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Cai lotação de UTIs para Covid, e só MS e DF têm taxas de 80% ou mais

Eram 3 estados, além do Distrito Federal, com patamar preocupante na semana anterior

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Brasília, Rio de Janeiro, Recife, Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro, Conselheiro Lafaiete (MG) e Porto Alegre

Depois de semanas com alta ocupação nas UTIs, estados apresentaram melhora em leitos para casos críticos de Covid-19. Apenas o Distrito Federal e o Mato Grosso do Sul estavam com 80% ou mais de ocupação nesta segunda-feira (21).

Na semana anterior, eram três os estados, além do Distrito Federal, com alta taxa de UTIs em uso.

Com o avanço da variante ômicron, prefeituras decidiram cancelar desfiles e blocos de rua, mas permitiram festas privadas, com ingressos que chegam a R$ 700.

leito de UTI com paciente coberto com lençol verde
UTI do Hospital de Campanha de Porto Velho, Rondônia - Reprodução

O Distrito Federal mantém situação preocupante, com 84% dos leitos com pacientes graves.

No total, a unidade da Federação conta com 103 leitos para adultos. Do total, 87 estavam ocupados e apenas 1, liberado. Os outros 15 aguardavam liberação ou estavam bloqueados.

Neste último caso, o leito está sendo preparado para receber novo paciente, passando por desinfecção ou com manutenção em algum equipamento.

O DF tem 18 leitos de UTI neonatal e pediátrico —14 estavam ocupados. O número de leitos adulto e pediátrico continua o mesmo da semana anterior.

Mato Grosso do Sul tem 80% dos leitos de UTI para Covid ocupados, índice que chega a 100% nas unidades pediátricas. A situação epidemiológica do estado ainda preocupa. Nesta terça-feira (22), foram registradas 2.742 novas infecções em 24 horas, um aumento de 112% em relação ao último dia 14.

Nessa data, o estado contabilizou 1.293 casos da doença. Atualmente, a média móvel é de 3.061 infecções em sete dias. Na capital Campo Grande, a taxa de ocupação das UTIs saltou de 92% para 98% em uma semana.

​Depois de duas semanas entre os estados com maior índice de ocupação de UTIs, Rondônia registra queda nas internações para esse tipo de tratamento para 70%, ante 81% na semana anterior.

O estado ainda mantém ativo seu hospital de campanha para pacientes com Covid, por causa da demanda que chega à rede de saúde.

Entre as medidas de prevenção contra a doença, o Governo de Rondônia vem realizando testes rápidos para Covid-19 pelo sistema drive-thru em cidades do estado. No fim de semana, os testes foram aplicados em Campo Novo. Ao todo, 144 pessoas foram submetidas ao teste, com resultado positivo para 18.

A ocupação de UTIs para adultos também recuou no Espírito Santo, de 79% para 72% no período. Tanto em Rondônia como no Espírito Santo não houve aumento no número de vagas, o que poderia contribuir para redução no percentual de uso.

No estado do Rio de Janeiro, a ocupação de UTIs continua em queda desde o final de janeiro, variando de 52% para 46% na última semana mesmo com o fechamento de alguns leitos. Na capital fluminense, porém, houve um leve aumento, de 66% para 72%.

Nesta segunda-feira (21), o estado de São Paulo tinha 2.615 pacientes com suspeita ou confirmação de Covid-19 internados em leitos de terapia intensiva e ocupação de 53,91% —queda de 5,62% se comparado com o dia 14, quando as UTIs Covid estavam com 3.226 hospitalizados e taxa de 59,53%.

Segundo a Secretaria Estadual da Saúde, nesta segunda (21), 23 hospitais estaduais com caráter regional registravam ocupação superior ou igual a 90% nos leitos de UTI exclusivos para Covid-19. Na semana passada, eram 27.

Ainda de acordo com a pasta, São Paulo conta com cerca de 400 leitos pediátricos de UTI, com ocupação de 79,5%. Na segunda anterior, a taxa estava em 63%.

Marco Aurélio Sáfadi, infectologista, pediatra e presidente do departamento de imunizações da Sociedade de Pediatria de São Paulo, destaca diminuição nas internações de crianças nos últimos dez dias.

"No nosso hospital tivemos um pico grande em janeiro e começo de fevereiro", lembra. "Aparentemente começamos a ver a diminuição nas internações de novos casos", afirma ele, que atua no Hospital Infantil Sabará e na Santa Casa de Misericórdia.

Fausto Flor Carvalho, presidente do departamento de saúde escolar da Sociedade de Pediatria de São Paulo, diz que "a reabertura sem pensar nas crianças" foi algo preocupante.

"Em relação às UTIs de adulto, nós temos poucos leitos de UTI pediátrica no estado de São Paulo, que possui mais ou menos uns 25%, 30% dos leitos pediátricos do Brasil", conta.

Em Pernambuco, a taxa de ocupação de leitos caiu de 88% para 81% em uma semana. Ao todo, são 1.056 leitos do tipo, 11 a mais do que na semana passada.

Em paralelo, o final do mês de fevereiro conta com o Carnaval. Mesmo com o cancelamento de festas públicas e privadas, a orientação de especialistas em saúde é evitar aglomerações no período.

"Evitar aglomeração e priorizar ambientes abertos e bem ventilados são as recomendações. Mesmo com redução de casos, temos que evitar a circulação do vírus", afirma o médico infectologista Bruno Ishigami.

No intervalo de uma semana, de 14 a 21 de fevereiro, a ocupação dos leitos de UTI pediátricos se manteve acima dos 80% na Bahia. No período, a taxa saltou de 84% para 89% das 44 vagas ativas no estado, segundo a Secretaria da Saúde da Bahia.

Para a secretária Adélia Pinheiro, a situação é de alerta não só para o público infantil, mas para as demais faixas etárias. Na avaliação da gestora, a alta ocupação dos leitos pediátricos é impulsionada pela variante ômicron, aliada à baixa procura pela vacina.

"Temos um público elegível de cerca de quase um milhão de crianças na faixa de 5 a 11 anos, mas apenas cerca de 500 mil estão imunizadas com a primeira dose", calcula. "A vacina é um direito das crianças, que estão sob responsabilidade de pais e familiares."

Em contrapartida, a ocupação de leitos de UTI para adultos teve uma redução de 70% para 56% das 605 vagas, no estado. A capital Salvador também acompanhou o movimento de queda de 69% para 49% no período, segundo a Secretaria Municipal da Saúde.

Ainda na região Nordeste, o número de leitos de UTI para adultos foi reduzido de 462 para 338 no Ceará. Apesar disso, a taxa de ocupação caiu quatro pontos percentuais, de 68% para 64%, de acordo com a Secretaria da Saúde do estado.

Na capital Fortaleza, os leitos de UTI para adultos tiveram uma redução de 237 para 155 vagas. Da mesma forma que o restante do estado, a capital acompanha o ritmo de queda na taxa de ocupação, que passou de 70% para 65%.

No Rio Grande do Norte, a taxa de ocupação de leitos críticos é de 50,5% considerando leitos ocupados e disponíveis no painel do estado —a conta desconsidera seis leitos apontados como bloqueados.

A taxa teve queda se comparada ao cenário da semana passada, quando chegava a 77,2% de ocupação. Nas UTIs pediátricas estaduais, a ocupação também caiu, passando de 53,8% para 30,7%.

Para a coordenadora de Vigilância em Saúde da Secretaria de Saúde Pública, Kelly Lima, o cenário atual reforça a importância de completar esquemas vacinais.

"Mesmo com aumento no número de casos no ano de 2022, tivemos baixa letalidade e isso, necessariamente, devido ao processo de vacinação em curso no estado", diz ela. "Ele é fundamental para passarmos por esse momento crítico pandêmico."

No Rio Grande do Sul, a ocupação total de UTIs públicas é de 57,3%, segundo o painel estadual — 44 hospitais, porém, estavam com dados em atraso, o que pode afetar o cenário geral. Nesta terça-feira (22), o estado registrou 13.244 novos casos de Covid-19 e confirmou 56 mortes.

Nos outros estados da região Sul, o Paraná registrou ocupação de 67% nas UTIs públicas no início desta semana, enquanto em Santa Catarina, a taxa é de 60%, de acordo com os dados dos painéis estaduais.

A ocupação de leitos também despencou em Goiás, de 82% para 71% em uma semana. Mais dez leitos foram criados, totalizando 245. Em Goiânia, maior cidade do estado, a ocupação continua estável e oscilou de 73% para 72% no período, com os mesmos 190 leitos disponibilizados. ​

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