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Lula diz ser contra o aborto, porém classifica de 'insanidade' PL Antiaborto por Estupro

Para presidente, prática é uma realidade e precisa ser tratada como questão de saúde pública

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Puglia (Itália)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificou de "insanidade" o PL Antiaborto por Estupro, que restringe o aborto legal em casos de estupro. O petista se disse pessoalmente contra o aborto, mas afirmou que, como a prática é uma realidade, precisa ser tratada como questão de saúde pública.

Em seu último compromisso na Europa, antes de voltar ao Brasil, neste sábado (15), ele concedeu entrevista a jornalistas na Puglia, no sul da Itália, onde participou da reunião de cúpula do G7.

"Acho uma insanidade alguém querer punir uma mulher com uma pena maior do que a do criminoso que fez o estupro", disse o presidente. "À distância, não acompanhei os debates intensos no Brasil, mas, quando eu voltar, vou tomar ciência disso. Tenho certeza de que o que tem na lei já garante que a gente haja de forma civilizada para tratar com rigor o estuprador e com respeito a vítima."

Homem idoso está em pé, vestido com terno escuro, camisa banca e gravata vermelha. Ele está diante de um púlpito com microfones e com duas bandeiras, um de cada lado dele
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dirante entrevista a jornalistas neste sábado (15) na Puglia, no sul da Itália, onde participou da reunião de cúpula do G7 - Palácio do Planato/Divulgação

Lula não detalhou, porém, como o governo pretende se envolver no debate e frear ou modificar o projeto de lei.

Ao ser perguntado se a legislação vigente sobre o aborto no Brasil precisa de mudanças, o presidente afirmou que, como já havia dito nas campanhas presidenciais que disputou, é pessoalmente contra o aborto.

"Eu, Luiz Inácio Lula da Silva, fui casado, tive cinco filhos, oito netos e uma bisneta. Eu sou contra o aborto", afirmou. "Entretanto, como o aborto é uma realidade, a gente precisa tratar como questão de saúde pública."

A manifestação do presidente neste sábado marca uma mudança em relação ao dia anterior, quando afirmou apenas que iria "tomar pé" da situação.

A repercussão negativa sobre a condescendência do governo na votação que instituiu regime de urgência ao PL levou Lula, a primeira-dama, Janja, e a articulação política do Executivo a endurecerem a posição sobre a matéria.

O projeto de lei 1904, que teve a urgência aprovada na última quarta-feira (13) na Câmara dos Deputados, impõe um prazo de 22 semanas na realização de qualquer procedimento de aborto, inclusive em hipóteses atualmente aceitas no país.

Hoje, o procedimento só é permitido em três situações, que são gestação decorrente de estupro, risco à vida da mulher e anencefalia fetal. Os dois primeiros estão previstos no Código Penal de 1940 e o último foi permitido via decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) em 2012. Para todos esses cenários, não há limite da idade gestacional para a realização do procedimento.

O projeto ganhou força após o ministro Alexandre de Moraes suspender uma resolução do CFM (Conselho Federal de Medicina) que proibia a assistolia fetal, um procedimento que consiste na injeção de produtos químicos no feto para evitar que ele seja removido com sinais vitais.

O procedimento é recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e tido pelos protocolos nacionais e internacionais de obstetrícia como a melhor prática assistencial à mulher em casos de aborto legal acima de 20 semanas.

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