Descrição de chapéu The New York Times

Novos estudos confirmam que vacina Jynneos protege contra a mpox

Vacinação reduz a probabilidade de as pessoas contraírem e espalharem a doença; eficácia de duas doses varia entre 66% e 88%

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Emily Anthes
The New York Times

A vacina Jynneos, fabricada pela farmacêutica Bavarian Nordic, oferece proteção no mundo real contra a mpox (varíola dos macacos), e duas doses parecem ser mais eficazes que uma, segundo três novos estudos observacionais publicados na quinta-feira (18).

A eficácia de duas doses da vacina varia entre 66% e 88%, conforme o estudo, e a eficácia de uma dose apenas, entre 36% e 75%.

Os pesquisadores também concluíram que a chamada dosagem intradérmica —que envolve injetar a vacina entre camadas da pele, em lugar de sob a pele, e requer apenas um quinto da dose habitual —fornece proteção aproximadamente equivalente à da injeção subcutânea convencional.

A pesquisa foi publicada em um relatório semanal dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) e no New England Journal of Medicine.

Médico mostra frasco de vacina contra mpox; estudos mostram eficácia de imunizante - Pascal Guyot/AFP

Ainda restam muitas perguntas sobre a vacina, que não havia sido usada amplamente até o surto de mpox, antes chamada varíola dos macacos, ocorrido no verão passado e que afetou em grande medida homens que fazem sexo com homens.

Nenhum dos novos estudos foram ensaios controlados randomizados, e algumas das análises foram pequenas.

Serão necessários mais estudos para determinar a eficácia da vacina em pessoas imunocomprometidas, quanto tempo dura a proteção, e se esse tempo varia segundo a forma de administração das doses.

Houve mais de 30 mil casos de mpox nos últimos 12 meses nos Estados Unidos. O número de casos caiu fortemente após o pico alcançado no verão passado.

Os casos de mpox também vêm diminuindo no resto do mundo, e no início deste mês a Organização Mundial de Saúde declarou o fim da emergência de saúde pública.

"Mas o surto não acabou. Precisamos continuar alertas e seguir com os esforços de prevenção", disse o Dr. Christopher Braden, responsável pela resposta do CDC ao surto de mpox, em briefing à imprensa na quinta (18).

Mais de 1,2 milhão de doses da vacina foram aplicadas nos EUA nos últimos 12 meses. Mas o número de vacinações vem caindo desde o verão passado, e, segundo o CDC, apenas 23% das pessoas em todo o país consideradas em risco já receberam as duas doses de vacina. E há grandes disparidades geográficas, raciais e étnicas na cobertura vacinal.

Está claro, também, que a vacina não é uma solução milagrosa. Em um novo agrupamento de casos notificado recentemente em Chicago, muitos dos pacientes estavam plenamente vacinados.

O Departamento de Saúde de Chicago e o CDC estão investigando esse grupo, que hoje inclui 21 pessoas, todas as quais tiveram sintomas leves, disse Demetre Daskalakis, vice-coordenador na Casa Branca da resposta nacional à mpox, na coletiva de imprensa da quinta-feira.

"O que sabemos, porém, é que a vacinação reduz a probabilidade de as pessoas contraírem e espalharem a mpox. E, o que é mais importante, mesmo que não elimine o risco de infecção, reduz a probabilidade de os pacientes adoecerem gravemente, ser hospitalizados ou morrer", ele disse.

Fabricada por uma pequena empresa dinamarquesa, a Jynneos é a mais segura das duas vacinas disponíveis contra mpox. Ela foi criada inicialmente para ser dada como duas doses, ambas administradas em injeção subcutânea, com 28 dias de intervalo.

Mas, como os estoques da vacina eram limitados, as autoridades se desviaram do procedimento previsto.

Algumas começaram a administrar apenas uma dose única da vacina, que alguns estudos haviam sugerido que já poderia garantir proteção considerável.

Porém, em agosto passado, as autoridades federais deram autorização emergencial para a dosagem intradérmica, para ajudar a estender o alcance do estoque limitado de vacinas.

Mas há poucas evidências até agora sobre a eficácia dessas estratégias, que foram baseadas em grande medida em conclusões de pesquisas e não na experiência real de pacientes.

Os casos de mpox podem aumentar nas próximas semanas "quando as pessoas se reúnem em festivais e outros eventos", avisou o CDC. Sanitaristas e autoridades estão recomendando que as pessoas em situação de risco se vacinem antes do início dos eventos do orgulho LGBTQ, que vão começar em junho.

"Para mim, a mensagem mais urgente seria: ‘se você ainda não recebeu uma dose, faça isso agora, porque é preciso aguardar quatro semanas antes de receber a segunda’", disse Jacqueline L. Gerhart, executiva médica chefe da Epic Research e uma das principais pesquisadoras do estudo publicado no New England Journal of Medicine.

Daskalakis disse que há novos estudos sendo feitos sobre a vacina, inclusive para pesquisar a permanência de seu efeito ao longo do tempo.

Com reportagem de Sharon Otterman

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.