Descrição de chapéu Tóquio 2020

Mundial em templo do judô é tira-teima para preparação olímpica

Brasil busca melhora em competição no Japão após sair só com uma medalha em 2018

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São Paulo

Principal evento na preparação para a Olimpíada de Tóquio-2020, o Mundial de Judô de 2019 também será realizado na capital japonesa e servirá como tira-teima para a delegação brasileira.

O evento, que começa na noite deste sábado (24) e vai até o outro domingo (1º), terá como palco o Nippon Budokan, arena que recebeu a Olimpíada de 1964 e também sediará as disputas da modalidade nos Jogos do ano que vem.

Neste ciclo olímpico, os atletas brasileiros tiveram desempenhos contrastantes nos campeonatos mundiais de 2017 e 2018. No primeiro, em Budapeste, os judocas do país foram cinco vezes ao pódio e só ficaram atrás das potências Japão e França no quadro de medalhas.

Já no ano passado, em Baku (Azerbaijão), apenas Érika Miranda saiu do torneio com uma medalha. Pouco tempo depois, ela anunciou sua aposentadoria dos tatames aos 31 anos, quando ocupava a quarta posição do ranking mundial no peso meio-leve (52kg).

Após o adeus de Érika, dona de cinco medalhas em mundiais, outros judocas consagrados do Brasil tentarão fazer com que a performance deste ano seja um fator de motivação para o ápice do ciclo.

São os casos principalmente da bicampeã mundial Mayra Aguiar, 28, da campeã mundial e olímpica Rafaela Silva, 27, e de Rafael Silva, 32, que subiu ao pódio de Jogos Olímpicos duas vezes.

“Não há a possibilidade de um atleta campeão mundial ou olímpico não ter cobrança. A primeira cobrança é dele mesmo, da família, dos clubes e dos patrocinadores. Mas eles são experientes o suficiente para saber conviver com isso e se abster da situação de pressão”, diz Ney Wilson, gestor de alto rendimento da Confederação Brasileira de Judô.

Ele acredita que essa competição mostrará o amadurecimento dos judocas mais novos, que passaram a integrar a elite da seleção há pouco tempo, como Larissa Pimenta, 20. Após a aposentadoria de Érika e a suspensão por doping de Jéssica Pereira, em janeiro, a ex-representante da categoria 48 kg se viu como principal esperança nos 52 kg.

Na nova faixa de peso, ela vem correspondendo com bons resultados internacionais, como a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Lima. Outra aposta da nova geração é Daniel Cargnin, 21, que no Mundial de 2018 perdeu a disputa da medalha de bronze.

“Os jovens que chegaram à equipe principal neste ciclo estão mostrando quem são. Eles estão bem mais preparados e maduros, e o Pan foi uma etapa importante de preparação para o Mundial”, afirma Ney.

Larissa Pimenta com a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Lima
Larissa Pimenta com a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Lima - Guadalupe Pardo - 8.ago.19/Reuters

Haverá outros eventos relevantes no calendário internacional até maio de 2020, quando se encerra o processo de classificação para Tóquio-2020, mas nenhum deles é tão importante em termos de pontuação e prestígio quanto o Mundial.

O nível técnico dessa competição é considerado mais alto até do que o olímpico, já que permite a participação de dois atletas por país em algumas categorias. Nos Jogos há o limite de um representante por nação em cada peso.

O Mundial também é a possibilidade de competir no local considerado um templo do judô, por ter sediado a estreia da modalidade nos Jogos Olímpicos. Em 2020, voltará a receber o evento após 56 anos.

Programação do Mundial de Judô 2019

Veja os representantes brasileiros em cada categoria. As preliminares serão às 23h da noite anterior, e as finais, às 7h (horário de Brasília). O SporTV transmite.

  1. 25 - domingo

    Felipe Kitadai e Eric Takabatake (60 kg)

  2. 26 - segunda

    Larissa Pimenta e Eleudis Valentim (52 kg); Daniel Cargnin (66 kg)

  3. 27 - terça

    Rafaela Silva (57 kg)

  4. 28 - quarta

    Aléxia Castilhos e Ketleyn Quadros (63 kg); Eduardo Yudy Santos (81 kg)

  5. 29 - quinta

    Maria Portela (70 kg); Rafael Macedo (90 kg)

  6. 30 - sexta

    Mayra Aguiar (78 kg); Leonardo Gonçalves e Rafael Buzacarini (100 kg)

  7. 31 - sábado

    Maria Suelen Altheman e Beatriz Souza (+ 78kg); Rafael Silva e David Moura (+100 kg)

  8. 1º - domingo

    Competição mista por equipes

O Budokan foi construído para a primeira Olimpíada de Tóquio, em 1964, com o objetivo de ser a casa das artes marciais num país que as respira como nenhum outro. Tornou-se também um importante espaço para shows (recebeu os Beatles, por exemplo) e eventos do governo japonês, mas nunca perdeu sua vocação esportiva.

Naquela edição dos Jogos, apenas quatro categorias (todas masculinas) foram disputadas, e em três delas o campeão foi um atleta da casa. Apenas o holandês Anton Geesink estragou a festa completa do Japão ao derrotar Akio Kaminaga na final.

O Brasil teve como seu representante em 1964 Lhofei Shiozawa (1941-2008), que vendeu o carro e alguns móveis para conseguir participar do evento. Ele terminou na quinta colocação.

Aquela edição também foi importante para o judô brasileiro por um outro motivo. Chiaki Ishii, 78, nascido no Japão, perdeu a seletiva para defender o país asiático naquele ano e decidiu migrar para o Brasil com apenas um quimono.

Oito anos depois, nos Jogos de Munique-1972, após ter trabalhado na agricultura para se sustentar, ele foi o responsável pela primeira medalha olímpica brasileira no esporte. Outras 21 viriam até hoje, tornando a modalidade a principal fonte de láureas olímpicas do país.

Beber na fonte do judô para dar continuidade a essa tradição será a missão dos brasileiros a partir deste sábado.

"Para quem se credenciar para 2020, lutar ali ajuda demais a dar confiança para as Olimpíada. Facilita no aspecto psicológico, no emocional. É o berço do judô, o Maracanã", disse o técnico Mario Tsutsui, responsável pela seleção feminina.

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