstraZeneca alterações na bula da vacina de Oxford, que é produzida no país pela Fiocruz. O objetivo é incluir uma advertência sobre possíveis casos muito raros de formação de coágulos sanguíneos que podem estar associados ao uso da vacina.

Oferta global

A secretária de Saúde de Hong Kong, Sophia Chan, disse que adiará as entregas da vacina AstraZeneca que tinha encomendado este ano para que outros países não fiquem sem.

"Acreditamos que as vacinas da AstraZeneca não precisarão ser entregues a Hong Kong neste ano, para que não haja desperdício quando a vacina ainda está em baixa oferta globalmente", disse ela.

A cidade governada pela China havia encomendado 7,5 milhões de doses da AstraZeneca, que deveriam chegar no segundo semestre de 2021. Mas Chan disse que o centro financeiro global tem alternativas suficientes.

A Costa Rica disse na quinta-feira (8) que usará a vacina da AstraZeneca, depois de avaliar a orientação da EMA.

Mais de 40 mil doses do imunizante chegaram ao país na quarta, a primeira remessa sob o acordo para um milhão de vacinas com o mecanismo Covax da OMS (Organização Mundial de Saúde) e aliança Gavi para garantir vacinas aos países mais pobres.

Todos os países que recomendaram limites de idade enfatizaram que a vacina é eficaz e seus benefícios superam em muito os riscos de pegar Covid entre idosos.

O principal órgão de saúde da França, onde há grande hesitação sobre vacinas, recomendou na sexta que os maiores de 55 anos que receberam a primeira dose da AstraZeneca devem receber uma alternativa na segunda dose.

A mais alta autoridade de Saúde sugeriu que eles tomem uma vacina do novo estilo mensageiroRNA, confirmando uma entrevista exclusiva anterior à Reuters. Duas dessas vacinas, uma da Pfizer-BioNTech e outra da Moderna, foram aprovadas para utilização na França.

As vacinas de mRNA fazem o corpo humano fabricar uma proteína que imita partes do vírus, provocando uma reação imune. A vacina da AstraZeneca gera uma reação imune usando uma versão enfraquecida e segura de um vírus de gripe comum em chimpanzés.

O órgão de saúde da França também disse que deve haver um intervalo de 12 semanas entre as duas doses nesses casos e recomendou um estudo para avaliar a reação imune dada por essas prescrições de vacinas mistas.

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