Vontade e gás para treinar em alto nível definirão futuro de Cielo na natação

Nadador brasileiro de 31 anos disse que tomará decisão sobre aposentadoria em janeiro

César Cielo durante o Mundial de Natação de Hangzhou, na China
César Cielo durante o Mundial de Natação de Hangzhou, na China - Satiro Sodré - 13.dez.18/SSPress/CBDA
Daniel E. de Castro
São Paulo

Cesar Cielo, 31, disse nesta quinta-feira (20), em entrevista no clube Pinheiros, em São Paulo, que tomará uma decisão sobre se aposentar ou continuar em ação quando voltar das suas férias, no início de 2019.

A competição mais recente do medalhista de ouro nos Jogos de Pequim-2008 foi neste mês, no Mundial de piscina curta (25 m) disputado em Hangzhou, na China. Cielo obteve duas medalhas de bronze, nos revezamentos 4 x 100 m livre e 4 x 50 m medley.

Para Cielo, a continuidade de sua carreira depende sobretudo de ter vontade e acreditar que pode seguir mais um ano em alto nível.

"Se você me perguntar agora, com certeza não quero sair de perto da piscina. Acabamos de voltar de um dos campeonatos mundiais mais bonitos de que participei. Ainda estou empolgado com tudo o que aconteceu. Em janeiro, se eu sentir saudades da piscina e que tenho gás para continuar treinando do jeito que eu acredito que preciso treinar, isso vai ajudar a tomar uma decisão final", disse Cielo.

De acordo com ele, o preparo físico não seria um impeditivo para seguir em frente. O que pesa mais é a dedicação necessária para se manter competitivo. "Se eu estacionar no clube e ver que quero voltar para casa, se o alarme tocar para treinar e eu quiser desligar, aí não faz mais sentido."

As principais competições do ano que vem são o Mundial de piscina longa (50 m), na Coreia do Sul, no fim de julho, e os Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru, logo na sequência.

Ele também afirmou que tanto o seu futuro quanto o da natação brasileira dependem de apoio financeiro.

No ano passado, a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos estimou que a verba de patrocínio para o ciclo olímpico de Tóquio-2020 seria 75% menor do que a da preparação para a Rio-2016.

"A parte financeira deve dar uma aquecida em 2019, mas nos últimos anos para o esporte olímpico em especial foram muito difíceis, vimos os patrocínios fugirem do esporte. Dificilmente a gente vê pessoas fechando bons patrocínios. No meu caso, hoje, eu precisaria de um patrocínio legal para continuar, para ter condição financeira de investir na minha carreira", declarou.

Entrevista de Cesar Cielo no Pinheiros, em São Paulo
Entrevista de Cesar Cielo no Pinheiros, em São Paulo - PanamericaPress/ECP/Divulgação

O nadador contou que ficou nervoso antes das provas do último Mundial e que, se optar pela aposentadoria, ainda não sabe onde encontrará uma adrenalina parecida. Mas disse já não sentir a mesma urgência de conquistar feitos no esporte por já ter sido campeão olímpico e mundial.

"Vim nos últimos anos tentando aproveitar outro lado da minha carreira, menos intenso do que nos anos anteriores", explicou.

Nascido em Santa Bárbara d'Oeste (SP), Cielo é o único medalhista de ouro da natação brasileira. Ele, que subiu no lugar mais alto do pódio após vencer os 50 m nado livre na Olimpíada de Pequim-2008, também ganhou duas medalhas de bronze, nos 100 (também em 2008) e nos 50 metros livre (Londres-2012).

Em Mundiais de piscina longa foram sete medalhas, sendo seis de ouro: 50 m livre (2009, 2011 e 2013), 100 m livre (2009) e 50 m borboleta (2011 e 2013).

Ele tem ainda uma medalha de prata, no revezamento 4 x 100 m livre, no Mundial de 2017. Contando as conquistas em piscina curta, o paulista é o maior medalhista brasileiro em campeonatos mundiais de qualquer esporte, com 19 láureas.

O velocista detém também os recordes mundiais dos 50 m livre (20s91) e 100 m livre (46s91), ambos obtidos em 2009, na época marcada pelo uso dos trajes tecnológicos.

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.