OMS pede investimento massivo para frear tuberculose

Reflexos da Covid nos serviços de saúde anulou anos de progresso na luta contra a doença

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Genebra (Suíça) | AFP

O gasto mundial dedicado à luta contra a tuberculose é totalmente insuficiente para relançar a batalha contra a enfermidade após a pandemia de Covid-19 suspender o combate à doença, afirmou, nesta segunda-feira (21), a OMS (Organização Mundial da Saúde).

Por ocasião do Dia Mundial da Luta contra a Tuberculose (24 de março), a OMS recordou que os objetivos fixados para 2022 "estão em risco, principalmente por falta de financiamento".

De acordo com a organização, os gastos globais com detecção, tratamento e prevenção da tuberculose em 2020 foram metade da meta global de US$ 13 bilhões por ano.

paciente mostra em uma das mãos três pílulas de médicamento contra tuberculose
Paciente com remédios para tratamento de tuberculose - Raquel Cunha - 17.nov.16/Folhapress

"É necessário fazer investimentos urgentes para desenvolver e ampliar o acesso aos serviços e instrumentos mais inovadores para prevenir, detectar e tratar a tuberculose, o que poderia salvar milhões de vidas a cada ano, reduzir as desigualdades e evitar enormes perdas econômicas", indicou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanon Ghebreyesus, em comunicado.

Em matéria de investigação e desenvolvimento, a organização estima que o mundo deveria investir globalmente US$ 1,1 bilhão adicional.

Segundo a OMS, a tuberculose é a segunda principal causa de morte por uma doença infecciosa —atrás da Covid-19. Todos os dias morrem mais de 4.100 pessoas e cerca de 30.000 contraem a doença, que poder ser prevenida e curada.

A perturbação sofrida pelos serviços de saúde devido à crise sanitária desencadeada pelo novo coronavírus anulou anos de progresso mundial na luta contra a doença, de acordo com a entidade.

As mortes vinculadas à tuberculose começaram a aumentar novamente pela primeira vez em mais de uma década.

A OMS pede investimentos para acelerar o desenvolvimento de novas vacinas contra a tuberculose, enquanto a existente, a BCG, comemorou seu 100º aniversário no ano passado e sua eficácia é apenas parcial.

Uma nova vacina "seria um divisor de águas", segundo Tereza Kasaeva, diretora do Programa Mundial de Luta contra a Tuberculose da OMS, em entrevista coletiva.

Nove candidatas estão em estágio avançado de desenvolvimento, e a tecnologia por trás das vacinas de mRNA também é promissora. "Acreditamos que é perfeitamente possível, se for uma prioridade, ter uma nova vacina eficaz contra a tuberculose antes de 2025", disse Kasaeva.

De 2018 a 2020, 20 milhões de pessoas receberam tratamento contra essa doença, 50% do objetivo de cinco anos estabelecido em 40 milhões de pessoas. Durante o mesmo período, 8,7 milhões de pessoas receberam tratamento preventivo, 29% do objetivo fixado em 30 milhões para 2018-22.

Porém, a pior parte acomete os mais jovens. Em 2020, 63% das crianças e adolescentes menores de 15 anos com tuberculose permaneceram fora do radar dos sistemas de saúde ou não foram informados oficialmente sobre o acesso aos serviços de testes e tratamentos. A proporção foi ainda maior, de 72%, para as crianças menores de 5 anos.

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