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Vacinas contra dengue encalham em SP e cidades ampliam faixa etária

Estado aplicou 20,5 mil doses, conferindo cobertura de 25,9% da população elegível

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São Paulo

Cinco das 11 cidades da região do Alto Tietê, no estado de são Paulo, ampliaram a vacinação contra a dengue para adolescentes de 12 a 14 anos após baixa adesão à campanha de imunização. Inicialmente, a administração ocorria para crianças de 10 e 11 anos.

As cidades que já expandiram o público-alvo para imunização são Arujá, Biritiba Mirim, Guarulhos, Guararema e Santa Isabel. Mogi das Cruzes e Suzano começarão a vacinar o grupo de 12 a 14 anos a partir da próxima segunda-feira (11). Na terça-feira (12), Poá também inicia a aplicação na faixa etária.

Na quarta-feira (6), o governo federal publicou uma nota técnica orientando municípios a ampliarem a faixa etária do público apto a receber a vacina. A medida foi tomada por causa da baixa procura pelo imunizante nos postos de saúde.

Criança é vacinada contra dengue na UBS Tranquilidade, em Guarulhos (SP) - Danilo Verpa/Folhapress

As 11 cidades do Alto Tietê são as únicas do estado contempladas com as doses distribuídas pela pasta. As vacinas foram destinadas a municípios com alto índice de transmissão do vírus e prevalência do sorotipo 2.

Segundo a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, desde 19 de fevereiro, mais de 20,5 mil mil doses foram aplicadas, conferindo cobertura de 25,9% da população elegível, que é de cerca de 79 mil.

O estado tem 169.780 mil casos e 47 óbitos por dengue. Outras 154 mortes estão em investigação.

O percentual de imunizações em São Paulo é ligeiramente superior à média nacional. O Brasil vacinou 20,2% do público-alvo até esta sexta-feira (8). Segundo o Ministério da Saúde, 1,2 milhão de doses foram distribuídas entre os estados e, dessas, 249.335 mil foram aplicadas.

O país registrou mais de 1,3 milhão de casos prováveis de dengue e 363 mortes confirmadas pela doença de janeiro a março de 2024. No mesmo período do ano passado, o país tinha 207 mil registros.

Renato Kfouri, vice-presidente da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), afirma que a baixa taxa de imunização está ligada à dimensão da campanha, que é direcionada a cerca de 520 municípios.

"Depois tem a questão da comunicação, você não pode fazer a nível nacional, tem que fazer comunicação estadual e até municipal. Ou seja, não é simples chegar nas populações."

O médico diz também que a imunização não tem o potencial de mudar o curso da doença, uma vez que a oferta de doses é baixa. "Cerca de 3 milhões de pessoas vacinadas esse ano e 4 milhões vacinadas no ano que vem não impactarão nos números da dengue. Protegerá obviamente os vacinados, mas não é a estratégia que vai modificar os números."

Para o médico Marcelo Otsuka, membro dos Departamentos de Imunizações e Pediatria Legal da SPSP (Sociedade de Pediatria de São Paulo), a baixa adesão se relaciona principalmente com o crescimento dos movimentos antivacina e medidas que desestimulam a prática.

"Infelizmente, em vários locais não é mais obrigatório que a criança esteja com o calendário de vacinação em dia para frequentar a escola. Esse é um grande problema porque nós deixamos de nos proteger de várias doenças que são prevenidas pela vacina e que são extremamente problemáticas. Inclusive a dengue, que tem produzido mortalidade no país", afirma.

Otsuka também alerta para o fato de que, em meninos e meninas, os sintomas da dengue podem ser diferentes dos que ocorrem em adultos. Segundo o médico, crianças têm mais facilidade para desenvolver quadros graves, o que pode levar ao que é chamado de "choque".

A ausência de um tratamento específico para dengue também atrapalha o manejo da doença. A orientação é que pacientes que receberem o diagnóstico se hidratem e tenham acompanhamento médico para o controle das funções dos órgãos até a recuperação total.

O médico alerta também para o risco de automedicação, que pode agravar o quadro. Pessoas com idade entre 0 e 2 anos, com comorbidade, e idosos são as que correm mais risco.

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