Gestões Lula e Tarcísio divergem sobre estoque de vacina bivalente contra a Covid

Secretaria paulista afirma que Ministério da Saúde ampliou vacinação sem reforçar quantidade de imunizantes do estado

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São Paulo

O Ministério da Saúde afirmou que vai entregar para o Governo de São Paulo 1,3 milhão de doses da vacina bivalente contra Covid até o final desta semana. A nova remessa de imunizantes ocorre depois de o governo federal ampliar a campanha para toda a população acima de 18 anos.

O anúncio gerou mal-estar entre os governos Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Integrantes da Secretaria Estadual de Saúde reclamaram do fato de o Ministério da Saúde ter anunciado estender o reforço da vacinação sem ter enviado mais doses aos estados.

Agente aplica vacina em mulher
Aplicação de vacina bivalente contra a Covid no primeiro dia de imunização para maiores de 50 anos em São Paulo, nesta quarta (26) - Marlene Bergamo/Folhapress

Segundo a pasta estadual, o público-alvo em todo o estado paulista é de 23 milhões de pessoas. Ao anunciar nesta terça que São Paulo ampliaria a vacinação, a secretaria afirmou que distribuirá 600 mil doses do seu próprio estoque para os 645 municípios. Uma quantidade de imunizantes bem inferior à demanda da população.

Em nota à imprensa, a gestão Tarcísio disse, ainda na terça, que "solicitou novas doses ao MS [Ministério] e aguarda, com celeridade, o envio de demais imunizantes pelo governo federal".

E, diante da falta de doses, São Paulo deverá começar de forma escalonada, priorizando as pessoas de faixas etárias mais altas.

Integrantes do governo federal ficaram incomodados com as afirmações e disseram à Folha que a a secretaria paulista fez o pedido na mesma terça e, portanto, não teria tempo hábil para entregar novas doses. Eles também afirmam que São Paulo possui estoque bem maior que o de 600 mil doses

O Ministério de Saúde disse, em nota à reportagem, que já "disponibilizou ao estado 8,9 milhões de doses bivalentes; até o momento, de acordo com a plataforma LocalizaSUS, alimentada pelos estados e municípios, São Paulo aplicou 3,3 milhões de doses".

"A pasta [Ministério da Saúde] reforça que todos os estados estão abastecidos de vacinas contra a Covid-19 para garantir a vacinação da população. A distribuição é feita de forma escalonada de acordo com o público-alvo planejado pela gestão local, o andamento da vacinação e a capacidade de armazenamento dos estados e municípios", diz a nota.

"O Ministério da Saúde distribui as doses de vacinas aos estados com tempo hábil para que as secretarias estaduais de saúde possam redistribuí-las aos municípios para aplicação na população", conclui o Ministério da Saúde.

Nesta quarta, o Governo de São Paulo rebateu a informação do ministério e diz que aguarda o envio de 1,3 milhão de doses há duas semanas. "A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo informa que, até esta quarta-feira (26), recebeu do Ministério da Saúde e distribuiu aos 645 municípios cerca de 7,6 milhões de doses de bivalente, destinadas ao então público elegível de 14,3 milhões de pessoas", disse a pasta.

"Há duas semanas, o estado aguarda do ministério envio de 1,3 milhão de doses para este primeiro público, previstas para serem entregues nesta quinta-feira (27) e sexta-feira (28), com duas remessas de 677,1 mil cada", afirma o governo Tarcísio.

O governo federal não informou até quando conseguirá concluir o abastecimento de doses para o público-alvo de 23 milhões.

Cada estado é quem define o esquema de imunização. A estimativa é que 97 milhões de brasileiros, acima de 18 anos, procurem pelas unidades de saúde.

Na cidade de São Paulo, a campanha prioriza o público com 50 anos ou mais. Capitais como Recife, Rio de Janeiro e Salvador já deram início na ampliação para toda população acima de 18 anos.

A bivalente contém mistura da cepa original do vírus de Wuhan, na China, e as variantes da ômicron BA.4 e BA.5, proporcionando uma maior proteção contra a ômicron e as linhagens em circulação do vírus da Covid.

Deve tomar a bivalente quem já recebeu, pelo menos, duas doses de vacinas monovalentes (Coronavac, Astrazeneca ou Pfizer), respeitando um intervalo de quatro meses da última dose.

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