Quais os efeitos do calor no corpo? Veja o que fazer para se proteger

Edição da newsletter Cuide-se fala sobre os danos do calor extremo no organismo

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São Paulo

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Tá, eu sei que você já deve estar cansado de ouvir frases do tipo "e esse calor, hein?". Mas com os recordes históricos de calor recentes, preciso chamar atenção para os efeitos que as altas temperaturas provocam no nosso organismo. Nesta edição, vamos explorar um pouco a relação do calor com os riscos à saúde.

Quanto de calor é realmente ruim?

Vivendo em um país tropical, como o Brasil, talvez você esteja se perguntando "tá, mas e daí? Sempre fez calor aqui, por que isso agora é um problema?". Bem, primeiro é importante distinguir o que seria um calor considerado esperado (ou seja, dentro da previsão climática esperada) e o quanto é um excesso de calor.

Piscinão em clube na clube da comunidade Vila Curuçá, zona leste de São Paulo - Jardiel Carvalho - 19.set.2023/Folhapress

É normal no verão em muitas partes do país atingir temperaturas acima de 30 ºC, até 35 ºC. Mas essa temperatura ocorre por alguns dias e em uma época do ano com bastante chuvas, característico de uma região tropical. Nas demais épocas do ano, as médias são bem mais baixas e, no inverno, o tempo seco normalmente vem acompanhado de máximas de 20 ºC. Porém, a combinação de temperaturas acima de 35 ºC com um tempo seco são muito mais prejudiciais ao organismo.

Quais os efeitos no corpo?

Ventilador, ar-condicionado, piscina, roupas frescas, isso tudo ajuda a se refrescar em um calorão. Mas a verdade é que, bem além do desconforto causado pela temperatura elevada, podemos sofrer com tonturas, fraqueza, elevação dos batimentos cardíacos e até desmaios no calor intenso.

O aquecimento também pode provocar efeitos diretos no organismo. Um desses efeitos é nos rins, responsáveis por filtrar o sangue e produzir a urina, onde são eliminadas substâncias indesejadas. Como o calor intenso provoca muita transpiração através da pele, podemos sofrer com a perda de sais. E, sem a reposição de água, os rins podem ser danificados.

A alta temperatura pode também provocar danos cardiológicos, uma vez que o coração precisa bombear mais rapidamente o sangue para ele chegar às diferentes partes do corpo. Em primeiro lugar, podemos sentir inchaço dos vasos, principalmente nos membros periféricos (mãos e pés), mas também vermelhidão, irritação na pele e coceira.

O suor é um mecanismo natural do nosso corpo para diminuir a temperatura interna, uma vez que elimina o calor na forma de evaporação. Mas a hiperidrose (suar muito) pode não só ser incômodo, causando desconforto e mal cheiro, como também levar a quadros de desidratação.

O ar seco e poluído, típico dos grandes centros urbanos nesses últimos dias, também pode ressecar as mucosas, especialmente do nariz e boca. Alguns dos efeitos podem ser sangramento, dificuldade para respirar, tosse seca, falta de ar e, em casos extremos, crises asmáticas. Nestas temperaturas, crianças e idosos são especialmente sensíveis também para infecções pulmonares.

Por isso, é fundamental se proteger e evitar ficar sob o sol nos períodos de calor intenso. Veja abaixo algumas dicas para poupar sua saúde nas altas temperaturas, segundo a Defesa Civil:

  • Hidrate-se

  • Não substitua água por bebidas alcoólicas

  • Faça refeições leves e frias mais vezes ao dia

  • Prefira ambientes arejados e evite aglomerações

  • Proteja-se do sol com chapéu, óculos escuros, roupas leves e protetor solar

  • Use soro fisiológico nos olhos e narinas

  • Não faça exercícios físicos em horários com maior incidência de raios UV, das 11h às 17h

E por que temperaturas tão altas?

Não é de hoje que as temperaturas em todo o planeta estão subindo. Desde o fim da revolução industrial, no século 19, a temperatura global já subiu 1,2 ºC. De acordo com o Painel Intergovernamental de Mudança do Clima da ONU (IPCC, na sigla em inglês), não é mais possível limitar o aumento da temperatura a 1,5 ºC até o fim do século 21, mas é possível limitar a 2 ºC.

  • Esse aumento de 1,5 ºC já representa efeitos drásticos ao meio ambiente, como o aumento de eventos climáticos extremos (chuvas e secas intensas) e a frequência desses eventos.

Por isso, é preciso considerar os riscos da crise climática na sociedade e no nosso organismo. Além dos desastres que levam aos deslizamentos de terra, desalojamentos, inundações e dezenas de milhares de pessoas desabrigadas, as chuvas podem trazer doenças, como aquelas transmitidas pela água não tratada.

Outros danos à saúde podem ser no aumento de doenças transmitidas por mosquitos, as chamadas arboviroses, como dengue, zika e chikungunya, uma vez que o desmatamento e a redução das áreas florestadas levam esses insetos para zonas urbanas.

As mortes relacionadas pela temperatura extrema têm crescido em todo o mundo, atingindo mais de 60 mil pessoas na Europa e no Reino Unido no último ano. A Secretaria Estadual de Saúde de SP registrou um aumento de 102% dos atendimentos relacionados ao calor neste ano. E, na capital, uma morte em decorrência do calor foi registrada em 2023.

CIÊNCIA PARA VIVER MELHOR

Novidades e estudos sobre saúde e ciência

  • Cientistas brasileiros purificam água contaminada com glifosato. Pesquisadores da Unesp (Universidade Estadual Paulista) desenvolveram uma técnica que consegue limpar água com contaminação por glifosato, um dos principais agrotóxicos usados no mundo. A estratégia foi obtida a partir do bagaço da cana-de-açúcar e pode ajudar no tratamento de água em áreas afetadas pela agricultura.
  • Técnica capaz de detectar vírus mortal pode ajudar na contenção. Cientistas chineses desenvolveram um teste molecular para identificar a infecção pelo vírus herpes B de macaco, altamente contagioso e com uma mortalidade de cerca de 80%. A nova técnica combina o PCR (também usado em testes para detecção do Sars-CoV-2) com um exame que procura anticorpos, conseguindo detectar com precisão uma infecção pelo vírus. O vírus herpes B do macaco afeta primatas, incluindo humanos, e é transmitido principalmente por mordidas, arranhões e outras feridas provocadas por espécies de macacos. A pesquisa foi publicada na revista especializada Zoonoses.

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