Uma das imagens da Rússia que mais causam, literalmente, calafrios em quem as contempla de longe são as pessoas se banhando no gelo, no período mais severo do inverno.
Trata-se, na verdade, da celebração do kreschênie gospódnie —o batismo do Senhor, festejado na Epifania, 6 de janeiro pelo calendário juliano (adotado pela Igreja Ortodoxa), que equivale a 19 de janeiro no calendário gregoriano (adotado no Ocidente).
Para reproduzir o batismo de Cristo no rio Jordão, os cristãos ortodoxos costumam se banhar na água —idealmente em buracos feitos no gelo, em forma de cruz. Hoje, as cidades russas oferecem uma infraestrutura de apoio, com lugares de banho aquecidos e salva-vidas e médicos de prontidão.
Uma das "manhas" de banhistas experientes é entrar aos poucos e, quando está com água pelo peito, segurar a respiração e mergulhar a cabeça três vezes.
Desaconselha-se a banhistas de primeira viagem que tentem permanecer nas águas por mais do que dez segundos. Ingestão de vodca, ou outras bebidas alcoólicas, também não é tida como ideal —um chá quente teria efeito mais seguro e benéfico.
Neste ano, em plena campanha pela reeleição, o presidente Vladimir Putin se fez fotografar e filmar no kreschênie, enquanto, cercado de ícones religiosos, entrava nas águas do lago Seliguér, localizado a cerca de 400 quilômetros de Moscou.
De acordo com estimativas oficiais, na noite de 18 de janeiro e na madrugada do dia 19 janeiro de 2018 foram realizadas mais de 7.300 liturgias nos templos da Rússia, enquanto 1,8 milhão de pessoas tomaram banho ritual. Temperaturas de -40°C não desencorajaram os fiéis.
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