Vírus da 'doença do beijo' pode ser a causa da esclerose múltipla, diz estudo

Descoberta pode levar ao desenvolvimento de remédio para patologia que afeta 2,8 mi de pessoas

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Washington | AFP

Um estudo realizado por pesquisadores da Escola de Saúde Pública de Harvard, nos Estados Unidos, e publicado pela revista científica Science diz ter identificado o vírus de Epstein-Barr (EBV) como o possível causador da esclerose múltipla.

Considerado extremamente comum, o vírus é encontrado em cerca de 95% das pessoas adultas e pode provocar patologias como a mononucleose, conhecida como a "doença do beijo".

Estudante caminha no campus da Universidade Harvard, nos Estados Unidos - Fan Lin - 14.jul.2020/Xinhua

Esta seria a primeira vez em que cientistas apontam a causa da doença autoimune que ataca o sistema nervoso central. Sua evolução varia muito de um paciente para o outro, mas pode causar sequelas e até mesmo paralisia de membros.

O estudo revela que o vírus de Epstein-Barr tem um papel fundamental no desenvolvimento da esclerose múltipla, embora nem todas as pessoas infectadas por ele desenvolvam a patologia.

A hipótese era discutida havia anos, mas difícil de comprovar considerando que os primeiros sintomas podem se manifestar em até dez anos após a infecção. Segundo o professor de Harvard Alberto Ascherio, autor do artigo científico, essa foi "a primeira pesquisa que traz uma prova convincente de causalidade".

"É um passo importante porque sugere que a maioria dos casos de esclerose múltipla poderiam ser evitados ao deter a infecção do vírus de Epstein-Barr", disse Ascherio em comunicado.

O pesquisador ainda afirmou que a descoberta pode levar ao desenvolvimento de um remédio para a doença, que hoje afeta cerca de 2,8 milhões de pessoas em todo o mundo.

O estudo acompanhou, por mais de duas décadas, 10 milhões de jovens adultos do Exército norte-americano, dos quais 955 foram diagnosticados com esclerose múltipla durante o serviço. Segundo a pesquisa, o risco de contrair a esclerose múltipla aumenta 32 vezes após a infecção pelo vírus de Epstein-Barr.

Pesquisadores da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, que comentaram os resultados publicados na revista Science afirmam que outros fatores —genéticos, por exemplo— podem desempenhar um papel determinante no desenvolvimento ou não da doença.

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