Traços de forma de poliomielite são encontrados em Londres

Identificação ocorreu em amostras de esgoto retiradas de estação de tratamento

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Genebra (Suíça) | AFP

​Traços de uma forma de poliomielite derivada de uma cepa de vacina foram encontrados em amostras de esgoto retiradas de uma estação de tratamento de Londres. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (22) pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e por autoridades britânicas.

"É importante notar que o vírus foi isolado apenas de amostras ambientais —nenhum caso associado de paralisia foi detectado", disse a OMS em comunicado.

A entidade considera "importante que todos os países, especialmente aqueles com alto volume de viagens e contatos com países e áreas afetadas pela pólio, reforcem a vigilância para detectar rapidamente qualquer importação de vírus e facilitar uma resposta rápida".

Dia D de mobilização da Campanha de Vacinação contra a Poliomielite e Sarampo.
Vacina contra poliomielite - Marcelo Camargo/Agência Brasil

Segundo a OMS, "qualquer forma de poliovírus, onde quer que seja encontrada, representa uma ameaça para as crianças no mundo inteiro".

A poliomielite é uma doença altamente contagiosa que invade o sistema nervoso e pode causar paralisia permanente.

O poliovírus selvagem é a forma mais conhecida de poliovírus.

Há outra forma de poliovírus que pode se espalhar dentro das comunidades: os poliovírus circulantes derivados da vacina, ou cVDPV. Embora os cVDPVs sejam raros, eles se tornaram mais comuns nos últimos anos devido às baixas taxas de vacinação em algumas comunidades.

Os poliovírus circulantes derivados da vacina tipo 2 (cVDPV2) são os mais prevalentes, de acordo com a Iniciativa Global de Erradicação da Poliomielite, uma parceria público-privada liderada por governos nacionais com seis grandes parceiros, incluindo a OMS.

Em todo o mundo, 959 casos foram confirmados em 2020.

'Geneticamente ligados'

A agência britânica de segurança sanitária disse nesta quarta-feira que os traços "isolados" foram encontrados "em várias amostras de esgoto" retiradas de uma estação de tratamento de Londres entre fevereiro e junho.

"Esses resultados sugerem que pode haver uma disseminação localizada do poliovírus, provavelmente entre pessoas que não estão em dia com suas vacinas contra a poliomielite", afirmou a especialista em poliomielite Kathleen O'Reilly.

Nos últimos anos, uma média de 1 a 3 isolados de poliovírus por ano foram detectados em amostras de esgoto no Reino Unido. Mas esses isolados não estavam relacionados.

No caso atual, indica a agência de segurança sanitária britânica, "os isolados (...) estão geneticamente ligados", tornando necessário estudar a transmissão do vírus no nordeste de Londres.

Segundo as autoridades britânicas, o cenário mais provável é que um indivíduo recentemente vacinado tenha entrado no Reino Unido antes de fevereiro de um país onde a vacina oral contra a poliomielite (VOP) foi usada em campanhas de vacinação.

Enquanto o Reino Unido parou de usar a VOP em 2004, vários países, incluindo Paquistão, Afeganistão e Nigéria, continuam a utilizá-la contendo vírus tipo 2 para controlar surtos.

A VOP é feita a partir de uma forma atenuada do poliovírus vivo, que "nos dá imunidade ao crescer no intestino por um curto período de tempo durante o qual pode ser detectado nas fezes", explica Nicholas Grassly, professor do Imperial College de Londres.

"Esse vírus pode ocasionalmente ser transmitido e muito raramente (...) pode causar um surto de poliovírus derivado da vacina", diz, observando que a VOP foi substituída no Reino Unido por uma vacina inativada injetável em 2004.

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