Rede na torcida irrita rivais do Palmeiras e Procon pede retirada

Clube diz que proteção é pedido da PM, que relata objetos jogados por torcedores

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São Paulo

Uma rede posicionada no setor destinado à torcida visitante do Allianz Parque tem gerado reclamações. As queixas de que a visibilidade do campo é prejudicada pela tela cresceram no último final de semana, e o Procon-SP foi acionado. O órgão estadual de defesa ao consumidor marcou uma visita ao estádio do Palmeiras na sexta-feira (16).

A tela foi instalada há cerca de um ano. A justificativa dada pelo clube é que ela serve para evitar que objetos sejam atirados na direção dos palmeirenses. Como os torcedores visitantes assistem às partidas em um setor elevado da arena, aqueles que estão na parte de baixo ficariam expostos sem alguma proteção física que impeça, por exemplo, o arremesso de copos d’água.

Incidentes desse tipo ocorreram na época em que não havia nenhuma barreira naquela área do estádio, inaugurado no final de 2014. Por causa dessas ocorrências, o clube decidiu instalar no local uma chapa de policarbonato, material transparente semelhante ao acrílico, mas ela também acabou gerando reclamações relativas à visibilidade do jogo, por causa do reflexo dos raios solares.

A saída encontrada há cerca de um ano foi a troca da chapa transparente por uma rede. Surgiram novamente, no entanto, queixas sobre a visibilidade, que chegaram ao Procon.

Visão dos torcedores do Athletico-PR de partida realizada no Allianz Parque em junho - Reprodução - 8.jun.19/Twitter

Após o empate por 2 a 2 do Palmeiras com o Bahia, no domingo, torcedores da equipe baiana – que pagaram R$ 110 por ingresso – divulgaram imagens registradas de seu espaço no Allianz Parque e aumentaram a pressão para que fosse buscada uma alternativa.

“Vi os vídeos. Realmente, parece que você está vendo o jogo com astigmatismo. Tudo embaçado”, afirmou o diretor executivo do Procon, Fernando Capez. “Pelas imagens, realmente atrapalha bastante. O Procon entende que isso diminui o valor do produto adquirido pelo consumidor. Nessa condição, o clube deveria dar um preço bem reduzido e avisar sobre a visão prejudicada.”

Para o dirigente, “a maneira mais rápida de resolver é não burocratizar: é ir lá e arrancar a rede”. Apesar da avaliação, ele diz que a relação com o Palmeiras é boa e acredita em uma solução rápida. Em uma conversa por telefone na manhã desta quarta com o presidente do clube, Maurício Galiotte, ouviu uma predisposição em fazer os ajustes necessários até a próxima partida, no dia 10 de setembro, contra o Fluminense.

Procurado, o Palmeiras disse ter “toda a intenção de resolver o problema”. De acordo com o clube, “a proteção é uma exigência do laudo de segurança da PM”. Já a Polícia Militar declarou que “elabora um laudo de segurança, na qual é exigida a adoção de medidas de proteção”, mas apontou que “compete à administração de cada estádio a instalação deste meio de proteção”.

O último laudo confeccionado, com validade de um ano, foi concluído em 23 de outubro de 2018. Assinado pelos tenentes Rafael Guimarães de Oliveira e Jéssica Regina de Oliveira, o documento detalha a então recente instalação da tela e a justifica.

De acordo com o texto, foram “registrados fatos em que os torcedores, com a finalidade de fazer provocações, arremessavam lixo ou até mesmo objetos permitidos, e 'cuspiam' nos torcedores do Palmeiras”. Os policiais relataram ainda que as placas usadas na tentativa de resolver a questão perderam a transparência com o tempo e se tornaram “um empecilho visual”.

Há no Palmeiras quem acredite que o problema seja muito específico desta época do ano e no horário próximo das 16h. Pela posição geográfica do estádio, avaliam pessoas ligadas à diretoria, é só no inverno que se dá a dificuldade. Foi no mesmo período do ano passado, dizem elas, que surgiram as reclamações da chapa de policarbonato, repetidas agora com a rede.

Posição geográfica do estádio cria o problema só no inverno, dizem pessoas ligadas à diretoria - Ernesto Rodrigues - 11.dez.14/Folhapress

Representantes do Palmeiras, da Polícia Militar e do Procon estarão na arena na sexta-feira para achar uma alternativa “que atenda ao bom senso”, palavras do diretor do Procon. Segundo a entidade, a ideia é achar uma saída sem que haja a necessidade de o clube ser notificado formalmente.

Qualquer que seja a definição, ela não afetará os eventos musicais programados para o Allianz Parque. A tela de proteção só é posicionada nos dias de jogo do Palmeiras. Não é utilizada quando a arena recebe outros eventos, como os shows de João Carlos Martins e Sandy & Júnior marcados para este mês.

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