Descrição de chapéu Coronavírus

Covid reduziu expectativa de vida em 1,6 ano no mundo, diz estudo

Durante 2020 e 2021, a taxa de mortalidade para maiores de 15 anos aumentou em 22% para os homens e em 17% para as mulheres

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Daniel Lawler
AFP

A Covid fez com que a expectativa de vida média das pessoas em todo o mundo caísse 1,6 ano nos primeiros dois anos da pandemia, uma redução maior do que se pensava, segundo um estudo publicado nesta terça-feira (12).

Isso significa um claro retrocesso após décadas de aumento ininterrupto da esperança de vida global, segundo centenas de pesquisadores que examinaram dados de todo o mundo para o Instituto para Medição e Avaliação da Saúde (IHME, na sigla em inglês) com sede nos Estados Unidos.

"Para os adultos em todo o mundo, a pandemia de Covid teve um impacto mais profundo do que qualquer outro evento em meio século, incluindo conflitos e desastres naturais", disse Austin Schumacher, pesquisador do IHME e autor principal do estudo publicado na revista The Lancet.

Idosos caminham em praia de Santos, no litoral paulista
Mesmo com o retrocesso que a pandemia supôs, as pessoas vivem muito mais tempo - Rubens Cavallari - 14.set.2020/Folhapress

Durante 2020-2021, a esperança de vida diminuiu em 84% dos 204 países e territórios analisados, "o que demonstrou os impactos devastadores potenciais" dos novos vírus, disse em comunicado.

Os pesquisadores estimaram que a taxa de mortalidade para pessoas maiores de 15 anos aumentou em 22% para os homens e em 17% para as mulheres durante esse tempo.

Cidade de México, Peru e Bolívia foram alguns dos lugares onde a esperança de vida caiu de maneira mais pronunciada.

Mas o estudo Custo Mundial das Doenças do IHME também trouxe algumas boas notícias.

Meio milhão a menos de crianças menores de cinco anos morreram em 2021 em comparação com 2019, o que confirmou uma diminuição a longo prazo da mortalidade infantil.

Um pesquisador do IHME, Hmwe Hmwe Kyu, elogiou este "progresso incrível", que confirma que o mundo deveria se concentrar na "próxima pandemia e em abordar as enormes disparidades em saúde entre os países".

Apesar do retrocesso que a pandemia supôs, as pessoas vivem muito mais tempo. Entre 1950 e 2021, a expectativa média de vida ao nascer aumentou em 23 anos, de 49 para 72, disseram os pesquisadores.

16 milhões de mortes relacionadas à Covid

Estima-se que a Covid foi responsável por 15,9 milhões de mortes em excesso durante 2020-2021, seja diretamente pelo vírus ou indiretamente devido ao agravamento de outras enfermidades após contrair o vírus Sars-CoV-2, segundo os pesquisadores.

Isso representa um milhão a mais de mortes em excesso das estimadas previamente pela OMS (Organização Mundial da Saúde).

As mortes em excesso são calculadas comparando o número total com as que estavam previstas se não tivesse ocorrido uma pandemia.

Barbados, Nova Zelândia e Antígua e Barbuda estiveram entre os países com as taxas mais baixas de mortes em excesso durante a pandemia, o que, em parte, confirma que países insulares se saíram melhor no período.

O estudo também mostrou como as populações de muitos países envelhecidos e ricos começaram a diminuir, enquanto continuam crescendo em países menos ricos.

Essa dinâmica "trará desafios sociais, econômicos e políticos sem precedentes, como uma escassez de mão de obra em áreas onde as populações mais jovens estão diminuindo e escassez de recursos em lugares onde o tamanho da população continua se expandindo rapidamente", advertiu Schumacher.

"As nações de todo o mundo vão precisar cooperar em termos de emigração voluntária", acrescentou.

Mortalidade infantil caiu a nível histórico em 2022, diz relatório da ONU

O número de crianças globalmente que morreram antes de completar cinco anos caiu para um recorde de 4,9 milhões em 2022, mas isso ainda representa uma morte a cada seis segundos, de acordo com novas estimativas da ONU (Organização das Nações Unidas).

Embora a taxa de mortalidade de menores de cinco anos tenha sido reduzida pela metade desde 2000, o mundo ainda está atrasado na meta de reduzir as mortes evitáveis nesse grupo etário até 2030, e o progresso diminuiu desde 2015, constatou o relatório divulgado nesta quarta-feira (13).

Os números representam "um marco importante", disse Juan Pablo Uribe, diretor de saúde, nutrição e população do Banco Mundial, um dos parceiros que elaboraram o relatório ao lado do Unicef (Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas para a Infância), da divisão de população da ONU e da OMS (Organização Mundial da Saúde).

"Mas isso simplesmente não é suficiente."

A situação é variada. Alguns países, como Camboja, Maláwi e Mongólia, reduziram as taxas de mortalidade de menores de 5 anos em mais de 75% desde 2000.

No geral, as mortes de bebês e crianças menores de cinco anos em 2022 estavam concentradas na África subsaariana, que representava 57% do total global, apesar de representar apenas 30% dos nascimentos vivos naquele ano. O sul da Ásia teve cerca de um quarto tanto das mortes quanto dos nascimentos vivos. Cerca da metade das mortes globalmente são de recém-nascidos, disse o relatório.

Os parceiros da ONU acrescentaram que o relatório foi limitado pela falta de dados nos países mais afetados.

As mortes foram em grande parte causadas por causas evitáveis ou tratáveis, como nascimento prematuro, pneumonia ou diarreia. Melhor acesso à atenção primária à saúde e aos agentes comunitários de saúde poderiam melhorar drasticamente a perspectiva, disse a ONU, embora as mudanças climáticas, o aumento da desigualdade, conflitos e as consequências a longo prazo da Covid possam ameaçar todo o progresso.

Com informações da Reuters

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