Futuro presidente da CBF ignora clubes em diretoria

Caboclo chamou dirigentes de federações, velhos aliados de Del Nero, para ocupar vice-presidências

Rogério Caboclo (à esq.) durante entrevista coletiva com o presidente afastado da CBF, Marco Polo Del Nero
Rogério Caboclo (à esq.) durante entrevista coletiva com o presidente afastado da CBF, Marco Polo Del Nero - Rafael Ribeiro/CBF/Divulgação
Sérgio Rangel
Rio de Janeiro

Candidato único na eleição da CBF, o paulista Rogério Caboclo, 45, já definiu a formação de sua chapa. Ele deixou os clubes e personalidade do esporte fora e se cercou de presidentes de federações. 

A lista de oito vices conta com dirigentes folclóricos, como o presidente da Federação de Futebol do Acre, Antônio Aquino Lopes, o Toniquim. O cartola comanda o modesto futebol da sua região desde 1984.

Mudança do estatuto da CBF no ano passado definiu que uma chapa precisa ter oito vice-presidentes. Com Caboclo como único candidato, o pleito deve ser no dia 17.

Apoiado por 25 federações, Caboclo manteve os quatro vices atuais, escolhidos na eleição de 2014 por Marco Polo Del Nero, seu padrinho político, e convocou mais quatro dirigentes de federações. 

Além de Toniquim, Francisco Novelletto, da federação gaúcha; Ednaldo Rodrigues, da baiana; e Castelar Neto, da mineira, foram chamados para integrar a chapa do candidato único.

A decisão de preencher as vagas com presidentes de federações demonstra que Caboclo pretende manter o estilo de administrar de Del Nero, que privilegiou o fisiologismo na sua gestão.

No xadrez eleitoral da CBF, as federações são maioria. 

Por causa do sistema de pesos, as 27 entidades estaduais contam com 81 votos. Já os 40 Clubes das Série A e B têm, somados, 60 votos.

O postulante ao cargo máximo na confederação precisa ainda do apoio de oito federações estaduais para viabilizar sua candidatura. 

Mensalmente, cada federação recebe R$ 75 mil da CBF, que tem Caboclo como principal executivo atualmente. Já os presidentes das federações ganham R$ 20 mil.

Desde que Del Nero foi suspenso pela Fifa, acusado de receber propina na venda de direitos de torneios, Caboclo comanda a entidade. Ele ocupa o cargo de diretor Executivo de Gestão.

CHAPAS DE DEL NERO

Atuais vice-presidentes, o capixaba Marcus Vicente, o alagoano Gustavo Feijó, o paraense Antonio Carlos Nunes e o maranhense Fernando Sarney permanecem em seus cargos com Caboclo.

Ex-presidente da federação alagoana, Feijó é prefeito licenciado da cidade de Boca da Mata e foi um dos principais articuladores da candidatura de Caboclo. 

Vicente e Nunes também já comandaram federações estaduais. Sarney será mantido por seu peso político.

A principal surpresa é o convite a Toniquim. Desconhecido no cenário nacional, o advogado de 71 anos ganhou fama por ser decisivo numa tumultuada eleição da CBF, vencida por Otávio Pinto Guimarães em 1986. Ele estava fechado com Medrado Dias, outro candidato, mas mudou de lado e deu a vitória a Guimarães.

Caso Toniquim permanecesse fiel a Dias, a eleição terminaria empatada com 13 votos para cada lado. 
Na ocasião, ele foi acusado por adversários de vender seu voto por 400 mil cruzados, moeda da época, cerca de R$ 290 mil. Toniquim sempre negou a acusação.

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