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Argentina, Bolívia, Colômbia e México defendem Castillo em comunicado ambíguo

Chancelaria de Bogotá divulga carta que pede proteção a ex-presidente e 'respeito à vontade popular' sem exortar volta de populista ao cargo

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Lima | AFP e Reuters

Os governos da Argentina, da Bolívia, da Colômbia e do México assinam um comunicado conjunto, divulgado na tarde desta segunda-feira (12) pela chancelaria de Bogotá, exortando o Peru a proteger os direitos humanos e legais do ex-presidente Pedro Castillo.

O político populista está preso desde a última quarta-feira (7), depois de ser destituído pelo Parlamento após uma tentativa fracassada de golpe de Estado.

O ex-presidente do Peru Pedro Castillo em audiência por videoconferência após ser preso - Reprodução Justicia TV - 8.dez.22/AFP

Os países, governados por líderes de esquerda, expressaram respaldo a Castillo, chamado no comunicado de presidente. "Castillo, desde o dia de sua eleição, foi vítima de um assédio antidemocrático que viola a Convenção Americana de Direitos Humanos", diz o texto.

"Nossos governos convocam todos os atores envolvidos no processo a priorizar a vontade dos cidadãos que se manifestou nas urnas [em 2021]. Exortamos às instituições que se abstenham de reverter a vontade popular expressada com o voto popular livre."

A nota, porém, não pede a restituição do populista ao cargo, hoje ocupado por Dina Boluarte, que era vice-presidente e foi empossada pelo Parlamento. Castillo está detido e enfrenta acusações de rebelião e conspiração. Nesta segunda, em carta publicada em sua conta nas redes sociais, ele disse ainda se considerar chefe do Executivo e chamou a sucessora de usurpadora.

O texto dos países sul-americanos termina com um pedido às autoridades peruanas para que "respeitem integralmente os direitos humanos do presidente Pedro Castillo e que seja garantida a ele a proteção judicial".

Desde a última quarta, o Peru tem vivido uma onda de protestos que já deixou ao menos seis mortes. A missão no Peru do Alto Comissariado para Direitos Humanos da ONU reagiu às mortes e defendeu "a importância de ouvir as preocupações e reclamações da população para enfrentar de forma eficaz a situação atual".


Neste segunda, os atos continuaram e até ganharam corpo, mesmo depois de Dina afirmar, em pronunciamento, que encaminharia ao Congresso um projeto para antecipar as eleições gerais de 2026, quando se encerraria seu mandato, para 2024.

Ela também anunciou o estabelecimento de um estado de emergência para "recuperar o controle da ordem interna".

Dos signatários da carta, o México já teve atritos diplomáticos com Lima devido ao caso de Castillo —o político populista teria tentado fugir para a embaixada do país da América do Norte logo depois de ser destituído e fez um pedido formal de asilo.

O presidente Andrés Manuel López Obrador chegou a afirmar que esperaria para reconhecer Dina como chefe do Executivo, e viu a chancelaria peruana convocar o embaixador —gesto visto como reprimenda na diplomacia— e chamar as declarações de autoridades mexicanas de "interferência em assuntos internos".

O colombiano Gustavo Petro e o boliviano Luis Arce fizeram críticas à decisão do Congresso de aprovar uma moção de vacância contra Castillo, mas o argentino Alberto Fernández já havia até telefonado a Dina depois que ela foi empossada.

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