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Entenda por que diagnóstico de TDAH é mais complexo em adultos do que em crianças

Edição da newsletter Cuide-se fala sobre as barreiras na detecção e no tratamento da condição em pessoas mais velhas

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São Paulo

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Cresce o número de pessoas que, com dificuldade de concentração e frustração por não conseguirem completar tarefas cotidianas, buscam ajuda profissional e são diagnosticadas com TDAH. Nesta edição, explico o que é a condição e quais as principais barreiras no diagnóstico e tratamento.

Pacientes com sintomas típicos de TDAH acabam recebendo diagnóstico para outras condições mentais - Adobe Stock

TDAH em pessoas mais velhas

O TDAH (transtorno do déficit de atenção e hiperatividade) é uma condição neuropsiquiátrica que não se limita à infância e adolescência. Nos últimos anos, têm crescido os diagnósticos tardios em adultos, que se queixam de sintomas que podem ser mascarados por outras condições comuns em pessoas mais velhas.

A falta de acompanhamento contínuo desde a infância dificulta a identificação dos sintomas em uma idade avançada.

  • Estima-se que apenas 9% dos indivíduos com 50 anos ou mais recebam tratamento adequado para o TDAH, apesar da prevalência de 2,5% nesta faixa etária.

  • Em crianças, a estimativa de prevalência é de 5%.

Por essa razão, a comunidade médica e científica ainda vê como desafio o diagnóstico correto e no tempo certo do TDAH em adultos.

Alguns dos sintomas podem ser confundidos com outros distúrbios mentais, como depressão, transtorno bipolar, transtorno dissociativo de identidade, declínio cognitivo moderado, sintomas associados à menopausa em mulheres e distúrbios do sono.

Os sintomas clássicos da condição são desatenção (distraibilidade), hiperatividade e impulsividade. Mas a falta de reconhecimento adequado da condição nos adultos, particularmente nos mais velhos, torna o diagnóstico um grande desafio.

Estudos também indicam que pessoas mais velhas com TDAH possuem comorbidades, como ansiedade e depressão, o que pode mascarar ainda mais os sintomas.

Um estudo recente destacou que muitos profissionais de saúde não consideram o TDAH como uma possível condição em adultos acima de 50 anos, o que resulta em diagnósticos incorretos e tratamentos inadequados.

A falta de formação específica entre médicos é uma das principais causas desse problema. Mas, como me explicou o chefe do setor de neuropsiquiatria de adultos do Hospital São Paulo, Mauro Louzã, em geral as manifestações de TDAH são similares em adultos e crianças, o que muda é o contexto, que se torna mais complexo.

Por exemplo: uma criança de 6 anos de idade em um ambiente escolar terá características de hiperatividade e distração mais notadas do que um adulto jovem de 30 anos, que trabalha, cuida da casa e estuda à noite e tem diferentes tarefas em diferentes contextos.

Sinais de alerta. Os sintomas em adultos podem diferir daqueles observados em crianças. Entre os principais sinais estão:

  • Dificuldade em gerenciar o tempo;

  • Problemas de organização;

  • Esquecimento frequente;

  • Impulsividade;

  • Dificuldade em manter a atenção em tarefas rotineiras.

Quais os tratamentos
Os tratamentos usuais para TDAH incluem medicamentos psicoestimulantes, como Ritalina e Venvanse.

No entanto, a combinação desses medicamentos com tratamentos para outras doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, levanta preocupações sobre efeitos colaterais e interações medicamentosas ainda pouco estudadas.

Há, hoje, um debate entre as sociedades médicas, com base nas recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde) de abordagem multimodal, que combina diferentes estratégias terapêuticas para melhor manejo dos sintomas.

Adultos com TDAH devem receber apoio contínuo e ter tratamentos adaptados às suas necessidades específicas. Grupos de apoio, orientação profissional e técnicas de gestão do tempo podem ser extremamente benéficos.


CIÊNCIA PARA VIVER MELHOR

Novidades e estudos sobre saúde e ciência

  • Dieta mediterrânea reduz risco de morte em mulheres. Uma maior adesão à dieta mediterrânea foi associada a um risco 23% menor de mortalidade por todas as causas em mulheres, segundo um estudo publicado na revista Jama Network Open. A pesquisa acompanhou 25.315 mulheres durante 25 anos, sendo um dos mais completos do tipo, e apontou como causa fatores cardiometabólicos diversos, como redução de marcadores inflamatórios, baixo colesterol e IMC (índice de massa corporal) menor.
  • Sedentarismo na infância eleva risco de doença de gordura do fígado. Crianças que passam seis horas ou mais do dia sedentárias têm um risco 15% maior de desenvolver doença gordurosa do fígado antes dos 25 anos, revela um estudo da finlandês apresentado no encontro anual da Sociedade Endócrina em Boston, nos Estados Unidos. Ainda de acordo com a pesquisa, o risco da doença gordurosa hepática cai 33% a cada meia hora adicional de atividade na rotina das crianças além das 3 horas recomendadas.
  • Cirurgia reduz dias com dor de cabeça em pacientes com enxaqueca crônica. Pessoas com enxaqueca que passaram por uma cirurgia de descompressão do nervo tiveram uma redução significativa do número de dias com dor de cabeça, segundo um estudo conduzido por cirurgiões da Universidade Estadual de Ohio e do Centro Médico de McGill e publicado na revista científica Plastic and Reconstructive Surgery. A pesquisa avaliou mais de 1.600 pacientes incluídos em 19 estudos de cirurgia e dor publicados de 2005 a 2020 e demonstra a eficácia da cirurgia nos resultados tanto utilizados pela avaliação de cirurgiões plásticos quanto por neurologistas.

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