Trombos são coágulos sanguíneos formados nas veias ou artérias que dificultam a circulação do sangue para outras partes do corpo, gerando aquilo que chamamos trombose.
A Covid é uma doença conhecida como trombogênica, isto é, ela se caracteriza por ter um alto risco de formação de coágulos. A incidência de trombose nesses pacientes varia de 0,6 a 2 por cem mil pessoas, cerca de 8 a 10 vezes maior do que o risco de trombose por algumas vacinas contra a doença.
No novo estudo, os pesquisadores analisaram células sanguíneas de pacientes com Covid e de outros saudáveis, sem a doença, e compararam os dois grupos investigando vários aspectos, como a presença de proteínas nas superfícies dessas células.
Por fim, demonstraram que, na Covid-19, os monócitos, responsáveis pela resposta imune inata (a pessoa já nasce com ela), causam a produção de alguns genes que levam a uma "castata de efeitos pró-trombóticos".
O trabalho foi comemorado na comunidade científica pela ajuda na compreensão da como as células que têm a função de nos proteger contra infecções podem ser afetadas pelo Sars-CoV-2 e, quem sabe, colaborar, futuramente, no desenvolvimento de eventuais futuras terapias.
Durante a pandemia, os médicos adotaram como tratamento de rotina os anticoagulantes, como a heparina, para evitar ou diminuir tais riscos, muitas vezes em doses acima do preconizado por entidades de saúde, como a OMS (Organização Mundial da Saúde).
Mas até o momento, porém, estudos que avaliaram os riscos e benefícios dessas drogas para evitar a formação de coágulos pós-Covid não são conclusivos. Ou seja, não foram observados benefícios em tratamentos indicados durante a pandemia.
O estudo, porém, tem várias limitações. Segundo o infectologista Esper Kallás, professor da USP que nesta segunda (2) passa a chefiar o Instituto Butantan, o trabalho poderia ter ido mais a fundo em investigar, por exemplo, se essas alterações nos monócitos também estão presentes em pacientes com diferentes graus de gravidade da Covid, e também poderia ter comparado crianças e adultos, já que as crianças tendem a ter menos quadros graves.
"Outra questão é que o trabalho não prova que os achados no laboratório serão reproduzidos em modelo animal. Também não mostra como comportam esses monócitos em outras doenças respiratórias, ou seja, se essa ação é só na Covid ou em outras doenças também", diz ele.
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