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Quais os riscos do uso excessivo de redes sociais à saúde dos jovens

Edição da newsletter Cuide-se explica por que faixa etária é mais suscetível à dependência

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São Paulo

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Redes sociais: uma questão de saúde

Os smartphones e a internet de banda larga fizeram avançar a comunicação global, mas com as benesses vêm também os riscos. Assim como drogas lícitas (como álcool e cigarro) e ilícitas (como maconha e cocaína), as redes sociais também geram adição.

Como explica o psiquiatra Rodrigo Bressan, existem dois principais sistemas que controlam as nossas atividades cotidianas:

  • O sistema límbico, associado às sensações de prazer e impulsos mais básicos, como fome, vontade de ir ao banheiro e prazer sexual;

  • O sistema cortical (também chamado pré-frontal) que é, digamos, racional e controla esses impulsos.

Assim como outros animais, nós aprendemos o que fazer em cada situação por um sistema de recompensas: se temos fome e comemos, a sensação de saciedade nos indica que fomos recompensados.

A mesma coisa acontece com outras necessidades, como sono, sede ou a bexiga cheia. Mas, assim como essas atividades são essenciais para nos manter vivos, o mesmo sistema também ensina sobre comportamentos aditivos. E é aí que entra o perigo.

O comportamento aditivo das redes sociais tem um efeito muito maior nos jovens do que nos adultos - Farknot Architect/Adobe Stock

Se uma pessoa que fuma traga um cigarro, imediatamente o sistema de recompensa irá dar uma sensação de prazer (na forma de neurotransmissores como dopamina), mesmo que o seu sistema cortical diga que o cigarro provoca câncer de pulmão.

A sensação de satisfação por usar uma rede social, como o Instagram, e receber likes, gera o mesmo efeito. No longo prazo, aprendemos que, para ter seguidores, receber likes e nos sentirmos conectados com milhões de pessoas, é preciso usar continuamente as redes sociais para não perder essa sensação de prazer.

Jovens x Adultos

Os adultos, em geral, têm mais controle (olha o sistema pré-frontal aí novamente) para saber quando parar de usar, quando é preciso trabalhar ou focar em outras atividades. Os jovens, não.

Por quê? Em geral, o sistema límbico nos adolescentes é muito fortalecido e o cortical, pouco. Isso explica o comportamento mais impulsivo e às vezes inconsequente nessa faixa etária.

  • O comportamento aditivo das redes sociais tem um efeito muito maior nos jovens do que nos adultos;

  • Isso também tem relação com o tempo de exposição: se iniciado muito cedo, como qualquer vício, será mais difícil largá-lo.

Recompensa em um minuto, depressão no outro

Assim como um fumante que tenta largar o cigarro sofre com sintomas de abstinência, um usuário de redes sociais vive dores semelhantes. Estudos associam o uso dessas plataformas com maior solidão, fobia social e falta de sono.

Deixar de acessar cria efeitos de abstinência semelhantes aos de fumantes, como depressão, ansiedade e isolamento.

No outro extremo, a dependência das redes cria um universo irreal, muitas vezes difícil de ser alcançado na vida fora das telas, onde as relações pessoais são mais complexas.

Isso também pode levar a transtornos alimentares e de personalidade, automutilação e a chamada nomofobia, que é o medo irreal de ficar sem usar o aparelho celular.

Dicas do que fazer

Os especialistas são claros: restringir as telas até os sete anos de idade. Dos 7 aos 12 anos, os pais e responsáveis devem fazer o uso acompanhado das crianças, para monitorar conteúdos problemáticos que as crianças podem ter acesso e evitar experiências de uso impróprio.

  • O chamado PL da Fake News trata de temas relacionados com isso (veja aqui)

Na adolescência, é mais difícil controlar o uso dos celulares. Conversar sobre os principais tipos de usos saudáveis e estimular a prática de atividades fora de casa e o convívio social são também recomendados pelos estudiosos.

Lembre sempre que, como as substâncias citadas aqui, o uso das redes sociais tem responsabilidades e consequências. É importante os pais conversarem com os filhos sobre o que significa a responsabilidade virtual e o que deve ou não ser compartilhado.

Novidades em saúde e bem-estar

  • Uma pesquisa observou que altas taxas do hormônio do estresse –cortisol– no último trimeste da gestação estão associados ao melhor desenvolvimento da fala e da aprendizagem em crianças de até três anos. O estudo conduzido no Hospital da Universidade Odense, na Dinamarca, por Anja Ferger, é o primeiro a investigar essa associação. Ele foi foi apresentado no último sábado (13) no Congresso Europeu de Endocrinologia, em Istambul (Turquia).
  • Por que sentimos atração por algumas pessoas e outras não? Essa pode parecer uma pergunta sem resposta, mas pesquisadores da Universidade de Boston acharam alguns sinais indicativos em uma série de experimentos publicados na última edição do periódico Journal of Personality and Social Psychology. Nos experimentos, Charles Chu e sua equipe procuraram identificar o que em outras pessoas era atraente para um outro grupo. "Existem jeitos de encontrar pessoas que podem nos gerar atração na vida, mas se passamos o tempo todo pensando ‘quem é parecido comigo, e quem não é’, esse não é o jeito mais produtivo de buscar alguém que te atraia, porque as pessoas são mais complexas", conclui o autor.
  • Um estudo brasileiro conseguiu identificar um possível marcador genético de risco de Alzheimer. O gene, conhecido como apoe, codifica uma proteína chamada apoliproteína E. Ela provoca inflamação das células cerebrais, um dos efeitos das doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer. Em pessoas com a variante apoe4 (gene com mutação do tipo 4), essas proteínas são produzidas em grandes quantidades. Felizmente, o uso de anti-inflamatórios comuns pode reduzir a inflamação e retardar a progressão da doença. Os achados são parte da pesquisa de doutorado de João Pedro Souza, da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e foram publicados no último mês na revista Science Advances.
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