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Dormir após o almoço faz bem ao cérebro e coração, mas na dose certa

Dormir ou cochilar após o almoço pode diminuir o risco de demência e de doenças cardiovasculares; o tempo correto, no entanto, é crucial

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Alexandre Freund
DW

Aquele cochilo depois do almoço, normalmente no início da tarde, pode ser mesmo uma ótima ideia. Pesquisadores identificaram uma relação causal moderada entre a sesta e uma desaceleração do processo de encolhimento cerebral típico do envelhecimento.

O estudo publicado na revista Sleep Health constatou que um cochilo regular é bom para o cérebro no longo prazo, pois um volume total maior do órgão reduz o risco de demência e outras doenças.

Para o estudo, pesquisadores da Universidade da República do Uruguai e da University College London analisaram os dados de 378.932 indivíduos entre 40 e 69 anos do estudo de longo prazo UK Biobank. Segundo a pesquisa, existe até mesmo uma predisposição genética para a tendência a tirar um cochilo.

De acordo com os especialistas em sono do Hospital Geral de Massachusetts, Estados Unidos, há três tipos de indivíduos para os quais o cochilo é particularmente importante: quem acorda muito cedo; quem sofre de distúrbios do sono; e quem geneticamente precisa dormir mais.

Homem branco, de óculos e barba, dorme debruçado sobre uma mesa; ele segura um copo de café em uma das mãos
Há três tipos de indivíduos para os quais o cochilo é importante: quem acorda muito cedo; quem sofre de distúrbios do sono; e quem geneticamente precisa dormir mais - Katie_martynova/Getty Images

Cochilo aumenta a capacidade cognitiva?

Não está claro, entretanto, se os cochilos melhoram as capacidades mentais. Especialistas em sono de Michigan, EUA, por exemplo, não detectaram nenhum benefício para as aptidões cognitivas. No Uruguai, os cientistas tampouco encontraram indicações de melhora do tempo de reação ou de processamento visual.

Por sua vez, uma pesquisa chinesa concluiu que um cochilo ao meio-dia melhora as capacidades cognitivas dos idosos. Embora sejam malvistas em muitos países ocidentais, as sestas são muito comuns na China, no Japão e na Espanha.

"Na China, a hora do cochilo é integrada à programação pós-almoço de muitos adultos no trabalho e de estudantes na escola", inforna Xiaopeng Ji, da Universidade de Delaware.

Pressão alta e derrame?

Entretanto, outro estudo chinês, baseado em dados coletados no Reino Unido, indicou que cochilos frequentes ou regulares estariam associados a um risco 12% maior de desenvolver pressão alta e 24% maior de derrame, em comparação com quem nunca tira uma sesta.

Muitos dos participantes, porém, eram homens (que geralmente cuidam menos da saúde), além de terem baixos níveis de escolaridade e renda, fumarem e beberem álcool diariamente, e sofrerem de insônia ou terem hábitos antes noturnos.

A pressão alta ou a obesidade também podem causar fadiga acima da média. Os cochilos também costumam estar associados à obesidade, mas não são necessariamente culpados pela má saúde. O pesquisador Michael Grandner, da Universidade do Arizona, lembra que muitas vezes quem cochila é quem não consegue dormir à noite: "O sono noturno ruim implica uma saúde pior, e um cochilo não basta para compensar."

A sesta perfeita

De acordo com um estudo suíço, só cochilos ocasionais são bons para a saúde do coração. Ou seja: uma ou duas vezes por semana, não todos os dias. "Uma sesta ocasional, e não diária, reduz significativamente os riscos cardiovasculares", explica Hans-Joachim Trappe, diretor da Clínica II da Universidade do Ruhr, em Bochum, Alemanha.

Cochilos esporádicos, portanto, são bons para o cérebro e o coração. Entre 20 e 30 minutos bastam para evitar que o dorminhoco caia em sono profundo e depois se sinta mais cansado do que antes do cochilo.

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