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Anvisa pede proteção policial a diretores ameaçados de morte

Segundo presidente da agência, são 3 ameaças com o objetivo de atrapalhar debate sobre vacina para crianças

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Brasília

O diretor-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antonio Barra Torres, disse que pediu proteção da Polícia Federal para diretores e para as instalações prediais da agência em Brasília.

O pedido foi feito após os cinco diretores serem ameaçados de morte caso a agência aprove o uso de imunizantes contra a Covid para crianças. Segundo ele, já são três ameaças encaminhadas, sendo que a segunda e a terceira podem ter vindo da mesma fonte.

"Temos também o pedido em relação à diretoria que objetivamente foi ameaçada e estendi também a algumas gerências gerais que atuam diretamente na análise vacinal. Então, esse pedido foi feito, lamento que tenhamos que fazer, porque o combate ao crime da Polícia Federal também é por demais desgastante e exige muito desses valorosos profissionais", disse em entrevista à Globo News.

Fachada do prédio da Anvisa
Sede da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), em Brasília - Rodrigo Maia/Câmara dos Deputados

A superintendência da Polícia Federal em Brasília abriu investigação para apurar as ameaças sofridas pelos diretores.

Fazem parte da diretoria Antonio Barra Torres (diretor-presidente), Meiruze Sousa Freitas (segunda diretoria), Cristiane Rose Jourdan Gomes (terceira diretoria), Rômison Rodrigues Mota (quarta diretoria) e Alex Machado Campos (quinta diretoria).

"Há um clima de insegurança, porque toda essa análise de medicamentos de enfrentamento da pandemia, todas as medidas que envolvem o enfrentamento da pandemia são por demais desgastantes, requerem muita atenção e dedicação", destacou.

A primeira ameaça foi feita por email no dia 28 de outubro e foi encaminhada para os cinco diretores da agência. Além dos diretores, também constam como alvo das citadas ameaças de morte instituições escolares do estado do Paraná.

"Estou tomando a difícil atitude de retirá-lo do ambiente escolar para preservar a segurança do meu filho. Deixando bem claro para os responsáveis, de cima para baixo: quem ameaçar, quem atentar contra a segurança física do meu filho será morto", diz o texto.

O autor deste email é Douglas Bozza. À Folha, ele se identificou como escritor, disse que mora no Paraná e que não queria ameaçar os diretores da Anvisa.

"Eu não represento ameaça para ninguém ali. Pelo amor de Deus", afirmou. Ele disse que quer receber documentos da Anvisa sobre a eficácia e segurança das vacinas.

Bozza confirmou que prestou depoimento à polícia. Afirmou que o email foi um "artifício" para atingir alguns objetivos, mas não quis citar quais. Disse ainda que irá deixar o Brasil caso uma vacina receba aval para uso em crianças.

A Anvisa também avalia pedir medidas cautelares para que autores das ameaças não possam se aproximar da agência.

No dia seguinte, a Anvisa recebeu uma segunda correspondência eletrônica. Desta vez, ele foi anônima com ameaças a servidores, diretores, funcionários terceirizados e seus familiares.

A Anvisa comunicou sobre as ameaças às presidências da República, do Senado, da Câmara e do STF (Supremo Tribunal Federal). Além da PGR (Procuradoria-Geral da República), ministérios da Justiça e da Saúde, Casa Civil, Polícia Federal e secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal.

Ainda não há pedidos na Anvisa para que libere a aplicação de doses da vacina contra a Covid-19 em crianças. A Pfizer informou que deve solicitar à agência reguladora a aplicação da vacina ComiRNAty em crianças no mês de novembro.

O Instituto Butantan vai entrar na próxima segunda (8) com um novo pedido na Anvisa para a aprovação do uso da Coronavac em crianças e adolescentes entre 3 e 17 anos.

De acordo com a informação, confirmada pela Folha, o órgão está terminando de reunir os dados solicitados pela agência, que negou o primeiro pedido para a utilização do imunizante contra a Covid-19 nessa faixa etária, feito em 30 de julho.

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