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Novas internações diárias em UTI por Covid em SP sobem 91% em 8 dias

Governo deve anunciar medidas de restrição para conter aglomerações nesta quarta (12)

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São Paulo

As internações em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) por Covid-19 no estado de São Paulo aumentaram nos últimos dias, reflexo da explosão de casos e aumento da transmissão do vírus após as festas de final de ano.

No dia 3 de janeiro, havia 1.141 pacientes em leitos de UTI no estado de São Paulo, com 468 novos registros naquele dia. Já na última segunda (10), o estado contabilizava 1.597 pacientes internados em leitos de UTI, com 800 novos registros, ou 71% a mais.

Quando a comparação é feita entre o dia 3 e esta terça (11), a diferença é maior. Nesta terça, havia 1.727 pacientes internados em leitos de UTI, com 895 novos registros, ou 91% a mais.

O crescimento também foi verificado em algumas das regiões de saúde do estado, sendo a principal delas na região da Grande São Paulo.

Enquanto no dia 3 de janeiro 665 pacientes estavam internados em UTI na região metropolitana, na última segunda (10) esse número já era de 896, um aumento de 34,7%. Em relação às novas internações diárias, passou de 255, no dia 3, para 428, no dia 10.

Movimento no Hospital Infantil Cândido Fontoura, no Belenzinho, na zona leste paulistana, no começo deste mês - Rubens Cavallari/Folhapress

A taxa de ocupação de leitos de UTI também sofreu um aumento nos últimos 14 dias, passando de 22,7% de leitos de UTI em todo o estado, no dia 29 de dezembro, para 35,3% na última segunda, e de 30,2%, na região da Grande São Paulo no final de dezembro para 42,5% no dia 10 de janeiro.

Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde disse que monitora diariamente a pandemia com base nos indicadores, principalmente de internação, avaliados em tempo real, e que identificou um aumento de 30% nas internações de leitos de UTI e enfermaria na última semana epidemiológica, sendo a maioria em leitos de enfermaria.

A secretaria disse ainda que segue com leitos exclusivos para atendimento de Covid-19, podendo realizar também atendimento de outros casos de Srag (síndrome respiratória aguda grave).

Apesar de a ômicron aparentar causar quadros mais leves, a pressão nos sistemas de saúde leva ao aumento de internações, mesmo que o número de mortes por Covid permaneça em um patamar inferior em relação às ondas anteriores da pandemia. Especialistas alertam que em média 15 dias após a subida de casos aparece também o crescimento de internações.

Segundo o secretário de saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, o estado está monitorando a subida de internações e analisando quais as melhores medidas a serem tomadas para diminuir o risco de circulação dos dois vírus respiratórios, o coronavírus e influenza.

Ao ser questionado se o estado pretende abrir novos leitos, o secretário disse que não há essa perspectiva por ora. "Nós temos leitos que deixaram de ser desmobilizados [para Covid] e temos ainda milhares de leitos de UTI disponíveis, portanto, não há necessidade agora [de abertura]", disse Gorinchteyn.

"Mas temos que entender que estamos tomando atitudes preventivas para evitar que as pessoas fiquem doentes, e a maioria das internações hoje é em leitos de enfermaria, e não de UTI."

Para Wallace Casaca, professor de matemática e computação da Unesp e um dos coordenadores do InfoTracker, os aumentos de internações tanto em leitos de UTI quanto de enfermaria em todo o estado já estão generalizados, e a velocidade com que novos pacientes precisam de hospitalização é preocupante.

"A curva ganhou novas dimensões desde dezembro, começou a aumentar de maneira muito explosiva, com algumas regiões registrando o dobro de internados em um intervalo curto de tempo, de cinco dias", afirmou ele.

Um dos exemplos é a região de Bauru, no oeste do estado de São Paulo. O número de internados em leitos de UTI na região no dia 3 de janeiro era de 17 pacientes, mas na última segunda (10) havia 31 internados, um aumento de 82% em sete dias.

"É claro que a gente sabe que esse aumento era previsível por causa da ômicron já ser predominante em todo o estado e com as festas de final de ano que promoveram surtos de infecções, mas o que me deixa preocupado é que essas tendências já estavam sendo verificadas em países do Hemisfério Norte e aqui em todo o estado estamos tendo um cenário parecido com o que vimos em janeiro de 2021", disse.

Um ponto que deve jogar a favor dessa nova onda, segundo o pesquisador, é a elevada cobertura vacinal em todo o estado, o que faz com que o número de óbitos seja menor, mas a pressão no sistema de saúde permanece a mesma. "Infelizmente, esse é o cenário do estado de São Paulo hoje, e se nada for feito, pode ser que muitos desses casos levem a uma pressão nos serviços de saúde", afirmou.

A pressão no serviço de saúde já é verificada com as filas de espera para atendimento em hospitais e UBSs na capital do estado e com a alta procura para exames de Covid.

Para Gorinchteyn, essa nova onda, apesar de ter uma subida nos atendimentos, não deve pressionar tanto o serviço de saúde porque os pacientes permanecem internados por um período de tempo menor. "O que notamos é que houve um aumento em todo o estado de casos de síndrome gripal, que une tanto pacientes com Covid quanto com gripe, mas os pacientes não são tão críticos quanto tivemos [na onda da gama], a liberação dos leitos ocorre de forma mais rápida", afirmou.

Casaca, da Unesp, pondera: "Se o governo não tivesse perdido o tempo que perdeu para definir se a subida de casos era de Covid ou gripe, mas sim, desde então, ampliado estratégias de testagem em todo o estado e outras medidas para impedir a cadeia de transmissão do vírus, a curva de crescimento agora talvez não fosse tão íngreme."

"É como um trem correndo ladeira abaixo e o maquinista não sabe em qual velocidade o trem está indo. Precisamos mitigar o avanço da Covid quanto antes, e infelizmente essa situação era esperada tendo em vista o que vem acontecendo em outros países", disse.

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